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Sob efeito Macron, França lidera ranking de "soft power"

Jane Mcintosh ip
19 de julho de 2017

França ultrapassa EUA e Reino Unido em índice de países com maior influência global não militar. Relatório cita gastronomia, cinema e museus franceses. Brasil está entre os últimos colocados.

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Bandeira da França diante da Torre Eiffel
Eleição de Macron como presidente aumentou influência da FrançaFoto: picture-alliance/dpa/P. Kneffel

De acordo com pesquisadores do índice Soft Power 30, publicado nesta terça-feira (18/07), em um ano, a França subiu do quinto para o primeiro lugarem termos de influência global não militar. Já a Alemanha caiu do quarto para o quinto durante o mesmo período.

"Sem dúvidas, o soft power [poder suave] da França ganhou impulso com a derrota da Frente Nacional e a eleição de seu mais jovem presidente, Emmanuel Macron", observaram os autores do relatório.

O Soft Power 30 não trata apenas de liderança política. Ele também faz referência ao número de restaurantes com estrelas Michelin de um país. A vasta rede diplomática da França também recebeu crédito por sua crescente influência global.

Ao observar a ascensão da França, o relatório também reconheceu ameaças à sua segurança. "A ameaça do terrorismo não impediu turistas de afluírem à França e desfrutarem de sua rica oferta cultural, de sua culinária e de seu estilo de vida. Os restaurantes franceses são inigualáveis, o cinema segue a prosperar, e seus museus e galerias estão entre os mais visitados do mundo."

Os presidentes Trump e Macron ao lado de suas mulheres, Melania e Brigitte, em Paris
Os presidentes Trump e Macron ao lado de suas mulheres, Melania e Brigitte, em ParisFoto: Reuters/C. Archambault

Usando dados e pesquisas de 25 países, a empresa de relações públicas Portland Communications, em conjunto com a escola de diplomacia pública da Universidade do Sul da Califórnia, analisou dados em seis categorias: governo, cultura, engajamento global, educação, digital e empreendimento. Também foi incluída a atratividade de um país para turistas e estudantes estrangeiros.

Na introdução, o relatório explica que o poder, no passado, era em grande parte determinado por exércitos e poderio econômico. Hoje, argumenta, ele se tornou mais difuso e também se afastou de governos enquanto que "mais atores não oficiais alavancam influência internacional", em grande parte devido à revolução digital.

Para alcançar os objetivos de política estrangeira e influenciar os resultados, os países estão incentivando a colaboração e a construção de redes e relações.

Alemanha sofre leve queda

Apesar de uma "melhor pontuação geral" e embora tenha se mantido entre os cinco primeiros lugares do ranking, a Alemanha caiu da segunda posição em 2015 para a terceira em 2016 e quarta em 2017.

O ano foi descrito como "difícil para os alemães", que tiveram que lidar com o impacto do terror, um aumento no número de imigrantes e um partido político de extrema direita.

Enquanto melhorou ou manteve sua colocação ao longo dos dados em sub-índices, a Alemanha caiu nas votações, fazendo com que o relatório fizesse uma observação para o futuro: "Todos os olhos estarão voltados para a Alemanha, que tenta reafirmar sua posição como o principal condutor da agenda da Europa."

EUA, Reino Unido e Brasil

O relatório observou um declínio no soft power dos EUA sob o governo do presidente Donald Trump. A política da "America first" teve uma má recepção no exterior, alienando aliados, e prejudicando relações com o resto do mundo", observou.

Leia mais: Tweets de Trump prejudicam "soft power" dos EUA

Enquanto o Reino Unido manteve sua segunda colocação em 2016, que havia caído do primeiro lugar no ano anterior, a decisão de deixar a União Europeia tem trazido consequências para seu soft power.

"Apesar das iminentes negociações, os ativos de soft power do Reino Unido, tanto estaduais como de propriedade privada, permanecem fortes", disse o relatório. Há, no entanto, um declínio na favorabilidade dos países europeus em relação aos britânicos.

Com vistas para o futuro, o relatório observou: "Como a União Europeia olha para além do Brexit e reitera seu compromisso com uma maior integração e cooperação, talvez o ressurgimento da 'velha Europa' – em termos de soft power – resida atualmente em ser a região mais estável e equilibrada do mundo."

"A escalada de três anos da China no ranking parece seguir em conformidade com sua presença global em constante expansão. Ao mesmo tempo, o zelo protecionista dos Estados Unidos e sua aparente retirada do cenário internacional tem feito com que o país escorregasse na lista", diz o documento. 

A China se classificou na posição de número 25, apenas um ponto à frente da Rússia, embora tenha subido dez pontos e cinco lugares desde 2015. Os piores colocados foram Rússia, República Tcheca, Hungria, Brasil e Turquia.

O gerente geral da Portland Communications para a Ásia, Jonathan McClory, é autor do Soft Power 30. Entre os colaboradores estão acadêmicos, equipes de governos anteriores e de ONGs, diplomatas e especialistas em relações públicas.

Colaboradores citados por nome incluem Moira Whelan, que trabalhou no Departamento de Estado dos EUA e Agência para o Desenvolvimento Internacional; Tomas Kroyer, do Ministério do Exterior da Argentina; a ex-diplomata britânica Victoria Dean; e Nicholas J. Cull, professor de Diplomacia Pública e diretor-fundador do programa de Mestrado em Diplomacia Pública na Universidade do Sul da Califórnia (USC).