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Trump endurece tom contra migrantes latinos

2 de novembro de 2018

Presidente dos EUA ameaça com prisões em larga escala e eliminação de direitos e diz que militares na fronteira devem abrir fogo se forem agredidos com pedras.

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"Isso é uma invasão", afirmou o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as caravanas de migrantes
"Isso é uma invasão", afirmou o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as caravanas de migrantesFoto: picture alliance/newscom/K. Dietsch

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (01/11) que deverá assinar na próxima semana uma ordem executiva para reprimir a imigração e eliminar direitos dos que entrarem ilegalmente no país.

Segundo Trump, a nova ordem poderá resultar na prisão em larga escala de migrantes que cruzarem ilegalmente a fronteira americana, além de proibir essas pessoas de pedirem refúgio nos EUA. As duas propostas, que surgem na reta final para as eleições legislativas de novembro, são questionáveis em termos legais.

O presidente afirmou não vai tolerar nenhum ato de violência contra as forças americanas na fronteira e orientou os militares a reagir a possíveis agressões por parte dos migrantes. "Quando jogarem pedras, como fizeram contra os militares e a polícia do México, considerem como se fossem fuzis." "Isso é uma invasão", afirmou o presidente americano.

Nos últimos dias, Trump vem endurecendo a retórica anti-imigração, utilizando as caravanas de migrantes que se dirigem à fronteira do México com os EUA para tentar mobilizar a base republicana antes das eleições legislativas de meio de mandato. O pleito, marcado para 6 de novembro, poderá resultar numa transformação do cenário político do país, com um possível avanço da oposição democrata no Congresso.

O presidente não forneceu detalhes sobre sua estratégia para remodelar o sistema de refúgio e asilo do país, que ele afirmou sofrer "abusos endêmicos". As leis de imigração estabelecem que migrantes podem pedir refúgio nos Estados Unidos durante a travessia de fronteira, mas o presidente quer que isso se limite aos pontos oficiais de controle. Ele disse ainda que o governo deverá construir "enormes barracões" para compensar a falta de centros de detenção de migrantes em larga escala.

Trump também afirmou que cogita reforçar o contingente militar na fronteira com envio de até 15 mil soldados, praticamente o dobro do que o Pentágono havia planejado, e ameaçou ainda remover o direito à cidadania dos filhos de imigrantes que nascerem em solo americano. A legalidade dessa medida foi muito contestada.

Alguns críticos afirmam que o discurso do presidente visa apenas agradar os eleitores republicanos, uma vez que ele não especificou quais mecanismos devem ser empregados para colocar essas medidas em prática.

Os migrantes que atravessam a fronteira ilegalmente e que acabam presos muitas vezes pedem refúgio ou alguma outra forma de proteção às autoridades americanas. Nos últimos anos, esses pedidos aumentaram significativamente, com mais de 800 mil casos aguardando decisão judicial. Em média, apenas 20% dos pedidos são aprovados.

Em 2017, o governo americano registrou mais de 330 mil pedidos, quase o dobro do registrado dois anos antes. Alguns membros do governo americano criticaram o que chamaram de brechas legais, que, segundo eles, encorajam as pessoas, especialmente da América Central, a migrar para os EUA.

Mas, mesmo com a campanha anti-imigração do presidente, não se sabe ao certo quantas pessoas integram as caravanas rumo aos EUA. Há quatro grupos se dirigindo para o país. O maior deles, com 4 mil pessoas – número reduzido em relação às 7 mil que marchavam inicialmente –, se encontra no sul do México, a centenas de quilômetros da fronteira.

Outra caravana, com cerca de mil pessoas, segue a mais de 300 quilômetros atrás da primeira. Um terceiro grupo, com cerca de 500 migrantes que partiram de El Salvador, atravessa no momento a Guatemala. Outras 700 pessoas iniciaram sua marcha na capital salvadorenha na última quarta-feira.

RC/ap/dpa

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