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STF veta possibilidade de reeleição de Maia e Alcolumbre

7 de dezembro de 2020

Maioria considera inconstitucional reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado numa mesma legislatura. Indicado por Bolsonaro, Kassio Nunes é único a votar a favor da reeleição de Alcolumbre e contra a de Maia.

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Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, seguram juntos o texto da Reforma da Previdência
Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi AlcolumbreFoto: Agencia Brasil/M. Camargo

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria, na noite deste domingo (06/12) que os atuais presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) não podem se candidatar à reeleição para os cargos em 2021.

O julgamento termina somente no fim da próxima semana, mas os votos dos 11 ministros do STF já foram incluídos em sistema virtual. Os ministros decidiram por 7 a 4 contra a reeleição de Maia, e por 6 a 5 contra a reeleição de Alcolumbre. Embora os votos já tenham sido registrados no sistema virtual, os ministros podem mudar de posicionamento até que o resultado seja proclamado.

Em julgamento esteve uma ação apresentada em agosto pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que pedia ao STF para "afastar qualquer interpretação inconstitucional" em relação à reeleição de presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. O PTB é presidido por um aliado do presidente Jair Bolsonaro, o ex-deputado Roberto Jefferson.

Votaram contra a reeleição dos presidentes de ambas a Casas os ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Luiz Fux. Já os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes votaram a favor da reeleição tanto de Maia quanto de Alcolumbre.

O ministro Kassio Nunes votou a favor da reeleição de Alcolumbre, mas contra a de Maia. Nunes foi indicado em outubro ao STF por Bolsonaro, cujo governo busca articular a saída de Maia da liderança da Câmara, mas manter Alcolumbre à frente do Senado.

Constituição proíbe reeleição

Para a maioria dos ministros, a recondução é inconstitucional. Isso porque o artigo 57 da Constituição proíbe a reeleição dos líderes das Casas, que têm mandatos de dois anos, dentro da mesma legislatura. A atual legislatura começou em fevereiro de 2019 e vai até fevereiro de 2023.

O principal argumento dos ministros que votaram a favor da recondução, entre eles o relator do caso, o ministro Gilmar Mendes, é de que o Congresso deve ter autonomia para tratar seus assuntos internos. Um parecer semelhante ao expressado previamente tanto pela Procuradoria-Geral da República quanto pela Advocacia-Geral da União.

O ministro Kassio Nunes foi o único que defendeu a tese de que a reeleição deveria ser possível apenas para candidatos que ainda não foram reeleitos – o que impediria uma nova presidência de Maia na Câmara.

Maia está em seu terceiro mandato consecutivo como presidente da Casa. Ele assumiu o posto após a renúncia do então presidente Eduardo Cunha, em setembro de 2016. Em 2017, ainda na mesma legislatura, Maia conseguiu um parecer técnico que permitiu que buscasse manter sua posição de líder da Casa. Já em 2019, em uma nova legislatura, o que é permitido pela Constituição, Maia voltou a concorrer à presidência e venceu.

Articulações para as sucessões

Caso o resultado seja confirmado no fim da próxima semana, Maia e Alcolumbre estarão impossibilitados de serem reeleitos. Para o lugar de Alcolumbre, que tinha apoio da ala governista e de parte da oposição, articuladores do governo expressaram apoio a Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso.

Já na Câmara dos Deputados, partidos do Centrão tentam alcançar um consenso em torno de um candidato alinhado com a ala governista, mas estão encontrando dificuldades em viabilizar seu nome preferido: Arthur Lira (PP-AL).

A tentativa de Bolsonaro é encontrar um candidato que derrote um possíveis nomes a serem apoiados por Maia – entre eles Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Luciano Bivar (PSL-PE) e Marcos Pereira (Republicanos-SP) – sem a necessidade de ter que fazer concessões e trocas nos ministérios.

PV/ots