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Encerrado julgamento do atirador de Utøya

22 de junho de 2012

Apesar de admitir autoria dos atentados, Anders Behring Breivik não se diz culpado pela morte das 77 pessoas. Segundo ele, a "barbárie" era necessária para "salvar" seu país do multiculturalismo.

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Foto: Reuters

Terminou nesta sexta-feira (22/06), no Tribunal de Oslo, o julgamento de Anders Behring Breivinik, autor confesso de dois atentados na Noruega que mataram 77 pessoas, em julho do ano passado. O processo começou a ser julgado em 16 de abril. O veredicto, porém, só será conhecido em 24 de agosto próximo.

Durante 45 minutos, no último dia do julgamento, Breivik voltou a dizer que os atentados eram "necessários" para defender a Noruega de um "inferno multicultural" e da "invasão islâmica". "Os ataques de 22 de julho foram ataques preventivos na defesa do meu grupo étnico e por isso eu não posso admitir culpa. Estava agindo em nome de meu povo, minha religião e do meu país, portanto exijo ser absolvido", declarou o extremista de 33 anos.

Em 22 de julho de 2011, Breivik explodiu um carro-bomba diante de prédios do governo em Oslo, matando oito pessoas. Em seguida ele dirigiu-se à Ilha de Utøya, a noroeste da capital, onde abriu fogo sobre um acampamento de adolescentes, matando 69 pessoas, a mais jovem das quais acabara de completar 14 anos.

"Pequena barbárie"

Em seu discurso, marcado por ideologia de extrema direita, Breivik ainda criticou seriados norte-americanos de televisão como Sex in the City que estariam incentivando mulheres a não estabelecer famílias e a participação de cantores de origem estrangeira representando a Noruega no concurso europeu de música Eurovisão.

"Os juízes que aqui estão hoje podem me julgar como me quiserem, mas a história vai mostrar se eles estão julgando um homem que tentou impedir o mal", disse Breivik, encarando o júri e insistindo ter realizado uma "pequena barbárie para barrar uma grande barbárie".

Ele voltou a afirmar que estava "consciente" quando realizou os atentados. "De todas as 37 pessoas que me avaliaram, 35 não encontraram nenhum sintoma em mim. Então está claro em que vocês deveriam focar", disse Breivik.

"Ouvi-lo falar dá nojo"

O principal advogado do extremista de direita, Geir Lippestad, rejeitou a exigência da acusação de que ele seja internado numa instituição psiquiátrica. Em vez disso, o autor confesso dos crimes deveria receber a pena de prisão "mais branda possível", pleiteou o defensor. Embora não haja qualquer chance de Breivik ser absolvido, Lippestad é formalmente obrigado a requerer sua libertação, já que ele alegou ser inocente.

Advogado de defesa Geir Lippestad
Advogado de defesa Geir LippestadFoto: dapd

Mais de 30 pessoas, entre elas sobreviventes e familiares das vítimas, se levantaram e deixaram a sala do tribunal em Oslo quando o juiz Wenche Arntzen passou a palavra a Breivik, a fim de que fizesse suas considerações finais.

"Ele tem o direito de falar, nós não temos a obrigação de ouvir", disse Christian Bjelland, vice-presidente do grupo de apoio a sobreviventes e parentes das vítimas. "Ouvi-lo nos dá nojo, por isso muitos de nós vamos sair calma e silenciosamente da sala, quando ele tiver a chance de falar", afirmou Bjelland pouco antes do ato de protesto.

MSB/afp/dpa/lusa
Revisão: Augusto Valente