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Turquia intensifica repressão pós-golpe

30 de outubro de 2016

Governo Erdogan demite mais 10 mil funcionários públicos e fecha 15 veículos de comunicação, quase todos em território curdo. Justificativa é ligação com clérigo acusado de arquitetar tentativa de golpe de julho.

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Türkei Türkischen Präsident Tayyip Erdogan nach der Pressekonferenz
Foto: Reuters/U. Bektas

O governo Recep Tayyip Erdogan anunciou a demissão de mais de 10 mil funcionários públicos por suspeita de terem ligação com Fethullah Gülen, clérigo radicado nos Estados Unidos acusado por Ancara de estar por trás da fracassada tentativa de golpe de Estado de julho.

Entre os afastados, estão milhares de acadêmicos, professores e trabalhadores do setor de saúde. Pelo menos 15 veículos de comunicação, quase todos baseados na região de maioria curda no sudeste do país, foram fechados.

O anúncio foi feito por meio de um novo decreto, de estado de emergência, publicado em diário oficial no sábado e tornado público pela imprensa neste domingo (30/10). O texto também acabou com processos democráticos para eleger reitores de universidades. Eles passarão a ser nomeados diretamente por Erdogan.

Medidas como essa preocupam aliados ocidentais e grupos de defesa de direitos civis, que acusam o governo de usá-las para reprimir vozes de oposição. Erdogan se defende argumentando que está apenas agindo para conter a ameaça gerada pela tentativa de golpe de 15 de julho, em que mais de 240 pessoas morreram.

Desde julho, mais de 37 mil pessoas foram presas, e 100 mil funcionários públicos, juízes, promotores e policiais foram demitidos ou suspensos de seus cargos. A repressão é considerada sem precedentes na histórica recente turca.

No sábado, Erdogan afirmou em discurso que pedirá ao Parlamento que considere a reintrodução da pena de morte no país. "Eu estou convencido de que os parlamentares vão aprová-la, e quando voltar para mim, eu vou ratificá-la", disse.

Se restabelecida, a punição poderia ser usada contra os acusados de organizar o golpe. A Turquia aboliu a pena de morte em 2004, durante as negociações para aderir à União Europeia, que exige que seus países-membros não a permitam. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e outros líderes europeus disseram que a reintrodução da pena capital seria incompatível com os valores europeus.

RPR/dpa/efe/rtr