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Sonda chinesa retorna à Terra com amostras do solo lunar

16 de dezembro de 2020

É a primeira missão espacial a trazer rochas da Lua em 44 anos. Cientistas buscam compreender melhor a história do satélite natural e a disponibilidade de recursos.

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Foto da sonda chinesa coletando amostras lunares
Sonda Chang'e-5 coletou dois quilos de amostras lunaresFoto: CNSA/Xinhua/AFP

Uma sonda chinesa carregando rochas e solo da Lua pousou em segurança na Terra no início da manhã de quinta-feira (17/12, no horário chinês), na primeira missão espacial em mais de quatro décadas para coletar amostras lunares.

A cápsula contendo cerca de dois quilos de amostras pousou no norte da China, na região da Mongólia, segundo a agência estatal de notícias do país asiático Xinhua.

A sonda Chang'e-5, que tem o nome de uma deusa lunar chinesa, havia pousado na Lua em 1º de dezembro. As amostras foram recolhidas da superfície com um braço robótico, e do subsolo com uma broca, que perfurou dois metros de profundidade para obter amostras variadas que podem datar de períodos distintos.

O material recolhido foi depois transferido para outro veículo, que decolou da Lua e enfrentou um delicado processo para se conectar, na órbita lunar, com a espaçonave que trouxe as amostras de volta à Terra.

O módulo de pouso da Chang'e 5, que ficará na Lua, é ainda capaz de fotografar e mapear o subsolo da região em torno do local de pouso e analisar a existência de água ou minerais.

Objetivo da missão

Cientistas acreditam que as amostras colhidas pela China serão valiosas para ampliar a compreensão sobre a origem do astro, a sua formação geológica e a atividade vulcânica que ocorreu em sua superfície. A última vez que amostras da Lua foram coletadas foi em 1976, na missão Luna 24, da antiga União Soviética.

Espera-se que o material coletado pela sonda chinesa seja bilhões de anos mais recente que o obtido pelos Estados Unidos e pela antiga União Soviética, e capaz de oferecer novas pistas sobre o satélite natural e outros astros do Sistema Solar.

As amostras vêm de uma parte da Lua conhecida como Oceanus Procellarum, ou Oceano de Tempestades, próximo a um lugar onde pode ter havido atividade vulcânica no passado.

O intuito é preencher uma lacuna no conhecimento sobre a história da Lua entre 1 bilhão e 3 bilhões de anos atrás, e investigar a disponibilidade de recursos úteis para as atividades espaciais humanas, como hidrogênio e oxigênio.

Corrida espacial

Com essa missão, a China se torna o terceiro país a ter coletado amostras da Lua, ao lado de Estados Unidos e da antiga União Soviética, que conquistaram o feito nas décadas de 1960 e 1970. É a terceira sonda enviada pela China ao satélite natural da Terra e a primeira a fazer a viagem de volta.

Pequim está tentando alcançar Washington e Moscou, após levar décadas para igualar a façanha de seus rivais e investir bilhões em seu programa espacial. A China colocou um homem no espaço pela primeira vez em 2003, também tornando-se a terceira nação a fazer isso.

Em 2019, a sonda chinesa Chang'e 4 foi a primeira a pousar no lado relativamente inexplorado da Lua, que não é visível a partir da Terra. Ela continua a fornecer medições completas da exposição à radiação da superfície lunar, vitais para qualquer país que planeje enviar astronautas à Lua.

Em julho passado, a China tornou-se um dos três países a lançar uma missão a Marte para buscar sinais de água no planeta vermelho. As autoridades chinesas indicaram que a nave Tianwen 1 está em curso para chegar a Marte por volta de fevereiro.

O país asiático também espera ter uma estação espacial tripulada em 2022 e no futuro enviar humanos para a Lua.

Embora os EUA sigam de perto os êxitos da China no espaço, é improvável que colaborem com o país em meio a crescentes tensões e desconfiança política, rivalidade militar e acusações de usurpação de tecnologia.

BL/ap/afp/dw