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Tensão por refugiados chega ao extremo em cidade alemã

25 de janeiro de 2018

Cottbus, no leste da Alemanha, vive onda de incidentes violentos entre imigrantes e extremistas de direita. Em medida polêmica, autoridades locais decidem suspender novas chegadas.

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Cottbus tem 100 mil habitantes e, segundo números do final de 2017, 8.477 estrangeiros vivem na cidade
Cottbus tem 100 mil habitantes e, segundo números do final de 2017, 8.477 estrangeiros vivem na cidadeFoto: picture-alliance/dpa/P. Pleul

A cidade de Cottbus, no leste da Alemanha, se tornou palco de casos frequentes de violência entre extremistas de direita e refugiados, a ponto de as autoridades locais, numa decisão polêmica, anunciarem uma interrupção temporária nas chegadas de novos migrantes.

Inicialmente esporádicos, os confrontos – que incluem desde agressões a socos e até o uso de facas – aumentaram substancialmente desde o início do ano na segunda maior cidade do estado de Brandemburgo.

Em um dos casos, alemães entraram em um abrigo para atacar refugiados. Dias depois, três jovens refugiados atacaram um casal em frente a um centro comercial da cidade. Em outro, um alemão e um sírio entraram em confronto em uma festa de aniversário.

Devido aos acontecimentos, Brandemburgo decidiu que Cottbus não receberá mais nenhum refugiado. "A cidade mais do que cumpriu sua cota", disse o secretário do Interior, Karl-Heinz Schröter.

A cidade não é a primeira a banir refugiados: Salzgitter, Delmenhorst e Wilhelmshaven, na Baixa-Saxônia, fizeram o mesmo no ano passado, alegando não terem capacidade de integrar novos estrangeiros.

Cottbus tem 100 mil habitantes. No final de 2013, tinha mais de 2.300 estrangeiros. Quatro anos depois, após o auge da crise migratória, o número subiu para 8.477 – 50% deles refugiados. Com o crescimento, a cidade adicionará mais de 30 a 40 assistentes sociais para apoiar os refugiados.

O prefeito de Cottbus, Holger Kelch, afirmou ao Parlamento regional que algumas famílias de refugiados recusam o contato com assistentes sociais. "Os funcionários da cidade são respeitados somente se aparecem nas casas das famílias vestindo uniformes", disse, acrescentando que as mulheres não são geralmente levadas a sério.

A Caritas expressou também sua "grande preocupação" com o "desenvolvimento da violência envolvendo refugiados". Torsten Bognitz, funcionário da organização em Görlitz, advertiu que "uma grande quantidade de refugiados do bem" serão punidos por causa dos crimes cometidos por alguns imigrantes.

"A situação em Cottbus é particularmente sensível devido ao fato de que há uma cena neonazista muito bem organizada e que silencia a sociedade civil por meio da pura ameaça de violência", afirma a Associação Perspectiva das Vítimas (Verein Opferperspektive), dizendo que os conflitos aumentam constantemente desde 2015.

No último fim de semana, manifestantes de direita se reuniram no centro comercial onde um casal de alemães foi atacado para protestar contra a política migratória alemã. Não foi a primeira manifestação do tipo na cidade, mas, desta vez, ela traiu mais gente que nas anteriores. Foram 2.500 presentes, segundo organizadores. A polícia não informou um número.

Muitas pessoas temem que Cottbus se transforme em um segundo reduto  do movimento xenófobo Pegida (sigla em alemão para "Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente") como Dresden. O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de retórica antimigratória, recebeu em Cottbus, nas últimas eleições para o Parlamento alemão em novembro, 24% dos votos. A legenda participará das eleições estaduais em 2019 e pretende lançar candidatos em todos os distritos.

FC/dpa/ots

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