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Tinga: Doll fez a diferença

Alexandre Schossler15 de maio de 2007

Volante do Borussia diz que novo técnico foi fundamental para evitar o rebaixamento da equipe, afirma que gostaria de continuar jogando na Alemanha e comenta as diferenças entre o futebol brasileiro e o alemão.

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Tinga recebe flores na sua apresentação à torcida do Borussia, em agosto de 2006Foto: AP

O volante gaúcho Tinga, 29 anos, credita a permanência do Borussia Dortmund na Primeira Divisão da Bundesliga ao trabalho do técnico Thomas Doll. Em entrevista à DW-WORLD, Tinga elogiou o treinador, que "soube ajeitar a equipe" e "melhorar a motivação dos jogadores".

Tinga é um dos principais nomes do elenco do Borussia Dortmund e chegou à Alemanha no início da atual temporada. Ele veio do Internacional, clube com o qual foi campeão da Copa Libertadores em 2006. Foi dele o gol do título na final contra o São Paulo, disputada no Beira-Rio, em Porto Alegre.

O volante afirmou ainda que gostaria de permanecer na Alemanha e comentou suas chances na seleção brasileira. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

DW-WORLD: O Borussia Dortmund venceu o clássico contra o Schalke e praticamente sepultou as chances do arqui-rival de ser campeão. Qual o clima no Dortmund depois dessa vitória?

Tinga: Ficamos felizes. Em primeiro lugar, por alcançar nosso objetivo, que era sair de vez lá de baixo e tentar brigar por uma posição para a Copa da Uefa. Depois, por ser um clássico. E também por poder diminuir as chances do Schalke de ser campeão. Matematicamente eles ainda têm chance, mas a nossa parte a gente fez.

Você sentiu uma motivação extra na equipe por ser um clássico?

Sim, isso acontece em todos os lugares, também no Brasil. Em qualquer lugar tem isso.

Dá para comparar a rivalidade entre Dortmund e Schalke com a que você conhece lá do Rio Grande do Sul, da dupla Grenal?

É a mesma coisa. Clássico não tem diferença. Em qualquer lugar é a mesma rivalidade, a mesma paixão. Aqui também é bem forte.

Quatro vitórias seguidas e a equipe saiu da zona de rebaixamento para a sétima colocação. A que se deve essa recuperação?

Depois de tantas trocas de treinador, acredito que foi por causa do novo técnico. A única coisa que mudou foi o treinador, o grupo é o mesmo desde o início da temporada. O Thomas Doll é que fez a diferença, ele conseguiu tirar o máximo de cada jogador.

Como é o trabalho com o Thomas Doll?

Ótimo. Ele conseguiu ajeitar a equipe dentro de campo, melhorar a motivação dos jogadores, elevar o moral e fazer todo mundo saber que tem condições de jogar. Recuperou a confiança de todos os jogadores e isso também facilitou as coisas.

O estilo do Doll é parecido com o de algum técnico brasileiro com quem você já tenha trabalhado?

Ele é parecido com a maioria dos técnicos com quem eu já trabalhei, incluindo o Abel Braga. O Doll é um treinador que se dá muito bem com os jogadores: brinca na hora que tem de brincar e "dá uma dura" na hora que tem de dar. A maioria dos bons técnicos brasileiros é assim, consegue ter um bom relacionamento com o jogador.

Bundesliga - Dortmund feiert - Großbild
Christian Wörns, Dedé e TingaFoto: AP



Como foi sua adaptação ao clube?

Muito boa. Não faz nem um ano que eu estou aqui e já consegui buscar o meu espaço, consegui jogar e ser titular da equipe, o que é bem difícil para o primeiro ano. Isso é importante.

Muitos jogadores brasileiros têm dificuldades com a língua ou com o frio. Como foi no seu caso?

Foi um pouco mais fácil porque eu já tinha alguma experiência de ter jogado no exterior. Mas a maior dificuldade está dentro de campo, o futebol na Alemanha é diferente, é mais forte e mais rápido do que no Brasil.

Qual a principal diferença? O futebol alemão tem mais "pegada"?

Sim. Há menos faltas, diminui mais os espaços. No Brasil tem muito mais espaço para jogar, você joga mais livre. Aqui você não fica nunca livre, sempre tem alguém perto.

Mesmo comparando com o futebol gaúcho?

O futebol gaúcho se aproxima mais do alemão, mas mesmo assim ainda é diferente. Mas existe essa proximidade, por isso todos os jogadores do sul do Brasil têm facilidade para se adaptar na Europa, não só na Alemanha. Há vários jogadores gaúchos que se deram bem na Europa.

E como está a sua vida aqui?

Eu adoro a Alemanha. Minha esposa ama a cidade. É muito tranqüilo, seguro e organizado. É um bom lugar para viver com a família e os filhos.

Você tem saudades do Brasil?

Sim, da família. Mas para trabalhar, aqui é muito melhor.

Você pretende continuar aqui?

Se depender de mim e continuar como está, sim. Eu gosto de jogar. Se o time continuar bem e eu continuar jogando, a tendência é ficar por aqui ainda muito tempo.

Bundesliga 9. Spieltag 1. FC Nürnberg gegen Borussia Dortmund
Alexander Frei (e) e Nelson Valdez abraçam TingaFoto: AP

Clubes brasileiros já manifestaram interesse em levá-lo de volta para o Brasil. Como você vê isso?

No momento, eu não quero voltar. No Brasil, todo mundo quer vir para cá, e eu quero ficar aqui.

Você tem contato com outros jogadores brasileiros que estão aqui?

Sim, nós nos damos muito bem. Principalmente o pessoal do Schalke, são todos meus amigos, já jantamos juntos. E no Borussia tem o Dedé, que já é quase irmão, estamos juntos todos os dias.

Você acompanhou a final do Mundial de Clubes? Para quem você torceu? Para o Internacional ou para o seu amigo Ronaldinho?

Eu não vi o jogo, estava num avião para o Brasil. Torci para o Internacional, para confirmar um título rumo ao qual eu tinha meio caminho andado. Afinal, só se chega no Mundial ganhando a Libertadores. Fiz parte daquele grupo. Fiquei feliz com a vitória. Eu trabalhei com o grupo e o conhecia muito bem.

O Dunga convocou você para dois amistosos. Como você vê as suas chances na seleção?

Sinceramente, eu nunca fui um jogador bitolado por jogar na seleção. Acho legal, mas sou muito tranqüilo em relação a isso. Se me chamarem, eu vou, é a seleção. Claro que sempre tive vontade de um dia vestir a camisa da seleção. Até porque, se tu vais uma vez para a seleção, tu és seleção para o resto da vida. E eu já consegui isso em 2002. A seleção traz um respeito muito grande para o jogador, mas eu não sou bitolado por isso. Mas estou à disposição [do técnico], como todos os outros jogadores. Se for necessário jogar, nós jogamos e fazemos o que tem de ser feito.