1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Solução de dois Estados é o único caminho, diz Kerry

28 de dezembro de 2016

Secretário de Estado afirma que abstenção dos EUA em reunião do Conselho de Segurança está em linha com valores do país e critica política de assentamentos do governo de Israel, "impulsionada por elementos extremistas".

https://p.dw.com/p/2UyuZ
USA Außenminister John Kerry zu Lage in Nahost
John Kerry durante discurso no Departamento de EstadoFoto: Getty Images/Z. Gibson

O secretário de Estado americano, John Kerry, defendeu nesta quarta-feira (28/12) uma solução de dois Estados como o único caminho para resolver o conflito entre israelenses e palestinos de forma duradoura e também para garantir o futuro de Israel como um Estado democrático e judeu.

As declarações foram dadas depois de os Estados Unidos se absterem na reunião do Conselho de Segurança da ONU que, na sexta-feira passada, condenou os assentamentos judaicos na Cisjordânia.

Em discurso no Departamento de Estado, em Washington, Kerry explicou a decisão dos EUA de não exercerem seu poder de veto na votação. "Esse voto tinha o objetivo de defender a solução de dois Estados", disse Kerry, acrescentando que posição adotada está "em linha com os nossos valores". A resolução foi aprovada com 14 votos a favor mais a abstenção americana.

"A ampliação dos assentamentos não tem nada que ver com a segurança de Israel", afirmou Kerry. Ele reconheceu que os assentamentos não são o principal motivo do conflito, mas afirmou que eles dificultam uma possível solução. "A solução de dois Estados é a única que pode garantir o futuro de Israel e a dignidade dos palestinos", avaliou.

Kerry também criticou o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o qual classificou como o mais direitista da história do país e com uma "agenda impulsionada pelos elementos mais extremistas". A política daí resultante, afirmou o americano, está levando na direção de um único Estado.

O secretário rejeitou as críticas de que a votação abandona Israel. "Se tivéssemos vetado a resolução, os Estados Unidos estariam autorizando ainda mais construções desenfreadas de assentamentos, aos quais nos opomos fundamentalmente", disse Kerry. "Não é esta resolução que isola Israel. É a política permanente de construção de assentamentos que arrisca tornar a paz impossível."

Netanyahu critica Kerry e Abbas se diz pronto para negociar

Netanyahu condenou o discurso do secretário de Estado dos EUA sobre o conflito israelo-palestino. O premiê israelense classificou a manifestação de Kerry como tendenciosa contra Israel e mais focada nos assentamentos do que na violência palestina.

"O que ele fez foi passar a maior parte de seu discurso culpando Israel pela falta de paz", reclamou. Ele acrescentou que "os israelenses não precisam ser ensinados por líderes estrangeiros sobre a importância de paz".

Numa declaração anterior do gabinete de Netanyahu, o primeiro-ministro disse que "assim como a resolução do Conselho de Segurança que o secretário Kerry apoiou na ONU, seu discurso desta noite foi distorcido contra Israel".

"Por mais de uma hora, Kerry, obsessivamente tratou dos assentamentos e mal tocou na raiz do conflito – a oposição palestina a um Estado judeu sob quaisquer fronteiras", finalizou.

Já o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou estar pronto para retomar as negociações de paz com Israel "dentro de um prazo específico e com base no direito internacional" caso Tel Aviv pare a construção de assentamentos.

"Se o governo israelense concordar em interromper as atividades de assentamento, incluindo em Jerusalém Oriental, e implementar acordos mutuamente assinados, a liderança palestina estará pronta para retomar as negociações", disse. Abbas também afirmou que isso incluiria uma referência à resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Na sexta-feira passada, o Conselho de Segurança da ONU aprovou pela primeira vez desde 1979 uma resolução contra a construção de assentamentos israelenses. A aprovação só foi possível graças à decisão dos Estados Unidos de não exercer seu poder de veto. Todos os outros 14 membros do Conselho votaram a favor do texto, o qual exige a suspensão imediata da atividade de assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Israel criticou fortemente a votação.

IP/efe/rtr/ap