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Vampiros invadem a ficção e viram subcultura no mundo real

1 de novembro de 2012

No cinema, na televisão e nas festas de Dia das Bruxas, os vampiros estão novamente na moda. Mas essas criaturas de caninos longos e afiados não vivem apenas na ficção: vampiros são uma subcultura, mais que real.

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Foto: Viona ielegems

Os homens vestem ternos e gravatas pretas. As mulheres, vestidos feitos sob medida, enfeitados com acessórios macabros. Ao lado da escada de madeira maciça, um suntuoso buffet, onde os esquecidos canapés e taças de champagne, já foram parcialmente consumidos pelos convidados. O cheiro de perfume e produtos para o cabelo impregna o ar, enquanto casais balançam para a frente e para trás sobre o tapete persa, ao som de uma sinfonia de Brahms.

Seria uma festa de casamento, uma noite na ópera ou um encontro do clube de campo? Não, não e não. A festa é um baile de vampiros.

Fenômenos da cultura pop, assim com a saga Crepúsculo, os sanguessugas avessos a alho têm alimentado a fascinação do público. Mas algumas pessoas levam essa afinidade com Nosferatu além, se vestindo e agindo como criaturas das trevas.

"Com certeza é um estilo de vida," disse à Deutsche Welle Mark Benecke, autor de Vampiros entre nós. "A maioria das pessoas envolvidas nessas comunidades levam tudo muito a sério. Elas são muito unidas e permanecem juntas por anos e anos. Na verdade, é muito difícil entrar em contato com elas. O que acontece na Europa central é que eles se reúnem regularmente."

Galerie - Klassische deutsche Horror - Filme
"Vampirismo é um grupo pequeno dentro da comunidade gótica"Foto: picture alliance / akg-images

O casal belga Dirk Standaert e Viona Ielegems organiza esse tipo de encontro. Diversas vezes durante o ano, eles abrem aos membros da comunidade sua propriedade centenária situada em uma floresta perto de Magdeburg, no leste da Alemanha. O encontro mais recente, no final de setembro, recebeu o nome Dança Macabra. Compareceram dezenas de vampiros de toda Europa – e até do México.

"Ao abrirmos as portas para outros mundos, nós também estamos criando um paraíso seguro para vampiros de sangue nobre de todo o mundo," disse Standaert à Deutsche Welle. "Eventos como Dança Macabra são uma ocasião única para espíritos semelhantes se encontrarem, se conectarem e basicamente se divertirem."

Celebração da vida

Embora muitas vezes rotulado como semelhante à comunidade gótica, muito popular na Alemanha e que se reúne em grandes eventos como o encontro Wave Gotik em Leipzig ou Amphi Festival em Colônia, especialistas dizem que as comunidades de vampiros não são exatamente a mesma coisa. Em primeiro lugar, é uma comunidade muito menor.

Vampir Kultur in Europa
O vampirismo é muitas vezes uma celebração da vida, a crença em viver o momento e desfrutar de experiênciasFoto: Viona ielegems

"Os seguidores do vampirismo formam um grupo bem pequeno dentro da comunidade gótica", disse Benecke. Segundo Sebastiaan van Houten, autor de diversos livros sobre a comunidade de vampiros, outra diferença é que, enquanto os góticos podem se preocupar com a morte e o universo mórbido, o vampirismo é muitas vezes uma celebração da vida – a crença em viver o momento e desfrutar de experiências únicas.

"A vida é curta," disse van Houten. "Então tentamos enchê-la com o maior número de experiências gratificantes. Já existe bastante preocupação com a morte lá fora no mundo."

Van Houten sabe do que fala. "Pai Sebastiaan," como é conhecido, cria aparelhos dentários personalizados para quem quer completar sua transformação vampírica. Técnico dentário certificado, Van Houten faz presas (caninos) desde 1994. Na lista de clientes está Ashley Greene, atriz de Crepúsculo.

Seu trabalho fazendo presas o levou a outra vocação: ele é o anfitrião do Baile de Vampiros Noite Eterna. A próxima edição do evento – que já aconteceu em Paris, Nova York e Nova Orleans – acontece no dia 23 de novembro em Berlim.

Esses eventos revelam outro lado dos vampiros: aparentemente, eles adoram festas. "Podemos dizer que desfrutamos dos nossos encontros," disse Van Houten. "Tudo gira em torno das pessoas poderem se reunir e se divertir em um ambiente sem inibições."

Dracula
O romance de Bram Stoker "Drácula" foi publicado em 1897Foto: AP

Standaert é da mesma opinião. "Acredito que agora estejamos criando nossa própria comunidade, nossa família, com membros de diversos lugares do mundo, onde as pessoas podem ser verdadeiras, sem se preocupar com o que os outros pensam de seu estilo de vida," completou.

Pequeno impacto na cultura pop

Enquanto filmes como Crepúsculo, programas de televisão como True Blood e inúmeros romances ajudaram a transformar a percepção das pessoas sobre os vampiros desde que Bram Stoker publicou Drácula em 1897, a real repercussão na comunidade de vampiros foi mínima.

"Crepúsculo não teve muito impacto," explicou Benecke. "A moda realmente começou nos anos 1990 por causa dos livros de Anne Rice e o filme Entrevista com o vampiro". Essas são as raízes da moderna subcultura dos vampiros. Crepúsculo não retrata bem os temas do vampirismo, pois é mais uma história sobre amor ou família. "Trouxe alguns novos membros para a comunidade, mas eles não admitem porque acham que tudo isso é muito sério".

Bildergalerie Dracula The Twilight Saga
Crepúsculo não retrata bem os temas do vampirismo, pois é mais uma história sobre amor e famíliaFoto: AP

Segundo Standaert, a comunidade vampírica já existia muito antes dos livros de Stephanie Meyer apresentarem ao mundo Bella Swan e Edward Cullen. "As pessoas tem a tendência de achar que essa nova onda de vampiros é temporária, mas acredito que esse peculiar interesse por vampiros sempre existiu e vai continuar existindo".

Benecke ressaltou que, apesar da comunidade de vampiros parecer estranha para quem vê de fora, eles são realmente inofensivos.

"Eu nunca vi nenhum tipo de violência dentro dessa subcultura. As pessoas sempre perguntam se elas vão ser mordidas por um vampiro. Isso é uma bobagem. Essas pessoas têm uma vida, um corpo e uma consciência real. Então você não pode dizer que são muito estranhos," concluiu Benecke.

Autor: Benjamin Mack (mas)
Revisão: Roselaine Wandscheer