1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Eleições em Portugal

28 de setembro de 2009

Nas eleições legislativas de Portugal, partido socialista de situação continuou a maior força, mas perdeu maioria absoluta no Parlamento. Coalizões com partidos menores de esquerda mostram-se problemáticas.

https://p.dw.com/p/JsG6
José Sócrates festejou vitóriaFoto: AP

Após a apuração de quase todas as urnas das eleições legislativas portuguesas, realizadas no domingo (27/09), o Partido Socialista (PS) do primeiro-ministro José Sócrates obteve quase 36,5% dos votos. Com 29%, o Partido Social Democrata (PSD), de orientação conservadora, manteve-se como segunda força política no Parlamento português.

Duas coligações de esquerda conseguiram, respectivamente, cerca de 10% e 8% dos votos. O partido conservador Centro Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP) confirmou sua posição de terceira maior força política, com 10% da preferência eleitoral.

Com objetividade e sobriedade

Já pouco antes do encerramento das últimas seções eleitorais na Ilha da Madeira, na noite de domingo, os prognósticos apontavam para um resultado claro: a candidata da oposição conservadora, Manuela Ferreira Leite, não conseguiria derrubar o socialista José Sócrates do cargo de primeiro-ministro de Portugal. Apesar de os socialistas terem perdido a maioria absoluta, eles ainda continuam, com grande vantagem, a maior força no Parlamento português.

Mesmo antes do final da apuração, a ex-ministra das Finanças Ferreira Leite reconheceu a derrota, com objetividade e sobriedade. "O resultado eleitoral concede a vitória ao Partido Socialista. Agradeço aos concorrentes e a todos os cidadãos que cumpriram o dever civil da participação política e de votar."

Dispostos à cooperação

Manuela Ferreira Leite Oppositionsführerin Sozialdemokraten Portugal
Manuela Ferreira Leite reconheceu derrotaFoto: AP

No entanto, não foram muitos os eleitores que decidiram ir às urnas. A participação eleitoral de 60% foi um recorde negativo histórico. Após amargas experiências com promessas eleitorais não cumpridas, miséria econômica e uma corrupção aparentemente inerradicável, muitos portugueses deram as costas à política.

Manuela Ferreira Leite iniciou sua campanha eleitoral anunciando, abertamente, um programa de austeridade. Ela expressara a intenção de parar grandes projetos de construção de aeroportos e da rede viária, como também de traçados para trens de alta velocidade entre Espanha e Portugal.

No cômputo final, a presidente do PSD não pôde melhorar o resultado de seu partido em relação às eleições de 2005. Ferreira Leite declarou que os conservadores estariam dispostos a cooperar na superação dos problemas de Portugal, mas que não abririam mão de suas convicções.

Festa socialista

Pouco antes da meia-noite de domingo, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, festejou ser o grande vitorioso das eleições, ainda que o número de votos dos socialistas tenha diminuído cerca de sete pontos percentuais em comparação com a eleição de quatro anos atrás.

Na ocasião, Sócrates disse: "O Partido Socialista teve uma extraordinária vitória eleitoral. O povo falou e falou bem claro: o PS foi de novo escolhido para governar Portugal". O secretário-geral dos socialistas afirmou ainda que os resultados eleitorais "são uma importante vitória da democracia".

No entanto, governar sem maioria própria deverá ser bem mais difícil para Sócrates. Uma ampla coalizão está fora de cogitação. Da mesma forma, uma cooperação com partidos menores mostra-se problemática. Além das diferenças de conteúdo programático, ressalvas em relação a Sócrates dificultam as negociações: há muito o atual primeiro-ministro está envolvido em acusações de corrupção.

Coligações difíceis

Portugal Wahlen Wahlsieger Jose Socrates Sozialisten
Governar ficará mais difícil para SócratesFoto: AP

Apesar disso, Sócrates anunciou negociações em ampla base. O político socialista afirmou que respeitava as instituições democráticas e que irá procurar o diálogo com todos os partidos representados no Parlamento.

Ao menos na coligação Bloco de Esquerda (BE), José Sócrates deverá encontrar grande resistência. O PS perdeu diversos eleitores para a coligação de esquerda. Eles ficaram decepcionados com a rígida política de austeridade da última legislatura, com as duras reformas e o desmantelamento do Estado social.

O BE dobrou seu número de votos. Com quase 10% do resultado eleitoral, o BE está quase no mesmo nível do partido conservador de direita (CDS-PP). Francisco Louça, coordenador do bloco do Bloco de Esquerda, afirmou que o BE alcançou seu objetivo e que "o partido é uma esquerda de alternativa que conseguiu derrotar a arrogância e o absolutismo da maioria absoluta do Partido Socialista".

A coligação entre comunistas e verdes, que obteve quase 8% dos votos nas eleições legislativas, deverá também ser um "osso duro de roer" para os socialistas: no contexto das eleições, eles anunciaram que rejeitarão uma coligação sob o comando de Sócrates. Este anunciou que continuará no seu caminho – possivelmente no comando de um gabinete de minoria.

Autor: Reinhard Spiegelhauer (ca)
Revisão: Augusto Valente