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Xenofobia na rede

14 de agosto de 2009

Extremistas de direita utilizam portais como o YouTube para difundir ideias racistas e xenófobas entre jovens. Controle é difícil, afirmam empresas e autoridades.

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Foto: picture-alliance/ ZB

O extremismo de direita alemão tem uma presença cada vez mais agressiva na internet. Especialistas afirmam que há cerca de 1.800 sites em língua alemã administrados por neonazistas, com destaque crescente para o uso de plataformas da Web 2.0.

Um exemplo é o portal de vídeos YouTube. Quem fizer uma busca usando típicas palavras-chave da cena neonazista alemã encontrará centenas de vídeos – muitos são de Horst Mahler, conhecido ideólogo da cena neonazista.

Mahler foi condenado pela Justiça alemã por incitação popular (Volksverhetzung) e cumpriu pena de prisão. Mas as suas ideias continuam circulando livremente no YouTube. Num dos vídeos, Mahler, um antissemita assumido, nega a existência do Holocausto.

Sites bem elaborados

De acordo com Stefan Glaser, da iniciativa Jugenschutz.net, os radicais de direita estão cada vez mais audaciosos. Segundo ele, os sites de conteúdo racista e xenófobo são cada vez mais bem elaborados, com frases de efeito, música e animações.

"Eles não se apresentam mais como antiquados sites nazistas, mas se mantêm dentro da lei, sem cometerem qualquer infração. Nada de suásticas e coisas assim, mas símbolos simpáticos. E slogans como 'Nós agitamos o sistema – junte-se a nós!'. Nossa experiência mostra que, quando jovens acessam sites como esses, num primeiro momento dizem 'Ok, vamos continuar clicando'", relata Glaser.

Jugendschutz.net é uma iniciativa de governos estaduais alemães. Cerca de 20 funcionários tentam identificar quais servidores armazenam propaganda extremista. Quando encontram algo, exigem que provedores e empresas de comunicação responsáveis bloqueiem as páginas.

Segundo Glaser, em geral os pedidos são prontamente atendidos. "Isso porque é prejudicial aos negócios ser associado a neonazistas e conteúdos ofensivos à dignidade humana. Claro que se teme perder clientes caso isso se torne público."

Web 2.0

Segundo os observadores do Jugendschutz.net, os extremistas usam cada vez mais plataformas da Web 2.0, como o Facebook e o YouTube. O objetivo é atingir o público jovem da forma mais ampla possível.

Um dos principais alvos de críticas na Alemanha é o YouTube. Entre outros motivos por causa de um vídeo neonazista que difama o ex-presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha Paul Spiegel, já falecido. Por causa do vídeo, a viúva de Spiegel entrou na Justiça contra o portal.

O YouTube, que pertence à empresa de software Google, eliminou o filme de sua plataforma, ainda que com atraso. Mas se nega a dar garantias de que o vídeo nunca mais será disponibilizado.

A Google da Alemanha argumenta que não é responsável pelo conteúdo posto no site pelos usuários. A empresa diz que age quando é alertada, mas alega que um controle prévio não é possível.

Um porta-voz da empresa não quis se manifestar sobre o processo nem sobre o número de vídeos denunciados ou de funcionários que trabalham no controle do que é divulgado no portal.

Difícil controle

Os grupos que lutam contra o extremismo de direita exigem que os portais e provedores invistam mais no controle do conteúdo disponibilizado e ajam com maior agilidade em caso de denúncia.

Muitos observadores se dizem frustrados, alegando que o trabalho de cooperação com os portais demanda muito tempo. Pior do que isso: cada vez mais os agitadores da cena de direita optam por colocar sua propaganda em portais fora da Alemanha.

Segundo os especialistas, o problema é de difícil solução: basta um site ser bloqueado para ele logo reaparecer em algum outro ponto da internet.

Autor: Jens Rosbach

Revisão: Simone Lopes