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Assistência perigosa

31 de agosto de 2007

Relatório divulgado em Berlim aponta graves deficiências no atendimento em asilos e a domicílio. Falta de comida e bebida, cuidados insuficientes e medicação equivocada oferecem perigo de vida aos atendidos.

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Cruel fim de vidaFoto: AP

Precisar de assistência na velhice pode representar perigo de vida na Alemanha. Isto demonstra o relatório do Serviço Médico das Caixas de Saúde alemãs (MDS), divulgado nesta sexta-feira (31/08) em Berlim. Assim, 10% dos que vivem em asilos e 5,7% dos que são atendidos em casa sofrem danos de saúde, devido a atendimento inadequado.

Do documento, que reflete o período 2004-2006, consta, por exemplo, que um entre cada três beneficiários não recebe alimento ou líquidos suficientes. Mais de um terço dos internados e 42% dos tratados em domicílio desenvolvem feridas por não terem sua posição no leito trocada com a freqüência necessária. Outros pacientes recebem tranqüilizantes sem necessidade.

O MCS constatou ainda deficiências no tratamento de pessoas com incontinência urinária ou problemas psíquicos. A má qualidade dos serviços se mostrou relativamente constante, independente da forma de atendimento (em asilo ou ambulante) ou da força financeira das instituições.

Satisfação duvidosa

O órgão alerta contudo, para que se evite o alarmismo. Seu diretor-gerente, Peter Pick, rejeita terminantemente termos como "escândalo" ou "choque da assistência". Afinal, em todos os aspectos examinados constataram-se melhorias nos últimos três anos e meio.

"As instituições de assistência a idosos realizaram esforços visíveis", ressalta o relatório. Em 2003, a cota de "condições agudamente insuficientes" nos lares para idosos era de 17,4% e de quase 9% na assistência em casa.

Alzheimerpatient
Tendência a responder com otimismo excessivoFoto: dpa

Mais positivas do que os resultados da pesquisa foram as opiniões dos beneficiários. Tanto entre internados quanto pacientes atendidos em casa, mais de 90% declararam-se satisfeitos com a assistência que recebem. Porém os autores lembram que, por um lado, as pessoas idosas tendem a se manifestar de forma positiva em pesquisas de opinião. Por outro, muitos dos entrevistados não estariam em condições de avaliar sua própria situação.

O relatório se baseou em pesquisas realizadas em 8 mil lares e serviços de assistência ambulante, além dos depoimentos quase 40 mil beneficiários. Entre outros pontos, foi testada a competência dos cuidadores de idosos, assim como as estruturas organizacionais das instituições. Na Alemanha, há um total de 22 mil instâncias de assistência à velhice.

Licença para familiares

Paralelamente à divulgação do documento da MDS, a ministra da Saúde, Ulla Schmidt, defendeu seu projeto de conceder dez dias de licença remunerada aos empregados cujos familiares necessitem de cuidados especiais em casa, além de outros seis meses de licença não remunerada.

Não se trata de férias, insistiu a ministra, mas sim de uma ajuda para filhos ou cônjuges confrontados inesperadamente com uma situação de emergência na família. Ela calcula os custos adicionais ocasionados pela medida em menos de 100 milhões de euros, a serem arcados sem problema pela caixa de assistência à velhice.

O especialista do partido conservador CDU para o assunto Willi Zylajew, classifica a estimativa como pouco realista, e fala antes em 750 milhões de euros. A Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK) também rejeitou os planos de Schmidt, por considerar os custos excessivos. (av)