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Scholz fica mais perto da sucessão de Merkel

18 de outubro de 2021

Com aval de liberais, verdes e social-democratas para iniciar negociações formais em busca de uma coalizão de governo, candidato do SPD, o partido mais votado, fica um passo mais perto de ser eleito chanceler federal.

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Olaf Scholz durante evento de campanha em Münster
Olaf Scholz durante evento de campanhaFoto: picture alliance/dpa

As negociações para a formação de uma coalizão de governo na Alemanha poderão oficialmente começar. Após o Partido Social-Democrata (SPD) e o Partido Verde darem seu aval no fim de semana, o Partido Liberal Democrático (FDP) também aprovou nesta segunda-feira (18/10) o início das conversações formais entre os três partidos.

Com isso, Olaf Scholz, candidato social-democrata a chanceler federal, fica um passo mais perto de suceder a chanceler Angela Merkel na chefia de governo da Alemanha.

O SPD foi o partido mais votado nas eleições gerais de setembro, com 25,7% dos votos. O Partido Verde obteve o melhor resultado da sua história, com 14,8%, e os liberais alcançaram 11,5%.

Tradicionalmente uma coalizão de governo necessita alcançar a maioria absoluta no Parlamento (o que também garante a eleição do candidato indicado a chanceler pelo Bundestag, o Parlamento alemão), já que os partidos alemães costumam ser avessos a governos de minoria.

Se se concretizar, esta será a primeira aliança tripartidária a governar a Alemanha desde anos 1950. E esta seria a primeira vez que uma "coalizão semáforo" – assim chamada devido às cores dos partidos social-democrata (vermelho), liberal (amarelo) e verde – governaria em nível federal na Alemanha e colocaria fim aos 16 anos de governo conservador sob Merkel.

Chefiado pela chanceler federal, o governo atual é composto pela união entre o partido dela, a União Democrata Cristã (CDU), e seu partido irmão União Social Cristã (CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD). A aliança entre as duas maiores bancadas é chamada de "grande coalizão".

Os conservadores amargaram o pior resultado de sua história nas eleições de setembro, obtendo 24,1% dos votos, e uma repetição da aliança com o SPD foi, a princípio, descartada por ambos os partidos.

Verdes e liberais não descartaram completamente a opção de se aliar aos conservadores caso as negociações com o SPD fracassem, mas pesquisas apontaram que a maioria dos eleitores apoia a chamada "coalizão semáforo”, e o candidato da CDU a chanceler federal, Armin Laschet, já afirmou que vai deixar a liderança do partido.

No sábado, Laschet disse que o bloco conservador formado pela CDU e a CSU deve agora se preparar para assumir o papel de oposição no Bundestag (Parlamento), do qual está afastado desde 2005, quando Merkel se tornou chanceler.

Na manhã desta segunda, o secretário-geral do FDP, Volker Wissing, se disse confiante de que negociações de coalizão com verdes e social-democratas seriam bem-sucedidas. "O fracasso [das negociações] não é uma opção para nós", disse.

Pontes apesar das diferenças

A percepção dominante na política alemã é de que o FDP e o Partido Verde têm um eleitorado semelhante (jovem, urbano, de elevado nível educacional) e pontos em comum na política social, mas estão muito distantes entre si na política econômica.

Na fase de sondagens entre social-democratas, verdes e liberais, que antecedem as negociações formais de coalizão, os partidos concordaram preliminarmente em não aumentar impostos ou o teto da dívida pública – dois pontos defendidos pelo FDP.

Os partidos também concordaram em aumentar o salário mínimo para 12 euros por hora, o que havia sido uma das promessas de campanha do SPD.

Para os verdes, o maior ganho durante as sondagens foi a concordância em antecipar o abandono da energia a carvão de 2038 para "idealmente" 2030, mas eles abriram mão do plano de impor um limite de velocidade nas rodovias alemãs.

Segundo um documento apresentado pelos partidos na última sexta, após a conclusão das sondagens preliminares entre eles, os três estão comprometidos com a proteção climática para que a Alemanha alcance as metas estabelecidas no Acordo de Paris de 2015.

Annalena Baerbock, que foi a candidata a chanceler federal pelo Partido Verde, afirmou que, apesar das diferenças entre os partidos, foi possível "encontrar pontes" durante as intensivas sondagens. Ela afirmou que o objetivo é "garantir uma verdadeira renovação por meio de uma coalizão progressista".

"É um resultado muito bom", afirmou Scholz após a conclusão das sondagens, destacando, como pontos centrais, a modernização da Alemanha e a luta contra as mudanças climáticas.

As negociações formais de coalizão entre social-democratas, verdes e liberais podem agora durar semanas ou até meses, prolongando a permanência de Merkel na chefia de governo.

lf/as (dpa, ARD, ots)