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Testes mostram segurança de vacina chinesa, diz Butantan

19 de outubro de 2020

Segundo instituto, resultados preliminares em estudo de fase 3 feitos no país são semelhantes aos de ensaios clínicos feitos na China. São Paulo quer começar vacinação no início do próximo ano.

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Médica segura ampola de vacina Coronavac
Mais de 9 mil voluntários fazem parte dos testes da Coronavac no BrasilFoto: picture-alliance/dpa/A. Lucas

Os resultados preliminares dos ensaios clínicos da fase 3 da vacina chinesa contra o coronavírus que estão sendo feitos no Brasil revelaram a segurança do imunizante, afirmou nesta segunda-feira (19/10) o Instituto Butantan, parceiro da farmacêutica Sinovac no país.

De acordo com o instituto, a vacina chamada Coronavac provou ser segura após a aplicação das duas doses em 9 mil voluntários no país. "As manifestações clínicas adversas são muito leves, não tivemos nenhuma manifestação clínica que tenha exigido uma atenção médica maior. Então, é um perfil de segurança muito apropriado", afirmou diretor do Butantan, Dimas Covas.

O diretor afirmou ainda que os resultados obtidos no Brasil são semelhantes ao dos ensaios clínicos da fase 3 realizados em 50 mil voluntários na China. Covas acrescentou que os dados sobre a eficácia do imunizante, porém, só serão divulgados após a vacinação de todos os 15 mil voluntários previstos no estudo.

O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse, no entanto, que a vacina parece produzir anticorpos contra o coronavírus. Covas afirmou que o governo de São Paulo pedirá a liberação do imunizante à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se ele apresentar uma eficácia de ao menos 50%.

A Sinovac é a primeira farmacêutica a divulgar resultados dos estudos em estágio avançado das atuais vacinas que estão sendo testadas contra a covid-19, colocando a China na liderança da corrida por um imunizante contra o coronavírus.

São Paulo espera receber a aprovação regulatória para a Coronavac até o final do ano para dar início a vacinação já no começo do ano que vem. A vacina deve começar a ser produzida no Brasil ainda neste mês e até dezembro e espera-se que 46 milhões de doses devem estar disponíveis.

O governo paulista disse que pretende ofertar a vacina para outros estados brasileiros e países da região após a vacinação em São Paulo, se o imunizante tiver sido aprovado.

São Paulo é o estado brasileiro mais atingido pela epidemia de covid-19, com 1.063.602 casos e 38.020 mortes. O total de infectados no território paulista supera os registrados em praticamente todos os países do mundo, exceto Estados Unidos (8,1 milhões), Índia (7,5 milhões) e Rússia (1,4 milhão). Ou seja, se São Paulo fosse um país, seria o quinto com mais casos confirmados.

A Coronavac está sendo testada em dez países. No Brasil, os estudos começaram em 21 de julho, a partir de uma parceria da Sinovac com o Instituto Butantan. Ao todo, 5.600 dos 9 mil voluntários já receberam pelo menos uma dose da vacina, em cinco estados e no Distrito Federal.

O acordo entre o Butantan e o laboratório chinês inclui também a transferência de tecnologia e a produção da vacina se sua eficácia for comprovada.

Ao menos quatro das dez vacinas que já estão na terceira fase de testes no mundo são da China. O Brasil já aprovou testes clínicos de quatro imunizantes no país. A aprovação mais recente foi para Janssen, unidade farmacêutica da Johnson & Johnson. Em 2 de junho foi autorizado o primeiro programa de testes, da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e pela farmacêutica AstraZeneca.

Em 3 de julho, a Anvisa deu aval à vacina desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. E em 21 de julho, autorizou testes clínicos de vacinas desenvolvidas pela empresa BioNTech, da Alemanha, em parceria com a Pfizer, dos Estados Unidos.

Apesar de ser um dos imunizantes mais avançados nos estudos clínicos, uma pesquisa recente mostrou que 46% dos brasileiros afirma que não tomaria uma vacina de origem chinesa. O levantamento encomendado pela emissora CNN Brasil indicou ainda que 38% dos brasileiros também rejeitam a vacina russa e 22% imunizantes do Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha.

CN/rtr/ots