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Confronto

7 de outubro de 2007

A duas semanas das eleições parlamentares na Suíça, grupos de esquerda impedem comício do Partido do Povo (SVP), de direita, acusado de fazer campanha eleitoral xenófoba e racista.

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Confronto aberto em Berna: nem tão neutros são os cidadãosFoto: AP

O saldo dos tumultos ocorridos em Berna, no último sábado (06/10), é de 18 feridos e 42 suspeitos detidos pela polícia local. Aproximadamente 500 manifestantes conseguiram impedir um comício do Partido do Povo (SVP ou UDC, União Democrática de Centro, na sigla francesa), marcado para acontrecer em frente à sede do governo, no centro da cidade. O evento deveria reunir dez mil simpatizantes do SVP, vindos de todo o país.

Críticas à polícia

Um grupo de 50 a 100 ativistas mascarados tomou a praça central da cidade, incendiou carros e destruiu lanchonetes no local. Nas ruelas estreitas de Berna, a polícia travou um confronto violento com os ativistas, fazendo uso de gás lacrimogêneo para dispersar o protesto.

A ação da polícia foi também alvo de críticas. Diante da falta de controle sobre os tumultos, políticos questionam se a capital do país está realmente em condições de zelar pela segurança pública durante a Copa da Europa, em 2008.

"Uma Suíça contra a outra"

"Foi uma guerra com várias frentes, à maneira da melhor guerrilha", descreveu um funcionário da administração municipal. Antes do conflito, aproximadamente três mil pessoas haviam se reunido no local, para protestar contra a polêmica campanha eleitoral do Partido do Povo.

Proteste gegen SVP-Wahlkampf in der Schweiz
Manifestante vestido de palhaço: policiais de olhoFoto: AP

O jornal popular Sonntagsblick estampou os tumultos em suas páginas com a descrição: "uma Suíça contra a outra", em alusão à discrepância ideológica entre os manifestantes de esquerda e os defensores da direita.

Analistas apontam o perigo de que o SVP faça uso dos tumultos em Berna para angariar votos e que as manifestações sirvam até mesmo para engrossar as fileiras do partido. O candidato do SVP e atual ministro da Justiça, Christoph Blocher, chamou a passeata programada por seu partido de "protesto em prol da paz e da liberdade de opinião". O site do SVP na internet acusa: "a violência de esquerda destrói a democracia".

Ovelhas brancas e negras

SVP-Wahlplakate sorgen für Proteste
Cartaz do SVP: ovelhas brancas chutam ovelha negraFoto: dpa - Bildfunk

A democracia defendida pela facção permite, porém, uma campanha movida por lemas xenófobos, cujo cartaz mostra três ovelhas brancas dando um chute para expulsar uma ovelha negra. As ovelhas brancas são, por analogia feita pelo partido, os suíços; e a ovelha negra, o estrangeiro. "Nessas alturas, o NPD (partido alemão de extrema direita) em Hessen já até adaptou o cartaz, para usar nas próximas eleições estaduais", informa o semanário alemão Der Spiegel.

"Cartazes xenófobos, um tom grosseiro, culto pessoal ao principal candidato: a campanha eleitoral agressora do atualmente mais forte partido político suíço, o SVP, transformou o país num manicômio. A trupe em torno do ministro da Justiça Blocher ataca tão abertamente os estrangeiros, que a ONU faz uma denúnica pública de racismo", noticia o Der Spiegel.

Ataque a "esquerdistas e bonzinhos"

O especialista em direitos humanos das Nações Unidas responsável pela denúncia foi o senegalês Doudou Diène, que se transformou, depois das críticas, em alvo pessoal de críticas do Partido do Povo.

O SVP insiste nas palavras de ordem contra "a distribuição de passaportes em massa para os estrangeiros", supostamente defendidos pelos "esquerdistas e bonzinhos", como os membros do partido rotulam seus adversários políticos. O diário britânico The Independent estampou há pouco a manchete: "Suíça. O coração europeu das trevas?", ao criticar os lemas da campanha do SVP.

Organizações de defesa dos Direitos Humanos apontam no discurso do partido a influência de jargões nazistas, principalmente na associação de determinados grupos étnicos a animais. A ministra das Relações Exteriores e atual chefe de governo da Suíça, Micheline Calmy-Rey, do Partido Social Democrata, declarou que o país passa por "momentos difíceis". (sv)