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Sétimo dia de guerra: fortes ataques e condenação da ONU

3 de março de 2022

Soldados russos realizaram fortes ataques em toda a Ucrânia, matando civis e assumindo a primeira grande cidade, Kherson. Paralelamente, Assembleia Geral da ONU aprovou resolução que exige fim da invasão.

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Foto mostra o pátio interno de um prédio completamente destruído.
Cidade de Kharkiv, próxima à fronteira com a Rússia, é uma das mais bombardeadasFoto: Sergey Bobok/AFP

A quarta-feira (02/03), sétimo dia da guerra na Ucrânia, foi marcada por fortes ataques a grandes cidades ucranianas e pela Assembleia Geral da ONU, que aprovou uma resolução que exige fim invasão da Ucrânia. A decisão, no entanto, tem pouco efeito prático.

Já na madrugada, várias cidades foram atacadas pelos soldados russos por terra e ar. A mídia ucraniana reportou no começo da manhã sirenes de alerta em várias cidades, com moradores buscando refúgio em abrigos.

Mísseis de cruzeiro russos danificaram vários edifícios em Zhytomyr, incluindo um hospital, informou a agência de notícias Unian. Segundo as autoridades, pelo menos duas pessoas morreram e dez ficaram feridas. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram casas em chamas e equipes de resgate. Zhytomyr fica a cerca de 140 quilômetros a oeste da capital Kiev.

Foto mostra prédio destruído em meio a muitos escombros
Ataque destruiu vários edifícios residenciais em ZhytomyrFoto: State Emergency Service/AA/picture alliance

Pouco depois, o exército ucraniano informou que tropas aerotransportadas russas desembarcaram em Kharkiv, a segunda maior cidade do país. "Combates estão ocorrendo entre invasores e ucranianos", informou o exército pelo Telegram. 

A agência Unian disse que soldados russos atacaram um centro médico militar na cidade. Anton Gerashchenko, conselheiro do ministro do Interior ucraniano, reportou um incêndio no quartel de uma escola de aviação, após um ataque aéreo.

"Praticamente não há áreas em Kharkiv que não tenham sido atingidas por um projétil de artilharia", disse ele em um comunicado no Telegram. 

A administração da cidade disse que pelo menos 21 pessoas foram mortas em bombardeios e 112 ficaram feridas.

Kharkiv tem cerca de 1,4 milhão de pessoas e fica perto da fronteira com a Rússia. O local tem sido alvo das tropas russas desde o início da invasão.

Equipes de resgate carregam uma pessoa em uma maca.
Mias de 100 pessoas ficaram feridas em bombardeios em KharkivFoto: Sergey Bobok/AFP/Getty Images

Ainda pela manhã, o jornal The Kyiv Independent, informou que o Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia disse que as forças russas tentavam avançar em todas as direções, mas encontravam resistência dos militares ucranianos e sofriam perdas.

No decorrer do dia, a Rússia afirmou ter assumido o controle da primeira grande cidade ucraniana, Kherson, com cerca de 250 mil habitantes. A informação foi inicialmente contestada pelo governo ucraniano e pelo pentágono. No final da noite, porém, o prefeito, Igor Kolychayev, afirmou que soldados russos invadiram o prédio da administração pública da cidade. Ele apelou para que as tropas russas não atirassem em civis.

A cidade fica no Mar Negro, perto da fronteira russa ao norte da Crimeia, a península ucraniana anexada pelos russos em 2014.

"Não temos forças armadas na cidade, apenas civis e pessoas que querem viver aqui", disse o prefeito.

Veículo militar em uma rua de Kherson.
Kherson é primeira grande cidade ucraniana a ser tomada pelos russosFoto: REUTERS

Mariupol: 14 horas de ataques contínuos

Também na quarta-feira, separatistas pró-russos anunciaram ter conseguido bloquear totalmente a cidade portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia. O próximo objetivo seria tentar convencer as forças ucranianas a depor as armas e criar um corredor humanitário para que os civis possam deixar a cidade.

