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Trump condiciona proteção de "dreamers" a muro

9 de outubro de 2017

Presidente americano divulga exigências para política migratória que devem servir de base para negociar estatuto de jovens imigrantes ilegais. Lista inclui financiamento e construção de muro na fronteira com o México.

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Protesto contra o fim do programa Daca, que protege os chamados "dreamers", em Los Angeles
Protesto em Los Angeles contra o fim do programa Daca, que protege os chamados "dreamers"Foto: picture-alliance/NurPhoto/R. Tony

O governo dos Estados Unidos apresentou neste domingo (08/10) uma lista de exigências severas para a política de imigração. A lista é a condição imposta pelo presidente americano, Donald Trump, ao Partido Democrata para negociações sobre a regulamentação da permanência no país de centenas de milhares de jovens imigrantes ilegais que foram levados ilegalmente aos EUA quando crianças.

Os itens da lista de Trump, que foi divulgada de forma surpreendente durante o fim de semana nos EUA, incluem o financiamento e construção completa de um muro na fronteira com o México – sua promessa de campanha – e uma reforma no sistema do chamado green card  (visto de residência permanente).

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Numa carta endereçada ao Congresso e divulgada no domingo à noite (horário local), Trump disse que as prioridades apresentadas em sua lista eram resultado de "uma revisão de todas as políticas de imigração", que ele havia ordenado "para determinar que reformas legislativas são essenciais para a segurança econômica e nacional da América".

A lista de Trump deve servir de base para negociações sobre o destino de quase 700 mil jovens imigrantes que foram levados de maneira ilegal aos Estados Unidos pelos pais. Em 2012, o  ex-presidente democrata Barack Obama havia concedido um estatuto de proteção a esse grupo conhecido como "dreamers" (sonhadores).

O programa conhecido como Daca (Deferred Action for Childhood Arrivals) previa o adiamento da deportação desses imigrantes, assim como lhes dava o direito de trabalhar legalmente no país. A medida foi anulada por Trump no mês passado.

Na carta ao Congresso, Trump destacou a necessidade de reformas em relação ao Daca. "Sem essas reformas, a imigração ilegal e a 'migração de corrente' [na qual imigrantes seguem aqueles que já se estabeleceram num determinado país] não terão fim, o que sobrecarrega severamente os trabalhadores e contribuintes americanos", escreveu.

O presidente americano delegou ao Congresso a tarefa de encontrar, em seis meses, uma nova regulamentação para o Daca. A revisão das regras do green card, por sua vez, limitaria o concedimento dos vistos de residência permanente a esposas e crianças menores de idade, filhos de cidadãos americanos, e a residentes permanentes legais como parte de um esforço para acabar com a chamada "migração de corrente".

O presidente republicano também quer impor regras mais severas para diminuir o fluxo de menores desacompanhados oriundos da Guatemala, de El Salvador e de Honduras. Esses menores são enviados pelos pais aos EUA por temores de violência em seus países de origem.

Acordo difícil

As prioridades de Trump também incluem contratar 10 mil agentes para o Escritório de Controle de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), facilitar a deportação de membros de gangues e crianças desacompanhadas, assim como uma revisão do sistema de asilo.

O presidente também quer novas medidas para acabar com as chamadas "cidades-santuário", que não compartilham informações com autoridades de imigração federais. Não está claro, ainda, se Trump considera os pontos da lista inegociáveis ou se se trata de uma base de negociação.

Os membros democratas do Congresso esperavam fechar um acordo com Trump que permitisse a permanência dos jovens imigrantes nos Estados Unidos. A lista divulgada pelo presidente, porém, poderá colocar um acordo em risco. Muitos dos itens – como a construção do muro na fronteira sul com o México – haviam sido rechaçados explicitamente por congressistas democratas.

Numa declaração conjunta divulgada também no domingo, os líderes democratas no Congresso, Nancy Pelosi e Chuck Schumer, disseram que as propostas de Trump "falharam em representar qualquer tentativa de acordo". "O governo não pode estar falando sério sobre um acordo ou ajuda aos dreamers se eles começam com uma lista que é contrária aos dreamers, à comunidade de imigrantes e à vasta maioria dos americanos", afirmaram os democratas.

RK/dpa/ap