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"Situação brasileira é diferente da turca"

13 de agosto de 2018

Desvalorização da moeda turca gerou temores de que crise poderia desencadear efeito dominó em mercados emergentes. Para economista, turbulência será sentida de forma apenas passageira na economia brasileira.

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Türkei Börse in Istanbul
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Pitarakis

A crise monetária na Turquia, que já derrubou o valor da lira em relação ao dólar em 40% neste ano, gerou temores de que poderia haver um efeito dominó em outros mercados emergentes, como o Brasil.

A turbulência na Turquia, que há anos sofre com crescente déficit em conta corrente e no comércio exterior, é atribuída à crescente inflação, a excessos de intervenção do governo Recep Tayyip Erdogan na economia e às tensões com os Estados Unidos. Seus efeitos já respingam em outros países emergentes.

Nesta segunda-feira (13/08), a cotação do real chegou a passar de 3,90 frente ao dólar. A preocupação em relação à Turquia foi sentida também nos mercados europeus e asiáticos.

Em entrevista à DW, o economista Marcos Troyjo, diretor do BricLab da Universidade de Columbia, nos EUA, vê o impacto no mercado brasileiro como passageiro. Segundo ele, o momento econômico é de congelamento até a primeira segunda-feira pós-eleição, e a economia brasileira está relativamente blindada para o que está ocorrendo na Turquia. 

DW: A instabilidade da economia turca teve um reforço negativo na semana passada, quando o presidente americano, Donald Trump, anunciou que iria dobrar as taxas de aço e alumínio da Turquia. Desde então, diversas bolsas operaram em queda. Isso deve continuar?

Marcos Troyjo: A imposição de sobretaxas dos EUA sobre aço e alumínio é algo que afetou muitos países. Mas a queda da economia turca não começou agora e não é só por causa das taxações dos EUA, é bom deixar claro. Há um fator geopolítico na situação turca que é mais grave, pois o governo Erdogan tomou diversas atitudes centralizadoras e isso afeta o humor de investidores internacionais. A sobretaxa da semana passada anunciada por Trump no Twitter foi apenas o torresminho do paciente que já estava com pressão alta há algum tempo.

No Brasil o movimento foi semelhante, com alta do dólar já na sexta-feira e agora novamente na segunda. Qual o impacto dessa crise no mercado brasileiro?

Todos os mercados caíram por causa dessa situação da Turquia. Existe uma apreensão natural sobre a possibilidade de a reforma tributária dos EUA provocar uma retração de investimentos, principalmente o capital de curto prazo, em economias emergentes. Mas o Brasil tem uma situação diferente em comparação com a Turquia, pois hoje temos cerca de 400 bilhões de dólares em reservas.

E isso diante das incertezas sobre as eleições de outubro...

Costumo dizer que o momento econômico brasileiro é de congelamento até a primeira segunda-feira pós-eleição. Há um tipo de investidor maior que já define antes o que vai fazer, mas os pequenos não. Tudo depende do tipo de governante que vamos escolher. Pode ser um com visão mais estatal sobre a formação de demanda ou outro mais liberal que vê reformas importantes como prioridade. Dependendo do vencedor, podemos ter um cenário muito positivo no mercado internacional, principalmente entre a eleição e janeiro, quando a expectativa do investidor deve crescer bastante sobre o novo governo.

Qual seria o caminho de uma retomada da economia já após a eleição?

O Brasil pode aproveitar esse cenário de guerra de sobretaxas e fazer negócios importantes em commodities agrícolas e minerais. Acredito que se tudo correr bem, o dólar deve ficar entre R$ 3,50 e R$ 3,70 já nos primeiros trimestres de 2019.

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