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Verdes, liberais e neocomunistas: o balanço das eleições

Paulo Chagas23 de setembro de 2002

O eleitorado alemão apoiou o pacifismo e a ecologia e rejeitou o radicalismo de direita e esquerda. Veja o balanço dos pequenos partidos nas eleições.

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Gesine Loetzsch (esq.) e Petra Pau, as únicas deputadas do partido neocomunista (PDS) que lograram ser eleitasFoto: AP

O responsável pelo êxito histórico do Partido Verde (8,6% dos votos) tem um nome: Joschka Fischer, o ministro alemão das Relações Exteriores e vice-chanceler, que é, de longe, o político mais popular da Alemanha.

A campanha eleitoral do Partido Verde, oriundo dos movimentos ecologista e pacifista das décadas de 70 e 80, foi conduzida pelo carisma de Joschka Fischer, mas também pela enérgica oposição do governo de coalizão social-democrata e verde a um ataque militar contra o Iraque.

Desde que Washington começou a falar abertamente da eventualidade de uma operação militar, o chanceler federal Gerhard Schröder foi o único aliado europeu a excluir a participação da Alemanha, com ou sem mandato da ONU. Num país traumatizado pelo belicismo nazista e a tensão da guerra fria, esta posição mobilizou o eleitorado, sobretudo os simpatizantes do Partido Verde.

O anti-semitismo prejudicou os liberais

O Partido Liberal (FDP), tradicional aliado da CDU/CSU, admitiu seu fracasso no pleito. Apesar de terem registrado um pequeno aumento (7,2% em 2002 contra 6,2% em 1998), os liberais estiveram muito longe da meta de 18% dos votos, que havia sido fixada pelo seu presidente Guido Westerwelle.

O fracasso foi atribuído, sobretudo, a Jürgen Möllemann, presidente do diretório estadual dos liberais na Renânia do Norte-Vestfália. Möllemann lançou repetidos ataques a Israel e ao vice-presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Milton Friedmann, ignorando o tabu alemão do anti-semitismo. Ele foi duramente criticado pelos líderes liberais e teve de renunciar, nesta segunda-feira (23/9), ao cargo de vice-presidente do partido.

O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Paul Spiegel, divulgou nota saudando a "rejeição ao anti-semitismo", por parte do eleitorado. A maioria da sociedade mostrou claramente que a xenofobia e o racismo não ganham eleição na Alemanha, diz a nota.

Bancada dos neocomunistas reduz-se a duas deputadas

O Partido do Socialismo Democrático (PDS) obteve apenas 4% dos votos (contra 5,1% em 1998) e não conseguiu, portanto, superar a barreira dos 5% para ter o direito de ser representado no Bundestag (Parlamento Federal).

A bancada dos neocomunistas, constituída de 35 deputados na última legislatura, ficou assim reduzida a apenas duas deputadas eleitas por mandato direto: Petra Pau e Gesine Lötzsch.

É a primeira vez que o Partido do Socialismo Democrático, formado em 1989 e herdeiro dos ex-comunistas da Alemanha Oriental, perde votos numa eleição federal. A renúncia do deputado Gregor Gysi, em agosto de 2002, prejudicou sensivelmente a campanha dos neocomunistas.

Figura emblemática do partido e secretário de Economia do governo estadual de Berlim, Gysi retirou-se do cenário político por causa do seu envolvimento no escândalo das milhagens de passagens aéreas, que foram usadas para viagens particulares por vários deputados federais de diferentes partidos.