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Tribunal amplia acusações contra Milosevic

Estelina Farias29 de outubro de 2001

Ex-ditador iugoslavo insiste que Tribunal da ONU seria ilegal, considera acusações injustas e rejeita advogados de defesa.

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O Tribunal Penal Internacional sobre crimes de guerra cometidos na antiga Iugoslávia ampliou as acusações contra o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic. O ditador destituído há mais de um ano será julgado também pelas crueldades de suas tropas na Croácia, mais crimes cometidos em Kosovo, estupros de mulheres albaneses por soldados sérvios, em 1999, e também por transferência de cadáveres de Kosovo para valas comuns na Sérvia.

É a primeira acusação contra Milosevic por causa da guerra de 1991 a 1995 que levou à independência da Croácia. Os sérvios já tinham usado o estupro como arma na guerra de independência da Bósnia.

Milosevic voltou a declarar o Tribunal ilegal em sua terceira aparição na corte em Haia, na Holanda, e recusou-se a cooperar com a corte. "Só o texto do libelo mostra que as acusações são falsas", disse ele, após ouvir a leitura do texto da Promotoria Pública. Antes, o ex-homem forte dos Bálcãs tinha se recusado a ler o libelo.

Milosevic não contratou defensores e rejeitou os três advogados independentes engajados pelo Tribunal – um sérvio, um britânico e um holandês. Estes apresentaram uma petição em que questionam a legitimidade da corte. Mesmo assim, Milosevic não mostrou interesse e os rejeitou.

O ex-ditador argumentou que só está sendo processo porque teria defendido o seu povo "contra o terrorismo". Como das outras duas vezes, ele mostrou-se desinteressado. Enquanto as acusações formuladas em dois anos eram lidas, Milosevic brincava com a sua xícara de café e quando tentou fazer um novo discurso, o presidente do Tribunal, Richard May, o mandou calar a boca. O julgamento deverá começar só em 2002.

Acusações - A chefe da Promotoria, Carla del Ponte, acusou o ex-ditador de crimes contra a humanidade. Ela apresentou duas queixas-crime contra ele por causa das crueldades cometidas pelas tropas sérvias: uma se refere à campanha em Kosovo, em 1998 e 1999, e outra à guerra na Croácia, de 1991 a 1995. O ex-ditador é responsabilizado pela deportação de 800 mil albano-kosovares e ataques contra mesquitas albanesas.

A acusação responsabiliza Milosevic e seus comandantes pela organização e realização de uma campanha sistemática e arbitrária de violência e terror contra civis da maioria albanesa na província sérvia de Kosovo. A política de deportação e mortes de albano-kosovares praticada pelos sérvios foi encerrada com os bombardeios maciços da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), liderados pelos Estados Unidos, em 1999, na Iugoslávia.