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Schumacher, de volta ao ponto de partida

Marcio Weichert30 de agosto de 2002

O GP da Bélgica deste ano está marcado pelo número 10 para o piloto alemão. Há dez anos, Schumi ganhou em Spa-Francorchamps sua primeira corrida. Se vencer domingo, será sua vitória número 10 na temporada, novo recorde.

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Foi com uma Benetton que o alemão venceu sua primeira corridaFoto: AP

"Spa-Francorchamps é de longe meu autódromo predileto", não se cansa de repetir Michael Schumacher. O pentacampeão mundial tem motivos de sobra para isto. "Claro que só tenho as melhores lembranças de Spa. Lá aconteceu tanta coisa no decorrer de minha carreira como piloto, que volto sempre com enorme prazer", acrescenta.

O circuito belga está intrinsicamente relacionado à carreira de Schumi. Foi aqui que o alemão disputou seu primeiro grande prêmio. Em 1991, um dos pilotos da Jordan (Bertrand Gachot) fora preso às vésperas do GP da Bélgica. Willi Weber, empresário de Schumacher, não perdeu tempo e sugeriu que ele assumisse o lugar.

Para emplacar, Weber não titubeou em recorrer a uma mentirinha providencial, quando Eddie Jordan quis saber se Schumacher já havia dirigido naquele circuito. O empresário disse que sim e o alemão ganhou a autorização. Aos 22 anos, o novo piloto da F-1 apanhou uma bicicleta e tratou de dar uma volta de reconhecimento pelo autódromo. No treino de classificação, o sinal de que um grande futuro estava pela frente de Schumi: o novato fez com a Jordan o sétimo melhor tempo. Na corrida, a sorte lhe faltou. Com problemas no câmbio, não terminou sua prova de estréia.

Cinco vitórias oficiais

– O que havia mostrado no treino, porém, lhe bastou para ganhar um contrato imediato na Benetton. E foi com esta escuderia que, um ano depois, em 30 de agosto de 1992, Schumacher venceria seu primeiro GP, exatamente na Bélgica, deixando para trás Nigel Mansell e Ricardo Patrese, pilotos da Williams. Schumi pusera fim a um jejum de 17 anos sem vitória de um piloto alemão na Fórmula-1.

Desde então, mais do que nunca, Spa-Francorchamps passou a ser considerado território "alemão". Devido à proximidade da fronteira alemã e até mesmo da cidade natal de Schumacher (Kerpen), todos os anos os fãs do hoje pentacampeão mundial invadem o autódromo belga para torcer por seu ídolo. E na maior parte das vezes, eles voltaram satisfeitos.

Nos oito anos seguintes, Schumi venceu mais cinco vezes, embora oficialmente só se conte quatro. Em 1994, o alemão chegou na frente, mas horas depois foi desclassificado por seu carro ter um fundo fora das regras. No ano seguinte, largou na 16ª posição para passar a história a limpo, subindo de novo no degrau mais alto do pódio. Com a Ferrari, venceu em Spa pela primeira vez em 1996. Depois ganhou ainda em 1997 e 2001, quando superou o recorde mundial de vitórias em GPs, até então de 51 do francês Alain Prost. Hoje, Schumacher soma 62.

Antigo ou obsoleto?

– Mas não é só por isto que ele gosta do autódromo belga. "É um circuito sensacional para se dirigir e rodeado por uma natureza maravilhosa", elogia o pentacampeão. Para muitos, Spa-Francorchamps tem um traçado perigoso. Para Schumacher, ele é "um dos últimos velhos circuitos, dos quais infelizmente não há mais muitos".

Opinião não compartilhada por seu irmão Ralf, da Williams: "Este autódromo está obsoleto, especialmente no que diz respeito às áreas de escape." No ano passado, a vitória de Michael Schumacher acabou ofuscada pelo grave acidente do brasileiro Luciano Burti.

Recorde ou ajuda a Rubinho?

– Apesar do pentacampeonato já assegurado, o alemão ainda tem razões para se motivar nas pistas. Apenas uma vitória lhe falta para superar o recorde de conquistas de grande prêmios numa só temporada. No momento, Schumi está empatado com Mansell, com nove vitórias.

Mas o alemão sabe que a prioridade da Ferrari é levar o brasileiro Rubens Barrichello ao segundo lugar, embora a escuderia às vezes dê margem a outras interpretações. "Nós gostaríamos muito de ver Rubens vice-campeão, mas também Michael ganhar sua décima corrida em uma temporada", afirma Ross Brawn, o estrategista-chefe da equipe italiana. No GP da Hungria, o alemão terminou em segundo, mostrando disciplina, sem forçar qualquer ultrapassagem sobre Rubinho, que liderou de ponta a ponta.

Último GP da Bélgica?

– Schumacher também tem mais motivos para eventualmente priorizar seu êxito pessoal. O todo-poderoso da F-1, Bernie Ecclestone, ameaça cortar a Bélgica do calendário dos próximos anos, pois em agosto de 2003 entra em vigor no país a proibição de publicidade de cigarros e demais produtos à base de tabaco, uma das grandes fontes de receita da Fórmula-1. "Esperamos que o problema seja resolvido, que a Bélgica adie para outubro de 2006 a entrada em vigor da lei, a exemplo dos demais países europeus", explica Max Mosley, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA).

Ou seja, esta pode ser a última corrida em Spa-Francorchamps. E nada como uma despedida por cima.