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Você não está só

11 de março de 2010

Trocar ideias com pessoas que perderam entes queridos pode ser uma forma de consolo. Rede de relacionamentos ajuda familiares de soldados das Forças Armadas Alemãs, que morreram em missão, a conversar sobre suas perdas.

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Até agora 36 soldados das Forças Armadas Alemãs morreram em missãoFoto: picture-alliance/ dpa

Cada um dos soldados das Forças Armadas Alemãs que morreram em missão deixou familiares, cujas vidas são afetadas de forma drástica. A perda do marido, irmão ou filho é incompreensível. Para muitos, falar sobre o assunto com familiares de outros soldados é uma forma de ajuda.

No entanto, não é fácil entrar em contato com famílias que vivem situações semelhantes. Por esse motivo, duas viúvas de soldados alemães criaram na internet a rede de relacionamentos Du-bist-nicht-allein.net (Você não está só, em alemão).

Chance de contato

O marido de Andrea Beljo foi vítima de um atentado contra um ônibus no Afeganistão em 2003. O esposo de Ina Schlotterhose morreu em missão no mesmo país em 2005. Ela ouviu falar de Beljo por acaso, assistindo a uma entrevista que esta deu à televisão, escreveu um e-mail ao canal de TV, que o encaminhou à companheira de luto. Desde então, as duas mulheres têm se ajudado reciprocamente através de muitas conversas e visitas.

Para não deixar famílias em situação semelhante, esperando pelo acaso, elas criaram uma rede de relacionamentos na web. Segundo Andrea Beljo, o site foi criado para dar aos familiares de soldados alemães mortos em missão a chance de entrar em contato com outras famílias afetadas.

Beljo explicou que, por exemplo, se três soldados perdem a vida em um atentado, o contato entre essas três famílias não acontece automaticamente: "Porque, nas cerimônias fúnebres oficiais, elas provavelmente se encontram, mas não têm cabeça para pensar em trocar endereços. Mas em certa altura elas talvez queiram contatar outras famílias. Então, podem nos escrever e consultar-nos."

Troca de ideias

Uma rede de relacionamentos como essa também era o que desejava Ina Schlotterhose no passado. Mas, segundo ela, às Forças Armadas Alemãs não é permitido fornecer nenhum dado. "Certa vez tentei entrar em contato com uma família, enviar cartas aos que também perderam alguém, mas não foi possível, porque não tinha os endereços. Então o fiz através do serviço de assistência espiritual evangélica aos militares. Enviei as cartas para lá e, de alguma forma, eles a encaminharam para as famílias", explicou.

Netzwerk Du bist nicht allein
Schlotterhose e Beljo se ajudamFoto: Ina Schlotterhose

A troca de ideias com Beljo fortalece Schlotterhose. Com outras pessoas, elas conversam somente com cautela sobre sua dor. E para o público, através dos meios de comunicação, elas não falam mais nada sobre suas histórias pessoais.

Segundo Schlotterhose, muitos dizem que "já se passaram quatro anos" e não entendem por que eu ainda estou triste. Ela explica que, embora cada um se esforce em entender a situação, muitos pensam simplesmente: "A vida tem que continuar".

Schlotterhose concorda que a vida continua, "mas com a Andrea eu posso, ainda hoje, trocar ideias sobre determinados assuntos, porque eu sei: ela me entende". "E a recíproca é verdadeira, e isso não é possível com qualquer um", conclui.

Iniciativa legítima

A rede de relacionamentos Du-bist-nicht-allein.net já existe há cerca de meio ano. As duas viúvas já conseguiram coletar dados de cerca de 20 famílias afetadas – um bom número, considerando que 36 soldados das Forças Armadas Alemãs foram mortos em missão, explica Beljo.

Ela também acha positivo o fato de a iniciativa partir de familiares dos soldados mortos, "porque eles sabem do que estão falando, pois também vivenciaram isso". Além disso, Beljo afirma que talvez não fosse bom se a ideia partisse das Forças Armadas Alemãs, já que muitos dos familiares as culpam pela morte de seus maridos, irmãos e filhos.

Autora: Sarah Steffen (ca)
Revisão: Augusto Valente