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Serviço secreto alemão é acusado de fornecer dados de telefonia para os EUA

10 de agosto de 2013

Informações repassadas por governo alemão teriam ajudado no assassinato de suspeitos de terrorismo no Afeganistão, Paquistão e Somália. Órgão diz que partilhar dados com aliados é legal. Oposição quer explicações.

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Foto: AP

A novela da cooperação entre os serviços secretos alemão e norte-americano parece estar longe da cena final. Em seu mais recente capítulo, detalhes da relação entre os dois revelam que, segundo a imprensa alemã, o presidente do Serviço Federal de Informações (BND, na sigla em alemão), Gerhard Schindler, teria autorizado o repasse de números de celulares de suspeitos de terrorismo à Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA.

Esses dados de telefonia celular podem ter sido utilizados em ataques com drones (veículos aéreos não tripulados), por exemplo, no Afeganistão, Paquistão ou Somália, visando o homicídio direcionado de suspeitos – segundo divulgaram nesta sexta-feira (09/08) o jornal alemão Süddeutsche Zeitung e o canal de televisão NDR.

"Fora do âmbito de conflitos armados, assassinatos seletivos infringem o direito internacional", observou o deputado do Partido Social-Democrata (SPD) Thomas Oppermann. Ele exige que Berlim esclareça se ocorreram operações mortais desse tipo "com base nos dados do BND, desde o decreto do Ministério do Interior de 2010".

BND nega ação ilícita

Segundo a reportagem do Süddeutsche Zeitung, Schindler teria ordenado a entrega dos dados, passando por cima de seus colaboradores. O fato teria resultado numa acalorada discussão dentro do órgão de inteligência.

O presidente do BND, porém, classifica como "legal" a divulgação de números de telefones celulares a serviços secretos aliados. "Essa prática de compartilhamento de dados acontece no BND desde 2003, 2004", comunicou um porta-voz, ressalvando que Schindler não teria ordenado especificamente a cessão dos números de suspeitos.

Sondersitzung Parlamentarisches Kontrollgremium Bundestag Berlin
Gerhard Schindler, presidente do BND desde 2011Foto: picture-alliance/dpa

Se por um lado, a prática de compartilhamento de dados não foi modificada durante a gestão de Schindler, por outro, números de celulares do sistema GSM não serviriam para buscar uma localização precisa, acrescentou o porta-voz do BND.

O GSM (Global System for Mobile Communications) é o padrão de telefonia celular mais difundido em todo o mundo. Paralelamente, já existem, na maior parte dos países, outros sistemas mais avançados, como o UMTS.

Gerhard Schindler dirige o Serviço Federal de Informações desde 2011. O órgão tem estado em evidência na mídia, por último sob a acusação de utilizar o sistema de vigilância informática da NSA, denominado XKeyscore, e de mensalmente transmitir "milhões de dados" da Alemanha para a agência norte-americana. O presidente do BND negou ambas as acusações, afirmando que em 2012 só foram cedidos à NSA os dados pessoais de dois cidadãos alemães.

AV/dpa/rtr