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Esporte

Vale a pena olhar para o campeonato alemão de novo

26 de fevereiro de 2019

Na atual temporada, é difícil lembrar de um grande jogo do Bayern. Mesmo assim, os bávaros estão na cola do líder Borussia Dortmund. Há anos a Bundesliga não era tão disputada: a monotonia parece ter acabado.

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Quando se enfrentaram em novembro passado, deu Borussia Dortmund: 3 a 2
Quando se enfrentaram em novembro passado, deu Borussia Dortmund: 3 a 2Foto: Reuters/K. Pfaffenbach

Encerrada a 23ª rodada da Bundesliga, apenas três pontos separam o líder do vice-líder. Desde a sexta rodada em fins de setembro, o Borussia Dortmund ocupa o primeiro posto e não largou mais o osso. Em meados de dezembro chegou a abrir nove pontos de vantagem sobre o Bayern Munique, o seu mais direto perseguidor. 

Só que a partir daí os auri-negros caíram de rendimento, acumulando três empates consecutivos, enquanto os bávaros, exceção feita à inesperada derrota para o Leverkusen, registravam uma vitória atrás da outra.   

O resultado na tabela de classificação não se fez esperar. O Bayern já está no retrovisor do Dortmund, fungando no cangote dos auri-negros. Se isso é ruim para a massa de torcedores borussianos ansiosos, que há sete anos não vê seu time levantar a Salva de Prata, é ótimo para o campeonato. Finalmente a competição entra na sua reta final com uma disputa cabeça à cabeça entre os dois melhores times do campeonato, algo que não acontecia há anos.

A última vez em que uma equipe esteve atrás do líder na 23ª rodada e acabou conquistando o título foi há dez anos, na temporada 08/09. Naquele momento, o Hertha Berlin ponteava a tabela com quatro pontos de vantagem sobre os vice-líderes, entre os quais estava o Wolfsburg de Grafite, Josué, Dzeko e cia.

Numa arrancada espetacular, os "lobos” assumiram a liderança na 26ª rodada ao golear o Bayern por 5 a 1 e defenderam com unhas e dentes o primeiro lugar na tabela até o fim. O Wolfsburg conquistava assim o seu primeiro e único título da Bundesliga. De quebra, Grafite foi o artilheiro com 28 gols.

Nos últimos anos uma certa monotonia tomou conta do "Alemão” pois já se sabia de antemão quem seria o campeão. O todo poderoso Bayern é o atual hexacampeão com seis títulos consecutivos, fato inédito na história do futebol germânico.

A superioridade bávara era tamanha que, na campanha 13/14, o time então comandado por Pep Guardiola garantiu o título com sete (!) rodadas de antecedência. É um recorde difícil de ser batido, diga-se de passagem.

Ao que tudo indica, desta vez haverá emoção até o fim. 

Pelo menos teoricamente, o Bayern terá compromissos mais difíceis do que o Borussia até o final do campeonato. Os auri-negros só vão precisar enfrentar dois times que estão entre os Top 5, enquanto os bávaros jogarão com quatro que estão entre os Top 6. Dois destes quatro (Gladbach e Wolfsburg) o Bayern vai encarar nas próximas duas rodadas, e os outros dois (Leipzig e Frankfurt), nas últimas duas rodadas do campeonato.  

E tem ainda o confronto direto entre os atuais líderes que será jogado no começo de abril na Allianz Arena de Munique.

O poder ofensivo auri-negro com Sancho, Reus, Alcacer e Götze é ligeiramente superior ao dos bávaros com Lewandowski, Gnabri, Coman e James.  Dortmund tem o melhor ataque com 57 gols, enquanto o Bayern marcou 51. 

As defesas se equivalem, pelo menos na estatística de gols sofridos – ambas levaram até agora 25 gols e ambas, vira e mexe, dão xabú. A do Borussia treme quando vem bola levantada sobre a grande área. A do Bayern vacila quando Hummels e/ou Boateng perdem seus duelos com atacantes adversários velozes.  

No departamento de criação, o repertório dos talentos auri-negros fornece muitas opções táticas ao técnico Lucien Favre, seja utilizando a velocidade de Sancho pelas pontas para abrir defesas adversárias, seja pelos lampejos geniais de Reus ou pela infiltração muitas vezes letal de Götze.

Do lado do Bayern, o treinador Niko Kovac até agora não mostrou a que veio do ponto de vista de criatividade tática. Isto ficou evidente mais uma vez na partida do último fim de semana contra o Hertha, quando a equipe ficou dependendo da inspiração de um ou outro jogador. 

O time não convenceu, mas o presidente Uli Hoeness não está preocupado. Durante entrevista logo depois do jogo, afirmou: "Enquanto estivermos vencendo, qual é o problema? Jornalista gosta de ficar inventando crises".

Para o Bayern de Niko Kovac, futebol é trabalho. Basta fazer a lição de casa e fora de casa. Aliar eficiência com jogo vistoso não é o forte do técnico croata. Pelo menos é o que ele tem demonstrado à exaustão ultimamente - para grande frustração da imensa torcida bávara espalhada pelo mundo.

Na atual temporada da Bundesliga ninguém consegue se lembrar de um jogo sequer em que o Bayern fez uma partida memorável e, por incrível que pareça, se derem moleza para o maior campeão alemão da história, mesmo jogando feio, ele é capaz de levantar mais um título. Seria o sétimo consecutivo.

Mas isso já é outra história, cujo final só vamos conhecer mesmo após o último apito final da atual campanha. 

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no TwitterFacebook e no site Bundesliga.com.br

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