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Schlager: amado e odiado

Karina Gomes
6 de julho de 2018

Música pop alemã é obrigatória no Carnaval e na Oktoberfest. Melodias sentimentais com estética brega dividem gostos, mas ficam impregnadas na mente de cada um.

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Helene Fischer: estrela do pop-brega alemão
Helene Fischer: estrela do pop-brega alemãoFoto: pictur-alliance/dpa/J. Carstensen

"Sem fôlego, noite adentro, os seus olhos me despem”. Os versos da cantora Helena Fischer embalam as noites de muitos bares alemães. A canção Atemlos durch die Nacht é apenas um dos sucessos da música popular da Alemanha. Schlager não é apenas o gênero oficial da Oktoberfest de Munique. As letras melosas e sentimentais são também mandatórias no Carnaval alemão.

Colônia, no oeste do país. É fevereiro, com temperaturas negativas, e as ruas estão lotadas de ursos, leões, médicos, caubóis e tudo mais que a criatividade para fantasias permitir. Na Zülpicher Straße, parte sul de Colônia, os bares competem para ver qual toca Schlager mais alto.

A música Viva Colonia será de longe a mais tocada. Mesmo que não saiba alemão, você vai sair cantando "Wir lieben das Leben, die Liebe und die Lust./Wir glauben an den lieben Gott und hab'n noch immer Durst ("Nós amamos a vida, o amor e o desejo./Nós acreditamos no bom Deus e ainda temos sede”).

Poucos vão admitir que gostam do ritmo dançante do Schlager, mas as melodias ficam inevitavelmente impregnadas na memória. Mesmo que odiado por muitos, o gênero é a cara da festa alemã e, ainda que irrite, garante a diversão.

Os hits contagiosos sobre relacionamentos e as mazelas do amor são populares também em outros países, dos Bálcãs à Finlândia. O estilo easy listening de estética brega reflete aspectos técnicos, sociais, políticos e culturais, transportando emoções.

Ao visitar plantações de uva na região de Ahrweiler, no estado da Renânia-Palatinado, eu e uns amigos seguimos o som do Schlager para chegar a um pequeno vilarejo. Era a festa da rainha da uva.

Na plateia, um público maduro comia salsichas embebidos nos vinhos da região. No palco, uma sósia de Helena Fischer, com pose de rainha do Schlager. De vestido rosa curto e um cabelão loiro no estilo dos anos 70, ela cantava Atemlos ao lado de um tecladista que ensaiava algumas notas sobre a gravação com sintetizadores.

"Sem fôlego, noite adentro / Até que um novo dia desperte" ficou na mente. No dia seguinte, a letra não saía da cabeça.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.

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