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Propaganda na TV

21 de maio de 2009

Do tédio ao cartum e o drama social, os partidos alemães têm 90 segundos para conquistar seu eleitorado para o pleito parlamentar da UE, no início de junho. Tempo apenas suficiente para mensagens bem diretas.

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Partido Verde aposta em imagens de impactoFoto: Die Grünen/Zum goldenen Hirschen

O spot da campanha eleitoral da União Social Cristã (CSU) para o Parlamento Europeu mostra o governador da Baviera, Horst Seehofer, diante de uma janela. Numa tomada de câmera estática, ele fala da crise econômica durante um minuto e 30 segundos. E sobre alívios tributários. E que a Turquia não deve ingressar na União Europeia.

O político conservador se apresenta tão durão e démodé que quase parece ser algo assim como um estilo próprio, casual. Mas após alguns segundos o cérebro do espectador se entedia e começa a divagar.

"Hora de ir ao banheiro"

Bildgalerie Jahresrückblick 2008 Oktober Deutschland
Social-cristão Seehofer aposta em si mesmoFoto: AP

Ou a CSU está com pouco dinheiro, ou confia cegamente em seu líder. Ao ponto de acreditar que, desse modo, ele seja capaz de convencer algum bávaro a dar seu voto à CSU nas eleições da UE.

"Colocar um político simplesmente falando para a câmera é algo que talvez se possa fazer com um Obama. Mas era melhor alguém ter demovido Horst Seehofer de tamanha húbris", comenta Peter Radunski, que já organizou algumas campanhas para a União Democrata Cristã (CDU), irmã da CSU.

"Além disso, os spots têm o problema de serem anunciados de antemão. Isso é, a rigor, um sinal para todo mundo: 'Agora pode ir ao banheiro, você não precisa assistir isso'."

Tubarões de cartum e drama social

Tendo isso em mente, o Partido Verde, A Esquerda, liberal-democratas (FDP) e democrata-cristãos da Alemanha não poupam gastos e apelam para todos os gêneros em sua propaganda, do filme de animação ao drama social.

Logo Europawahl 2009
'Eleições europeias – Sua decisão'

Nas quatro semanas que antecedem o pleito europeu, os spots eleitorais são transmitidos em horários minuciosamente organizados, do final da tarde até a meia-noite. E como sua duração máxima é de 90 segundos, insuficientes para expor todos os detalhes de um programa político, os partidos enviam mensagens generalizadas.

O Partido Social Democrata (SPD), por exemplo, aposta na negative campaigning, e ataca os concorrentes, mostrando-os como figuras de cartum: tubarões das finanças sorrindo traiçoeiros (FDP), secadores de cabelo – puro papo furado, "ar quente" – (A Esquerda), ou avarentos paladinos do dumping salarial (CDU/CSU). Em off, uma voz sonora aconselha: melhor mesmo votar nos social-democratas. Que mais resta?

Segurança, segurança, segurança

A CDU revida de forma clássica. A agência de publicidade que os representa, Kolle Rebbe, desenvolveu um vídeo publicitário cujo fim parece não ser outro senão veicular "segurança, segurança, segurança".

Wahl Fernsehduell Merkel Schröder Angela Merkel
Merkel e CDU: 'Nós na Europa'Foto: AP

Em tempos difíceis, no trabalho ou em casa, eleitores felizes mostram confiança na democracia cristã. E, ao fim, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, resume a mensagem: "Nós na Europa".

Segundo Christoph Hildebrand, da agência de Hamburgo, um bom spot político deve "envolver, tocar emocionalmente e entusiasmar" o espectador. Ele deve estar de acordo com o espírito do tempo. E no momento não é de bom tom "fazer falsas promessas, polarizar demais e denegrir os adversários políticos". Pois aí os cidadãos se perguntam: "Quem é que ainda se importa com os meus problemas?"

Poder relativo

A crise econômica é mesmo o foco de todos os filmes eleitorais para o Parlamento Europeu. Os verdes são os que abordam o tema da forma mais inusitada. Pois o diretor de sua agência de publicidade, Bernd Heusinger, está convencido: "Se só aparecer uma cara entediada ou uma montagem improvisada de paisagens alemãs, as pessoas mudam de canal".

Screenshots aus dem Europawahl - Spot der Grünen
Verdes: consequências da crise financeiraFoto: Die Grünen/Zum goldenen Hirschen

Uma propaganda excessivamente agressiva ou inocente demais tampouco funciona. Segundo o publicitário, hoje em dia as pessoas possuem muito mais senso crítico e experiência midiática. Assim, a primeira imagem do Partido Verde é de um robusto pai norte-americano, que fotografa sua família diante da casa própria, construída com créditos podres. Esta logo desaba e inicia uma reação em cadeia por todo o mundo.

Wichard Woyke, professor de Ciências Políticas da Universidade de Münster, admite que muitas vezes as pessoas optam pelo produto visto na publicidade, "quando não sabem o que comprar e não têm tempo de se informar".

No entanto, ele rechaça a possibilidade de que a propaganda eleitoral decida um pleito. "No máximo, em condições muito especiais, quando dois partidos se enfrentam, como no sistema dos Estados Unidos. Na Alemanha, elegem-se acima de tudo partidos, e não personalidades."

Autor: Marlis Schaum
Revisão: Roselaine Wandscheer