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PolíticaMianmar

Tribunal de Mianmar impõe mais seis anos de prisão a Suu Kyi

16 de agosto de 2022

Líder deposta por golpe militar está presa desde fevereiro de 2021. Até agora, penas somam 17 anos de prisão. Estados Unidos e União Europeia condenam decisão e pedem liberdade imediata da vencedora do Nobel da Paz.

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Aung San Suu Kyi
Suu Kyi, de 77 anos, é filha do herói da independência do país Foto: Ann Wang/REUTERS

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, condenou nesta segunda-feira (15/08) a sentença "injusta" de mais seis anos de prisão imposta por um tribunal militar de Mianmar à líder deposta e vencedora do Prêmio da Paz Aung San Suu Kyi.

"Condeno a injusta sentença de Aung San Suu Kyi a mais seis anos de prisão e exorto o regime de Mianmar a libertá-la imediata e incondicionalmente, assim como o resto dos presos políticos, e respeitar a vontade do povo", escreveu Borrell no Twitter.

A condenação de Suu Kyi também foi criticada pelo governo dos Estados Unidos, que considerou a decisão "uma afronta à Justiça e ao Estado de direito".

Um porta-voz do Departamento de Estado apelou à "libertação imediata de Aung San Suu Kyi e de todos os que foram injustamente detidos, nomeadamente os representantes democraticamente eleitos".

Suu Kyi foi condenada a mais seis anos de prisão por supostos casos de corrupção, depois de ser julgada a portas fechadas por um tribunal controlado pelos militares golpistas na capital, Naypyidaw. Os advogados dela estão proibidos de falar com a imprensa e organizações internacionais.

A pena se soma a outros 11 anos de prisão a que Suu Kyi já havia sido condenada desde que o general Min Aung Hlaing tomou o poder através de um golpe militar em 1º de fevereiro de 2021, alegando fraudes nas eleições de 2020 sem nunca apresentar provas. Poucas horas depois, Suu Kyi foi presa, pondo fim a uma década de transição democrática em Mianmar.

Homem segura cartaz pedindo a liberdade de Suu Kyi
Após a prisão de Suu Kyi no ano passado, protestos em várias partes do mundo pediram sua liberdadeFoto: May James/ZUMA Wire/picture alliance

O golpe mergulhou Mianmar em uma profunda crise política, social e econômica e abriu uma espiral de violência com novas milícias civis que exacerbaram a guerra de guerrilhas que o país vive há décadas.

Cerca de 15 mil pessoas foram detidas e pelo menos 2.189 pessoas morreram como resultado da repressão brutal da polícia e de militares, que chegaram ao ponto de atirar para matar manifestantes pacíficos e desarmados, segundo dados coletados pela ONG local Associação para Assistência de Presos Políticos.

De que Suu Kyi é acusada

A junta militar que governa Mianmar após o golpe acusa Suu Kyi de provocar perdas para o Estado de mais de 24,2 bilhões de kyats (11,3 milhões de euros) por ceder terrenos públicos a preços baixos à Fundação Daw Khin Kyi, que leva o nome da mãe de Suu Kyi.

A ex-dirigente é acusada também de diversas infrações, como violação de uma lei sobre segredos de Estado que data do período colonial, fraude eleitoral, sedição e corrupção.

Vários observadores internacionais, no entanto, afirmam que os processos são motivados apenas por questões políticas e visam afastar definitivamente da política Suu Kyi, vencedora das eleições de 2015 e 2020.

Além de Suu Kyi, vários políticos próximos a ela foram condenados a penas pesadas. Um antigo deputado do seu partido foi executado em julho e três outros militantes pró-democracia foram condenados à morte.

Suu Kyi, de 77 anos, é filha do herói da independência do país e passou mais de 15 anos em prisão domiciliar sob o regime de ditaduras militares anteriores em Mianmar. 

le (epd, Reuters, AFP, Lusa, EFE)