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Saques e ataque à prefeitura marcam noite de protestos em SP

Rodrigo Alvares, de São Paulo19 de junho de 2013

Manifestações na cidade foram pacíficas durante grande parte do tempo, mas passeata no centro acabou em tumulto e saques. Força Nacional deverá ser enviada para cinco cidades que sediam Copa das Confederações.

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Foto: Nelson Almeida/AFP/Getty Images

O Brasil foi palco de novas manifestações em várias cidades brasileiras na terça-feira (18/06). As contestações, em sua maioria pacíficas, acabaram com saques e confrontos entre manifestantes e polícia em várias cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Em São Paulo, 50 mil pessoas foram às ruas. Um grupo de manifestantes tentou invadir a prefeitura, durante o sexto dia de protestos que foram iniciados contra o aumento das tarifas de ônibus da cidade. Uma semana depois, as mobilizações se voltam, entre outros motivos, contra a corrupção no Brasil, a má qualidade dos serviços públicos e os gastos, considerados excessivos, com a Copa do Mundo de futebol que o país sediará em 2014. Na segunda-feira, mais de 200 mil pessoas protestaram em todo o Brasil.

A tentativa de invasão à sede do governo municipal paulistano aconteceu pouco depois de manifestantes iniciarem uma caminhada na Praça da Sé, no centro da capital .

Depois de sair da Sé, os manifestantes se dirigiram à prefeitura. Quando a passeata chegou ao edifício, um grupo tentou invadir o local, protegido por grades de ferro. Uma pessoa jogou um boneco em chamas com o rosto do prefeito, Fernando Haddad, que não estava no local naquele momento. Outro manifestante pulou a proteção e apagou o fogo.

A partir daí, começaram as tentativas de invadir a prefeitura. Alguns líderes da mobilização se posicionaram atrás do cordão de isolamento para pedir o fim do tumulto. Em seguida, algumas pessoas empurraram e derrubaram a grade e investiram contra a porta principal, protegida por alguns guardas municipais que conseguiram impedir a invasão.

O grupo conseguiu empurrar os policiais para dentro do prédio, que neste momento estava completamente cercado pelos manifestantes. Depois de alguns minutos de tensão, um dispositivo de segurança levantou portas de ferro para trancarem o local.

Dilma Rousseff
A presidente Dilma Rousseff: manifestações comprovam "força da voz da rua"Foto: E.Sa/AFP/GettyImages

Líderes se colocavam à frente da porta para formar um cordão humano, mas foi inútil. Vidraças ficaram despedaçadas e foram feitas diversas pichações nas paredes da prefeitura. Com o fracasso da invasão, o grupo se dispersou, mas colocou fogo em um carro da TV Record perto dali. Uma guarita da Polícia Militar (PM) também foi incendiada e uma agência de banco, depredada.

Enquanto isso, milhares de manifestantes se dirigiam à Avenida Paulista. Eles chegaram por volta das 19 horas e tomaram toda a via. No final da noite, houve alguns relatos de confrontos com manifestantes.

Mais protestos foram anunciados, especialmente para quinta-feira (20/06), com marchas previstas em várias cidades do país.

"Voz da rua"

Brasilien Fußball Polizei und Nationalgarde vor Stadion von Brasilia
Força Nacional diante do estádio em BrasíliaFoto: Getty Images

Pela primeira vez desde as manifestações maciças de segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que o governo continuava comprometido com as reformas sociais no Brasil e que escutava com atenção as reivindicações dos manifestantes.

"O Brasil acordou mais forte hoje [terça-feira, 18/06]", afirmou Dilma em discurso em Brasília. "A grandeza das manifestações comprovam a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população. O caráter pacífico dos atos evidenciou também o correto tratamento dado pela segurança pública à livre manifestação popular", ressaltou.

Força Nacional

Após o novo dia de protestos por todo o país, o governo brasileiro deverá enviar a Força Nacional, um grupo de elite da polícia, para garantir a segurança de cinco das seis cidades que sediam a Copa das Confederações. A Força Nacional, formada por policiais e bombeiros de todos os estados brasileiros, atua em situações consideradas excepcionais e será enviada ao Rio de Janeiro, à Bahia, a Minas Gerais, ao Ceará e ao Distrito Federal, segundo o ministério da Justiça.

De acordo com o ministério, citado pela agência de notícias estatal Agência Brasil, "o perfil da Força Nacional é conciliador, mediador e não repressor".

Membros da Força Nacional já atuaram no último domingo (16/06) diante do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, durante o jogo entre México e Itália, dispersando, com balas de borracha e gás lacrimogêneo, manifestantes que tentavam invadir o estádio.

Demonstranten in Rio
Manifestantes no Rio de JaneiroFoto: Marcelo Camargo/ABr