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Vitória de Barack Obama

5 de junho de 2008

A imprensa européia comentou o final da rodada preliminar para os democratas nas eleições presidenciais norte-americanas, com a vitória do candidato Barack Obama sobre Hillary Clinton.

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Foto: AP

O jornal suíço Basler Zeitung analisa as causas do resultado das prévias eleitorais nos Estados Unidos: "Pode-se explicar a derrota de Clinton como conseqüência dos próprios erros e de uma brilhante campanha de Obama. Ela demorou demais a reconhecer a mudança de clima no país; Obama se produziu desde cedo como o messias da mudança. Ela apostou na própria experiência, inclusive suas manobras em torno da guerra no Iraque; ele prometeu o novo começo. Ela confiou em maus conselheiros; ele mobilizou a internet e um movimento de base sem precedentes. Para ele, tudo correu certo – para ela, coisas demais deram errado".

Segundo o francês Libération: "A chave para o sucesso de Obama está no Oval Office do atual morador da Casa Branca. Obama teve também que defender sua visão de um futuro melhor pelo fato de Bush deixar para trás um país dividido e seriamente prejudicado pela guerra contra o Iraque. Hillary Clinton [...] subestimou a sede de seus compatriotas por uma mudança. Com certeza ainda há uma longa estrada diante de Barack Obama. John MacCain não lhe facilitará o caminho para Washington. E os velhos demônios da América branca não desapareceram. E Obama precisa cuidar para que seu sonho – que desde Martin Luther King também é o de milhões de outros norte-americanos – se imponha como realidade de uma nova nação".

O Tages-Anzeiger de Zurique antecipa os próximos passos da campanha democrática: "Para Barack Obama começa agora a delicada conquista da concorrente em situação inferior, assim como da coalizão dos eleitores reunidos em torno dela: mulheres, idosos e cidadãos da classe média baixa. Pois somente se – em aliança com Hillary Clinton – o candidato democrático conseguir colar os cacos da campanha pré-eleitoral, ele poderá contar em novembro com reais chances de entrar na Casa Branca".

As considerações do espanhol El Mundo são menos otimistas: "Obama sabe que a sombra da primeira-dama é longa. Se ele criar uma dupla com Hillary Clinton, terá que temer pela coerência de sua linha política e por seu papel de liderança. Muitos democratas não desejam, em absoluto, uma tal coabitação".

O alemão Berliner Zeitung critica incondicionalmente o resultado: "Pode ser que com o voto para Obama os democratas tomem uma decisão histórica, porém historicamente falsa. Escolhem o candidato mais fresco, porém impedem, assim, a melhor presidente. Obama, totalmente inexperiente em campanhas nacionais, enfrenta [McCain] um dos mais ardilosos políticos dos republicanos, um homem sério, com experiência na política externa, que pouco tem a ver com George W. Bush, o presidente da guerra, que age erraticamente. Ele enfrenta uma máquina de campanha eleitoral republicana que há meses está preparada para a confrontação decisiva, enquanto os democratas se esgotaram em sua guerra partidária interna".

La Repubblica, editado na capital italiana, classifica Obama como o primeiro candidato à presidência dos EUA que não pertence à geração dos filhos do pós-guerra, mas sim dos que fugiram do horror no Vietnã. "A nova geração vem à ribalta para exigir uma 'mudança' e reivindicar a herança da América, a qual seus pais – como o adversário de Obama, John McCain – gostariam de ainda manter nas mãos. [...] Caso [Obama] tenha que se defender contra a geração mais velha, para a qual a cor da pele ainda é importante, então ele perderá."

O austríaco Kurier estima assim as chances futuras de Obama: "O primeiro candidato negro à Casa Branca com perspectivas incorpora aqueles mitos em que os norte-americanos crêem como nenhum outro povo: é possível ir de lavador de pratos a milionário, isto é, de pobre órfão a presidente dos EUA, e no processo ainda melhorar bastante o mundo – ou pelo menos uma parte dele. [...]

As linhas de ataque de John McCain já se delinearam há muito tempo. Ele irá retratar Obama como esnobe intelectual, que só observa as preocupações das pessoas simples através da janela de uma universidade de elite. Obama aposta na aparência de ser novo e intocado por todas as baixezas e vicissitudes. No faroeste, contudo, estes são, em geral, os calouros – e justamente aqueles que acabam levando a surra".

O conservador britânico Times faz uma distinção: "Durante as prévias, o que conta são as personalidades. Nesta próxima fase, da eleição do candidato até sua consagração na convenção partidária, trata-se de construir uma base sólida para um governo. Obama tem que se decidir. Ele precisa escolher entre o liberalismo dos livres mercados ou a política dos subsídios e da intervenção. Obama tem carisma, MacCain uma biografia imbatível. Porém os norte-americanos e o mundo precisam de mais do que uma personalidade. Eles querem um programa político. No segundo e decisivo ato desta extraordinária ópera política da América, são as palavras, e não a música, que ditam o tom". (av)

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