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Trump critica cerco dos promotores após denúncias

8 de dezembro de 2018

Presidente ignora o fato de ter sido diretamente acusado de tentar comprar o silêncio de duas ex-amantes e aponta falta de provas sobre um suposto conluio de sua campanha com a Rússia.

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Trump parece se sentir acuado, enquanto avançam as investigações do procurador especial Robert Mueller
Trump parece se sentir acuado, enquanto avançam as investigações do procurador especial Robert MuellerFoto: Reuters/E. Thayer

Um dia após promotores entregarem à Justiça americana requerimentos oficiais que revelam, que Michael Cohen, ex-advogado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou em contato com intermediários russos durante a campanha à presidência, líder americano voltou a criticar neste sábado (08/12) a falta de provas sobre uma suposta ingerência da Rússia.

"Depois de dois anos e milhões de páginas de documentos (e um custo de mais de 30 milhões de dólares), não há conluio", disse o presidente em seu perfil no Twitter. Apesar de os documentos judiciais não apresentarem evidências reais de envolvimento da Rússia na campanha republicana, eles forneceram informações sobre o foco das investigações do procurador especial Robert Mueller, que examina a suposta ingerência russa nas eleições americanas de 2016.

O presidente, porém, parece se sentir acuado, após os promotores federais o implicarem diretamente nos esforços para comprar o silêncio de duas mulheres que alegam terem mantido relações com ele. Cohen teria feito a intermediação dos pagamentos em nome do então candidato à presidência.

"Em respeito aos dois pagamentos, Cohen agiu com a intenção de influenciar as eleições presidenciais de 2016", afirmam os promotores do estado de Nova York. "Segundo o próprio Cohen agora admite, ele agiu em coordenação e sob a direção do indivíduo 1", afirmaram. O termo "indivíduo 1" se refere a Donald Trump.

Tecnicamente, esse pagamentos não estariam relacionados às investigações sobre o envolvimento da Rússia. Os promotores, porém, detalharam a "conduta criminosa grave, extensa e deliberada" do advogado, que já integrou o círculo de colaboradores mais próximos do presidente. "Cohen ludibriou os eleitores ao ocultar supostos fatos que acreditava que teriam efeito substancial nas eleições", dizem os promotores.

Em agosto, Cohen se declarou culpado de oito crimes federais que incluíam evasão de dinheiro e violações das leis de financiamento de campanha, além de admitir ter agido para silenciar as duas supostas amantes de Trump.

Na semana passada, o advogado admitiu ter mentido ao Congresso americano sobre negociações envolvendo um projeto imobiliário de seu ex-cliente na Rússia.

A suposta aproximação de colaboradores de Trump com a Rússia foi mencionada em vários dos requerimentos submetidos à Justiça americana pelos promotores e por Mueller.

Cohen disse aos promotores que durante conversações sobre a possível construção de um hotel de Trump em Moscou, ele foi interpelado em 2015 por um cidadão russo não identificado que alegava ser uma "pessoa de confiança na Federação Russa".

O procurador especial Robert Mueller, que investiga uma suposta ingerência russa nas eleições americanas de 2016
O procurador especial Robert Mueller, que investiga uma suposta ingerência russa nas eleições americanas de 2016Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Harnik

O individuo ofereceu "sinergia em nível governamental" com a campanha de Trump à presidência e a promoção de um encontro do bilionário americano com o presidente russo, Vladimir Putin. O advogado, entretanto, disse que não deu continuação ao contato com o russo.

Nos requerimentos jurídicos, Mueller afirma que as discussões sobre os contatos com Moscou são relevantes para a sua investigação, uma vez que ocorreram "em uma época de esforços substanciais por parte do governo russo para interferir nas eleições presidenciais" de 2016.

Documentos recentes das investigações de Mueller sugerem que a Casa Branca sabia que Cohen planejava mentir aos parlamentares americanos sobre seus contatos com a Rússia.

O advogado deverá ser sentenciado na próxima semana. Devido à sua ajuda "relevante" e "substancial" às investigações, o procurador especial não quis recomendar a duração de sua pena de prisão, mas especula-se que ele deverá passar entre quatro e cinco anos atrás das grades.

Em outro documento enviado à corte nesta sexta-feira, a equipe de Mueller afirma que o ex-chefe da campanha de Trump Paul Manafort mentiu aos investigadores sobre suas interações com indivíduaos russos associados aos serviços de inteligência de Moscou. O procurador especial cancelou um acordo jurídico com o acusado, que em setembro se declarou culpado em duas acusações e aceitou cooperar com as autoridades na tentativa de receber uma pena mais leve. 

O rompimento dos termos do acordo judicial poderá render a Manafort uma pena maior do que os dez anos de prisão que eram previstos para o veterano colaborador do Partido Republicano. Suas condenações, na maioria, são relacionadas a seus trabalhos com políticos pró-Rússia na Ucrânia entre 2004 e 2014.

RC/afp/rtr

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