O prefeito de Mariupol, Wadym Boitschenko, disse que a cidade está sob constante fogo russo. Em uma entrevista nesta quarta-feira, ele afirmou que a cidade foi atacada continuamente por mais de 14 horas. Segundo as autoridades, além do porto, alvos civis também foram atacados, incluindo uma maternidade e uma escola, deixando 42 pessoa feridas. Boichenko acusou o exército russo de tentar impedir a saída de civis da cidade. 

Também há ataques em áreas onde não existe "infraestrutura militar", disse o chefe da administração militar regional, Pavlo Kyrylenko.

Mariupol é considerada estrategicamente importante porque está localizada entre a Península da Crimeia, anexada pela Rússia, e as chamadas Repúblicas Populares no Donbass, que Moscou reconheceu como independentes e onde lutam separatistas pró-Moscou. Se estivesse sob controle russo, seria mais fácil para as tropas se unirem. 

Pessoas deitadas no chão de um ginásio. Há pouca luz.
Ginásio de esportes em Mariupol serve de abrigo para mais de 2.000 pessoasFoto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance

À noite, pesados ​​ataques russos foram novamente relatados na capital Kiev. De acordo com a empresa ferroviária estatal Ukrraisnytsia, um projétil atingiu o sul da estação principal da cidade e danificou levemente o prédio.

O conselheiro do Ministério do Interior, Anton Herashchenko, disse que os destroços eram de um míssil russo abatido pela Força Aérea Ucraniana. De acordo com Herashchenko, um gasoduto de aquecimento urbano também foi danificado.

Assembleia Geral da ONU condena ataque

À tarde, a Assembleia-Geral da ONU adotou por ampla maioria uma resolução que exige o fim da ofensiva russa e a retirada imediata de suas tropas da Ucrânia, em uma poderosa demonstração de repúdio às agressões de Moscou.

Após mais de dois dias de debates, 141 dos 193 Estados-membros da Assembleia – entre estes, o Brasil – votaram a favor da resolução, que não tem efeito vinculativo, ou seja, não obriga a Rússia a segui-la.

A China foi um dos 35 países que se abstiveram, enquanto somente cinco votaram contra, entre eles Belarus.

A resolução condena nos termos mais fortes a invasão da Ucrânia pela Rússia e rechaça a decisão do presidente Vladimir Putin de colocar em alerta suas forças nucleares.

Foto mostra o salão onde ocorreu a assembleia. Há muitas pessoas sentadas. No placo, há uma mesa com três pessoa. Ao fundo, grandes telas.
Apenas cinco países votaram contra a resoluçãoFoto: Timothy A. Clary/AFP

Número de mortos e refugiados

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos informou que até está quarta-feira 752 civis haviam morrido e 525 civis haviam ficado feridos nos sete dias de guerra.

"A maioria dessas baixas foi causada pelo uso de armas explosivas, com ampla área de impacto, incluindo bombardeios de artilharia pesada e sistemas de mísseis de múltiplos disparos, além de ataques aéreos", informou o comissariado da ONU.

No comunicado, também foi anunciado que a ONU "acredita que os números reais são consideravelmente mais altos, especialmente nos últimos dias, em território controlado pelo governo, uma vez que o recebimento de informações de alguns locais onde têm ocorrido hostilidades intensas foi atrasado e muitos relatórios seguem pendentes de confirmação".

Também nesta quarta-feira, pela primeira vez desde o início da invasão, o exército russo divulgou estatísticas de soldados mortos e feridos em combate. Segundo o Ministério da Defesa, 498 militares russos morreram e 1.597 foram feridos.

Os números foram divulgados depois que o presidente da Ucrânia, Volodomir Zelenski, disse que em torno de 6 mil russos já haviam sido mortos.

O general russo Igor Konashenkov negou que ocorreram "perdas incalculáveis" e tratou os relatos do governo ucraniano como "desinformação".

A ONU também divulgou que o número de refugiados que deixaram a Ucrânia desde o início da invasão russa ao país já é de quase 875 mil. Muitos deles, porém, não desejam permanecer em países como Polônia ou Hungria. 

A quarta-feira foi marcada ainda pela invasão de caças russos ao espaço aéreo sueco, manifestações de apoio à Ucrânia e anúncios de várias empresas de que estão deixando os negócios na Rússia, entre outros temas. Confira os destaques desta quarta-feira.

le (ots)