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Trump sabia da pressão sobre a Ucrânia, diz empresário

16 de janeiro de 2020

Lev Parnas, antigo colaborador do advogado de Trump, confirma em entrevistas que o presidente estava envolvido na pressão por investigação de Joe Biden na Ucrânia, imposta como condição para repasse de ajuda ao país.

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Silhueta de Donald Trump contra bandeira dos Estados Unidos
Foto: Getty Images/AFP/S. Loeb

O empresário Lev Parnas, um antigo colaborador de Rudy Giuliani, advogado do presidente Donald Trump, afirmou em entrevistas nesta quarta-feira (15/01) que o mandatário republicano estava diretamente envolvido nos esforços para pressionar a Ucrânia a investigar o pré-candidato democrata Joe Biden.

Segundo Parnas, em maio, entregou um ultimato, a pedido de Giuliani, ao futuro presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, de que nenhum representante do governo americano participaria de sua cerimônia de posse e que a ajuda militar americana seria retida se não houvesse o anúncio de uma investigação sobre Biden e seu filho, Hunter.

"Trump sabia exatamente o que estava acontecendo", assegurou o empresário nascido na antiga União Soviética, hoje Ucrânia, e naturalizado americano. "Ele estava ciente de todos os meus movimentos. Eu não faria nada sem o consentimento de Rudy Giuliani ou do presidente", declarou à emissora MSNBC.

As declarações de Parnas contradizem uma tese central dos republicanos na defesa de Trump: de que não houve quid pro quo, ou seja, que Trump não condicionou o repasse de ajuda militar à Ucrânia a uma investigação das atividades de Biden no país.

Nesta quinta-feira, a tese foi ainda mais enfraquecida, depois de a agência independente de Prestação de Contas do Governo dos EUA declarar que um departamento da Casa Branca violou a lei federal ao reter fundos para a Ucrânia "por razões políticas", e não por necessidades orçamentais técnicas.

A agência deu, assim, razão ao argumento dos democratas, que acusam Trump de ter colocado os seus interesses políticos (a investigação de um seu adversário político) sobre os interesses do país (ajudar a Ucrânia a combater a invasão russa no leste ucraniano). "A execução fiel da lei não permite que o presidente coloque suas próprias prioridades políticas no lugar do que o Congresso promulgou em lei", declarou a agência.

Empresário Lev Parnas
Declarações de Lev Parnas confirmam "quid pro quo"Foto: imago images/UPI Photo/J. Angelillo

Parnas, de origem ucraniana e naturalizado americano, foi detido em outubro ao lado do bielorrusso Igor Fruman, também naturalizado americano, com um bilhete de ida para Viena no aeroporto de Dulles, nas proximidades de Washington.

Ambos são acusados por promotores de Nova York de participar de atividades irregulares de financiamento de campanhas eleitorais. Promotores afirmam que eles fizeram doações a campanhas republicanas depois de receberem milhões de dólares vindos da Rússia. Ambos se declararam inocentes.

Em prisão domiciliar, à espera de julgamento, Parnas assegurou ao New York Times que se arrepende de ter confiado em Giuliani e que "acreditava que estava sendo um patriota e ajudando o presidente".

No dia seguinte ao que Parnas disse ter entregado o ultimato, o Departamento de Estado anunciou que o vice-presidente Mike Pence não participaria mais da cerimônia de posse de Zelenski. Parnas declarou que Trump ordenou a Pence que não fosse para enviar uma mensagem clara à nova administração do país, de que deveria levar o pedido de investigação a sério.

Processo está no Senado

Nesta quarta-feira, o Senado dos Estados Unidos recebeu formalmente o processo de impeachment de Trump, passo necessário para o julgamento marcado para começar na próxima terça-feira.

Os "promotores" do impeachment, recém-nomeados pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, entregaram as acusações contra Trump ao Senado, depois de uma coreografada procissão pelos corredores do Capitólio.

O líder do Senado, Mitch McConnell, convocará o presidente da Suprema Corte, John Roberts, que chefiará o Senado durante o processo de impeachment. Roberts será empossado em cerimônia com a presença dos cem senadores, que serão responsáveis por julgar se Trump continua ou não no cargo. Na sequência, a Casa Branca será notificada de que as acusações chegaram ao Senado.

Trump é acusado de abuso de poder – por pressionar a Ucrânia a investigar Biden – e obstrução ao Congresso – por não colaborar com as investigações. O caso começou depois de um delator anônimo revelar que ele pressionou Zelenski a abrir uma investigação de Biden, ex-vice-presidente dos EUA e um possível oponente de Trump nas eleições de novembro deste ano.

Segundo a oposição democrata, Trump teria exigido a abertura de um processo contra Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente, para repassar 400 milhões de dólares já aprovados pelo Congresso em ajuda à Ucrânia e aceitar uma reunião com Zelenski na Casa Branca.

É pouco provável que os democratas consigam os votos necessários para afastar Trump do poder, já que o Senado é controlado pelos republicanos e nenhum deles parece disposto a aprovar o impeachment do presidente americano.

AS/ap/efe/lusa

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