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Twitter, Facebook e Instagram bloqueiam contas de Trump

7 de janeiro de 2021

Empresas reagem a postagens em que o presidente se dirige a apoiadores que atacaram o Capitólio. Facebook e Instagram banirão perfis de Trump pelo menos até o fim do mandato, diz Zuckerberg.

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Tela de celular mostra o perfil do presidente americano Donald Trump no Twitter
Foto: Olivier Douliery/AFP

As redes sociais Twitter e Facebook, que também controla o Instagram, bloquearam temporariamente as contas de Donald Trump após os atos de violência no Congresso dos Estados Unidos, em Washington, nesta quarta-feira (06/01), em um gesto inédito que atinge a forma preferida do presidente americano de se comunicar com o público.

O bloqueio se deve a postagens nas quais Trump se dirige a seus apoiadores que atacaram o Congresso, que violaram as regras das redes sociais. 

A invasão do Capitólio interrompeu a sessão que certificaria a vitória de Joe Biden nas eleições de novembro, e a cerimônia só foi retomada depois de o prédio ter sido liberado por forças de segurança.

As postagens de Trump

Mais de duas horas após a invasão do Capitólio, Trump divulgou um vídeo no Twitter e no Facebook no qual dizia, sem provas, que a eleição havia sido fraudada e pedia que seus apoiadores voltassem para casa. 

"Eu conheço a sua dor. Sei que vocês estão machucados. Tivemos uma eleição que foi roubada de nós. (...) Mas vocês precisam ir para casa agora. Precisamos ter paz. Precisamos ter respeito à lei e ordem (...) Nós o amamos, vocês são muito especiais", afirmou o presidente.

Mais tarde, Trump voltou a se manifestar no Twitter, de maneira a parecer defender a iniciativa dos invasores. "Há coisas e eventos que acontecem quando uma vitória eleitoral esmagadora e sagrada é retirada sem cerimônia e cruelmente de grandes patriotas, que vêm sendo tratados de forma má e injusta por tanto tempo. Vão para casa com amor e em paz. Lembrem-se deste dia para sempre!", escreveu.

A reação do Facebook

Inicialmente, o Facebook informou que suspenderia as contas de Trump, inclusive a do Instagram, por 24 horas. Depois, mudou esse status para "indefinidamente", segundo post do presidente da empresa, Mark Zuckerberg.

"Nos últimos anos, permitimos que o presidente Trump usasse a nossa plataforma de uma maneira consistente com as nossas regras, por vezes removendo seus conteúdos ou sinalizando seus posts quando eles violavam nossas políticas. Fizemos isso porque acreditamos que o público tem direito ao acesso mais amplo possível ao discurso político, mesmo que seja um discurso controverso. Mas o contexto atual é fundamentalmente diferente, e inclui o uso de nossa plataforma para incitar uma insurreição violenta contra um governo eleito democraticamente", escreveu Zuckerberg.

"Acreditamos que os riscos de permitir que o presidente continue usando o nosso serviço durante este período são muito altos. Portanto, estamos ampliando o bloqueio às suas contas no Facebook e no Instagram indefinidamente, pelo menos pelas próximas duas semanas, até que a transição pacífica de poder seja concluída", disse o presidente da rede social.

A reação do Twitter

Após Trump ter postado o vídeo se referindo à invasão do Congresso, o Twitter bloqueou a sua conta por 12 horas e afirmou que houve "violações repetidas e severas à nossa política de integridade cívica". 

A empresa também requisitou que três posts do presidente, incluindo o vídeo, fossem deletados por ele, e ameaçou bloquear permanentemente a conta. Os posts foram mais tarde removidos pela equipe de Trump, afirmou a rede social.

Em seguida, o Twitter afirmou que novas violações às suas regras por Trump levariam à suspensão permanente da conta do presidente.

"Nossa política de interesse público, que guiou nossas ações sobre cumprimento das regras por anos, termina quando acreditamos que o risco de danos é maior e/ou mais severo", disse a rede social.

O Twitter endureceu suas políticas sobre conteúdo na plataforma ao longo de 2020, o que teve impacto nos posts de Trump.

Em maio, o Twitter acrescentou pela primeira vez uma sinalização sugerindo que os leitores checassem a veracidade do conteúdo de um tuíte do presidente. Em junho, a empresa sinalizou pela primeira vez um tuíte de Trump como contendo "mídia manipulada". 

Desde que perdeu a eleição em novembro para Biden, Trump vinha usando cada vez mais a plataforma para fazer afirmações sobre fraude eleitoral não baseadas em fatos para seus 88,7 milhões de seguidores. Muitos dos seus tuítes receberam a sinalização: "Esta afirmação sobre fraude eleitoral é controversa".  

Loja online bloqueada

A provedora de comércio eletrônico Shopify, que hospeda as lojas online de mercadorias de Trump, também decidiu suspender as páginas do presidente.

"A Shopify não tolera ações que incitam a violência. Baseado nos fatos recentes, determinamos que as ações do presidente Donald J. Trump violam nossa política de uso aceitável, que proíbe a promoção e o apoio a organizações, plataformas ou pessoas que ameaçam ou toleram o uso da violência em nome de uma causa. Como resultado, fechamos as lojas afiliadas ao presidente Trump", disse a empresa em um comunicado. 

As páginas shop.donaldjtrump.com e trumpstore.com estavam fora do ar depois do comunicado da empresa.

Responsabilidade do presidente e das redes

A congressista alemã Gyde Jensen afirmou à DW ter certeza que Trump "sabe que suas palavras importam".

"Ele é muito responsável pelo que está acontecendo. Ele poderia ter interrompido [a invasão no Capitólio] muito mais cedo, pois seus últimos tuítes diziam basicamente 'mantenham-se pacíficos'. Mas ele poderia ter pedido que saíssem do Capitólio", afirmou.

A professora de comunicação social Jennifer Grygiel, da Universidade Syracuse, disse que a violência em Washington é resultado direto do uso das redes sociais por Trump para espalhar mentiras, e que as redes sociais deveriam ser responsabilizadas por permitir que isso tenha acontecido.

"As mídias sociais são cúmplices nisso porque ele repetidamente usou as mídias sociais para incitar à violência. É o ápice de anos de propaganda e abuso da mídia pelo presidente dos Estados Unidos", afirmou.

BL/AS/dw/lusa/ap/rtr