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Schröder visita país que rasgou Cortina de Ferro

gh15 de setembro de 2004

Quinze anos depois que a Hungria abriu suas fronteiras para os alemães orientais em fuga do comunismo, a Alemanha intensifica suas relações com o país através da cooperação científica.

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Medgyessy (e) recebeu Schröder com honras militares em BudapesteFoto: AP

O chanceler federal alemão, Gehard Schöder, iniciou sua viagem à Hungria, nesta quarta-feira (15/09), com um agradecimento à "corajosa decisão húngara" de abrir a fronteira aos cidadãos da então Alemanha Oriental, em 11 de setembro de 1989. Com a intenção de estreitar suas relações bilaterais, os dois países assinaram um acordo de cooperação científica e tecnológica, em Budapeste.

A abertura da fronteira da Hungria foi o começo do fim da Cortina de Ferro e culminou na reunificação alemã. Desde então, as relações teuto-húngaras ganharam uma nova qualidade, como ressaltou o ex-presidente alemão Johannes Rau, em abril deste ano: "Temos muito a agradecer à Hungria. Se os húngaros não tivessem desativado a cerca elétrica e permitido a passagem dos alemães orientais para a Alemanha Ocidental, o Muro de Berlim talvez não tivesse caído logo depois".

Somente entre 11 e 13 de setembro de 1989, cerca de 12 mil alemães orientais fugiram para a Alemanha Ocidental através da Hungria. O decadente governo comunista em Berlim Oriental classificou a fuga em massa como "tráfico humano organizado". Antes da abertura da fronteira, Budapeste havia se transformado num enorme campo de refugiados da RDA. Nesta quinta-feira, Schröder visitará instituições filantrópicas em Budapeste, que na época acolheram os refugiados.

Gratidão econômica

O governo húngaro esperou em vão nos últimos anos um gesto de gratidão econômica da Alemanha, mas os custos da reunificação não permitiram uma reparação financeira. Apesar disso, as relações entre os dois países evoluíram positivamente, a ponto de hoje não existirem grandes divergências.

Schröder desembarcou em Budapeste com uma delegação científica e econômica, acompanhado da ministra da Educação, Edelgard Bulmahn. Depois de ser recebido pelo primeiro-minitro Peter Medgyessy (que anunciou sua renúncia no final de agosto, após uma crise de governo), encontrou-se com o socialista Ferenc Gyurcsany (provável sucessor de Medgyessy), com quem tratou do aprofundamento das relações políticas.

Parceria comercial

A Alemanha é a principal parceira comercial da Hungria, que ingressou na União Européia em 1º de maio deste ano. Desde 1989, as empresas alemãs investiram 12 bilhões de euros, ou seja, 55% dos investimentos externos atraídos pelo país, gerando mais de 200 mil empregos. Os empresários alemães, no entanto, reclamam que o excesso de burocracia atrapalha a realização de novos investimentos.

Além disso, há escassez de mão-de-obra altamente qualificada, cujos salários aumentaram cerca de 50% desde 2002. A moeda húngara, o forint, passa por uma fase de instabilidade desde 2003, situação que é agravada por previsões contraditórias sobre metas de câmbio e inflação.

Gyurcsany disse à delegação alemã que perseguirá uma política de estabilidade econômica, para que a Hungria continue sendo atrativa aos investidores estrangeiros. Apesar de reclamarem da burocracia, 54% das firmas alemãs instaladas no território húngaro se dizem satisfeitas e planejam novos investimentos. É, portanto, uma boa base para o estreitamento das relações bilaterais.