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Três técnicos na corda bamba – quem cai primeiro?

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
15 de setembro de 2020

Na temporada passada da Bundesliga, metade dos clubes trocou de comando. Desta vez, três técnicos correm sério risco já no início da temporada. A pressão é especialmente grande sobre Lucien Favre, do Dortmund.

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Lucien Favre
Desde que chegou ao Dortmund, Favre conquistou apenas a Supercopa alemã no ano passadoFoto: Getty Images/Bongarts/S. Widmann

Nove técnicos foram demitidos durante a temporada passada do campeonato alemão. Metade dos clubes do futebol de elite trocou de comando, e é bem provável que vejamos a dança das cadeiras também durante a campanha que começa neste fim de semana. Quantos serão os demitidos desta vez e quem será o primeiro a fazer suas malas? As casas de apostas já estão aceitando palpites, e há alguns claros favoritos.

No passado, os treinadores gozavam de certo prestígio e usufruíam de considerável status nos clubes. Às vezes chegavam a acumular mais de uma função. Além de técnico, detinham também o cargo de diretor de esportes, o que dificultava sua eventual demissão por maus resultados.

Atualmente, porém, as diretorias dos clubes reduziram consideravelmente o prazo de validade dos comandantes responsáveis pelo desempenho de suas equipes. Exigem-se resultados no curto prazo, e se esses não estão à altura das expectativas dos cartolas, um bode expiatório é procurado. Geralmente é o técnico.

Foi assim com Niko Kovac no ano passado. Apesar de ter vencido a Bundesliga e a Copa da Alemanha com o Bayern em 2019, bastaram alguns tropeços, maus desempenhos e um vexame histórico diante do Eintracht Frankfurt para que sua demissão imediata fosse sacramentada. Em seu lugar, foi chamado seu ex-assistente Hansi Flick, que, em apenas nove meses de trabalho, levou o Bayern aos píncaros da glória.

Se Kovac era o favorito disparado à primeira demissão da temporada passada, agora a bola da vez é David Wagner, do Schalke 04. A cota nas casas de apostas é de apenas 3 por 1 se Wagner for o primeiro na fila do pão a ser demitido. E não é por menos. Havia a expectativa que, depois da péssima campanha de 16 jogos sem vitória no segundo turno, a diretoria dos azuis reais fosse puxar o freio de mão e dispensasse os serviços do coach. Para surpresa geral, Wagner foi mantido no cargo apesar de tudo, e uma fonte interna afirma que aspectos financeiros foram levados em consideração. A multa rescisória seria altíssima para os padrões do Schalke.

Outro candidato à primeira demissão da temporada é Peter Bosz, do Leverkusen. O holandês está há quase dois anos no clube e fazendo um trabalho razoável. Das 71 partidas oficiais, venceu 41. Não é um mau resultado, mas também não é lá grande coisa. Em 2019, levou o clube à Champions League e, um ano depois, chegou às quartas de final da Liga Europa.

À primeira vista, a cadeira de Bosz parece assegurada, mas mesmo assim ele é citado frequentemente como forte candidato à primeira demissão ainda este ano. Contribui para esse boato o insatisfatório rendimento do time ao final do campeonato, quando acabou ficando apenas em quinto lugar na tabela. Consequentemente, deixou escapar a vaga da Champions League, tendo que se dar por satisfeito em disputar mais uma vez a Liga Europa.    

Acrescente-se a venda de Kai Havertz e Kevin Volland, dois jogadores protagonistas essenciais no esquema tático do time, e chega-se facilmente à conclusão de que o papel do Leverkusen na temporada 2020/2021 corre o risco de ser relegado a um plano secundário. A queda na qualidade do elenco, associada a eventuais resultados inconvincentes nas primeiras semanas da temporada, pode resultar na demissão de Bosz.

Para completar a lista de fortes candidatos à primeira demissão da temporada, tem ainda Lucien Favre, o professor estrategista que, desde 2018, comanda o elenco aurinegro do Borussia Dortmund. Em sua terceira temporada dirigindo um time recheado de jovens talentos promissores, os dirigentes do clube, torcedores e também a mídia esportiva local ficarão de olho no treinador suíço.

Em Dortmund, nota-se um acúmulo de frustrações, especialmente entre grupos da torcida organizada que, antes da epidemia, costumavam lotar a grande geral com lugares em pé para 25 mil torcedores, também conhecida como muralha amarela. Desde que chegou, Favre não conquistou nenhum título a não ser o da Supercopa alemã no ano passado. De resto, apenas dois vice-campeonatos da Bundesliga e eliminações precoces nas oitavas de final tanto na Copa da Alemanha quanto na Champions League. É muito pouco para um elenco da envergadura do BVB.

Apesar da diretoria do clube demonstrar ostensiva tranquilidade quanto ao trabalho do treinador suíço, chegará o momento de a onça beber água. A expectativa reinante é de que o time dispute palmo a palmo, com quem quer que seja, o título da Bundesliga e que chegue ao menos às semifinais do DFB Pokal e da Champions League. Caso contrário, os dias de Favre em Dortmund poderão estar contados ainda neste ano.

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no TwitterFacebook e no site Bundesliga.com.br

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.