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Xangai foi um dos destinos dos judeus perseguidos pelo nazismo

6 de fevereiro de 2013

Quando no fim dos anos 1930 cada vez mais judeus alemães e austríacos tentavam escapar das perseguições nazistas, restavam poucos lugares no mundo dispostos a acolhê-los. Um deles era Xangai.

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Foto: DW/M. Bölinger

Os países vizinhos na Europa haviam declarado a suspensão de vistos e os Estados Unidos haviam limitado as cotas de entrada no país a 25 mil pessoas por ano. Mesmo outras nações tradicionalmente de imigração, como Austrália e Nova Zelândia, estavam recebendo pouquíssimos refugiados. Para os judeus que viviam sob o regime nazista do então chamado Terceiro Reich, que na época também englobava a Áustria, era praticamente impossível emigrar.

Um dos últimos destinos dos judeus em fuga, Xangai, era tradicionalmente uma cidade aberta. Desde a Guerra do Ópio, no século 19, partes da cidade estavam submetidas às potências coloniais: havia uma parte francesa e uma área internacional, formada pelos setores britânico e norte-americano, administrada por comerciantes locais. Qualquer um podia desembarcar ali e se estabelecer.

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Pequenas ruelas do bairro Hongkou, em XangaiFoto: DW/M. Bölinger

A cidade vivia do comércio e atraía também dissidentes políticos de outras regiões da própria China. Em 1921, foi fundado ali o Partido Comunista Chinês. Depois da Revolução de Outubro, alguns russos fiéis ao czar se estabeleceram na cidade. Além disso, Xangai atraía aventureiros e criminosos de todo o mundo.

O crime organizado, o tráfico do ópio e a prostituição floresciam. Um missionário norte-americano teria dito: "Se Deus tolera Xangai, ele deve uma desculpa a Sodoma e Gomorra". No fim dos anos 30 do século passado, esta metrópole singular foi o último lugar do mundo disposto a acolher refugiados judeus sem necessidade de visto.

Um procedimento burocrático, contudo, era necessário: para conseguir uma permissão de saída dos territórios comandados pelos nazistas, os emigrantes precisavam provar que poderiam entrar nos países aos quais se destinavam. Alguns consulados chineses forneciam esta declaração, especialmente o cônsul chinês em Viena da época, Ho Feng Shang, que ficou conhecido por ter assinado milhares de vistos, salvando desta forma a vida de judeus. Até a eclosão da Segunda Guerra em 1939, entre 15 e 20 mil judeus alemães e austríacos puderam fugir para Xangai.

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Passaporte de gueto, expedido pouco antes do fim da Segunda GuerraFoto: Privatarchiv Sonja Mühlberger

Os refugiados judeus, que chegavam à cidade muitas vezes sem quaisquer recursos, passaram a viver no noroeste do setor internacional: o distrito de Hongkou era um dos mais pobres da cidade. Os japoneses, que haviam ocupado os setores internacionais a partir de 1941, determinaram que os refugiados judeus só poderiam viver em certas partes de Hongkou. Esta "área designada para refugiados sem pátria" é frequentemente denominada "gueto" de Xangai.

No entanto, a determinação não atingia todos os judeus da cidade, mas somente os "apátridas", ou seja, os que haviam fugido da Europa e precisavam se estabelecer ali. Em Hongkou, porém, os refugiados judeus viviam, ao contrário do que acontecia nos guetos europeus, junto de pessoas de diversas nacionalidades. Mas para deixar o gueto precisavam de permissão. Somente depois do fim da Segunda Guerra é que eles adquiriram liberdade de se movimentar livremente pela cidade.

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Muitas habitações não têm cozinha até hojeFoto: DW/M. Bölinger

Depois de 1945, a maioria dos refugiados judeus emigrou para os EUA, Palestina e Austrália. Apenas algumas centenas voltaram para a Alemanha.

Autor: Mathias Bölinger (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer