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Wir sind Helden: ouviu o que eles quiseram dizer?

Rodrigo Rimon16 de abril de 2005

Abril começou em clima de música pop: o Echo 2005 – Cantora alemã banida das paradas de sucesso – SuperSmart compõem apenas toques para celular – Berlim é capital alemã da música – O novo álbum do Wir sind Helden

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Capa do novo álbum do Wir sind Helden: 'Cegos daqui pra frente'

Abril já começou na Alemanha em clima de música pop. Culpa foi do prêmio Echo, que reuniu a nata – sem querer deixar um gosto azedo – do pop alemão e, digamos sem exagerar, algumas presenças internacionais de peso.

Tá certo, Robbie Williams (o Melhor Artista Internacional) não se deu ao luxo de subir num avião com destino a Berlim e Eminem (Melhor Artista Hip Hop Internacional) agradeceu por vídeo. Mas Mariah Carey aproveitou a passagem pela cidade para testar se ainda funcionava no palco antes do lançamento mundial do novo álbum Emancipation of Mimi. E Anastacia (a Melhor Artista Internacional) também deu as caras.

Bautzener Rockband Silbermond
SilbermondFoto: dpa

Desde que o Wir sind Helden (dá uma olhada na página seguinte) saiu como o vencedor da noite no ano passado, diversas bandas seguiram os rastros do quarteto berlinense. Silbermond e Juli, por exemplo, pegaram carona no sucesso dos colegas: pop rock melódico, vocal feminino, uma melancolia característica. Resultado: o Silbermond foi nomeado em quatro categorias e levou o prêmio de Revelação Nacional do Ano.

Annett Louisan
Annett Louisan (25)Foto: dpa

O Echo para o Melhor Artista Nacional saiu para Gentleman, por seu reggae em patois com charme de Colônia. Mas a grande surpresa da noite ficou por conta de Annett Louisan. A pequena (menos de 1,60m) foi premiada como a Melhor Artista Nacional pelo recém-lançado álbum Bohème. Ninguém esperava, todo mundo aplaudiu. O Rammstein também levou dois prêmios pra casa: Melhor Grupo Alternativo e Melhor Live Act Nacional. Quem quiser ver a lista completo dos ganhadores, veja no site oficial (link abaixo).

Os imundos bastidores do pop

Os alemães, como bons europeus, acompanham com fervor o Festival Europeu da Canção, o Eurovision. Todo ano, cada país da Europa (pode pensar grande, Israel e Turquia também participam) envia seu candidato e o vencedor é escolhido por votação telefônica. Neste ano, os alemães enviarão a cantora Gracia: jovem, pose de rebelde, mais para Alanis Morissette que para música regional alemã. Ninguém nem lembra mais que ela foi uma das candidatas à versão alemã do programa Pop Idol.

Die Sängerin Gracia
GraciaFoto: AP

Agora, Gracia foi envolvida em um escândalo que abalou a indústria fonográfica alemã. Ao que parece, seu produtor David Brandes comprou discos da cantora e de outros contratados do selo Bros Music para garantir sua presença nas paradas. Gracia e colegas foram banidos imediatamente das paradas de sucesso. Por sorte, a Associação da Indústria Fonográfica Alemã decidiu que culpados são os produtores, não os artistas. Gracia pode pôr os saltos altos na mala e viajar sossegada para Kiev.

Liga pro meu celular…

Você certamente já leu na DW-WORLD a respeito da invasão das emissoras de música alemãs por toques de celular. A banda SuperSmart, de Munique, já percebeu o verdadeiro tesouro que se esconde por trás disso. Eles são a primeira banda da Alemanha a compor apenas toques para celular. SuperSmart só existe na internet. E no celular, claro!

"Para nós, músicos, isso é como um escritor que não escreve mais sobre papel e só vê o produto do seu trabalho em formato digital", dizem. Os toques não passam de 30 segundos e podem ser baixados na internet. Um álbum só com toques para celular custa 1,99 euro.

Música às margens do Spree

Berlim consolida aos poucos sua fama de capital alemã da música. A cidade atrai cada vez mais músicos, gravadoras, estúdios, produtoras, emissoras ou qualquer coisa que cante e toque para as margens do Spree. O fato foi confirmado por um estudo do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW) em conjunto com a Câmara Alemã do Comércio e da Indústria, que, no entanto, não divulgou números absolutos.

Fato é que gigantes do ramo – como EMI, BMG, Universal e Warner – escolheram Berlim como sede nacional ou ao menos dotaram a cidade de uma filial. É lá que acontecem eventos importantes como a Popkomm, a Love Parade, o prêmio Echo (viu?) e a Bienal de Música.

Entre os motivos citados pelo estudo estão a imagem da cidade, que agrega uma miríade de bares e clubes, além, claro, da existência de mão-de-obra qualificada e dos baixos custos com pessoal. Será exploração?

Leia mais na página seguinte sobre o novo álbum do Wir sind Helden: Cegos daqui pra frente.

Eles vieram pra ficar

O álbum de estréia do Wir sind Helden (em alemão, Nós somos heróis) foi mesmo uma revelação. Neste sentido, o Echo de artista revelação de 2004 não foi nem de longe um equívoco. Músicas legais sem abrir mão de textos inteligentes – o público logo reconheceu o potencial da banda e 500 mil cópias do primeiro álbum Die Reklamation foram vendidas.

Wir sind Helden
Wir sind HeldenFoto: www.wirsindhelden.com

Agora eles voltaram com o segundo disco, Von hier an blind (Cegos daqui pra frente), com a mesma vitalidade musical, mas sem muitas das críticas sociais que recheavam o álbum de estréia.

"Tivemos a sensação de que conseguimos dizer muita coisa no último ano, aliás muito mais do que está escrito em nossas letras, o que nos deixou simplesmente satisfeitos", conta Judith Holofernes, que assumiu desde o começo a função de front woman da banda. "Seria idiota sentar e me perguntar 'ok, agora eu sou contra o quê?'. Isso eu acho ridículo."

Die Band Wir sind Helden spielt auf einer schwebenden Buehne waehrend der Verleihung der Echo-Musikpreise in Berlin
Em 2004, o Wir sind Helden tocou em um palco flutuante durante a entrega do EchoFoto: Ap

Judith é quem escreve as letras. Aliás, primeiro vêm as músicas, depois é que ela encaixa os sons e palavras. "Talvez seja até mais legal assim do que se eu pudesse simplesmente liberar minhas fantasias rítmicas", disse Judith. Soa meio careta, mas dá pra acreditar: "É como fazer palavras cruzadas".

De popstar, Judith não tem nada. Na verdade, ela tem cara de garota do apartamento ao lado, mas caiu desde cedo nas graças do público masculino, digamos assim. "Claro que o fato de eu não ser feia como uma porta e conseguir falar uma frase completa ajuda", admite. "Mas, no geral, eu sinto que as pessoas gostam da gente, porque elas apreciam o que a gente faz no palco." Como o primeiro single do novo álbum (Gekommen um zu bleiben) já diz: eles vieram para ficar. É ouvir pra ver.