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Zeitgeist: A força do centro político na Alemanha

7 de setembro de 2017

Esquerda ou direita? Mais eleitores se declaram centristas na Alemanha do que em qualquer outra grande economia europeia, o que tem influência decisiva no resultado das urnas e se reflete na composição do atual governo.

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Merkel e Martin Schulz se cumprimentam antes de debate na TV
Com a CDU de Merkel e o SPD de Schulz, o centro político está no poder na AlemanhaFoto: Reuters/WDR/H. Sachs

"Eleições são vencidas no centro" é um dos ditados mais conhecidos da política alemã, e a verdade é que em poucos países europeus essa máxima é tão válida quanto na Alemanha.

Se na França, por exemplo, ser de esquerda ou de direita é frequentemente uma questão de identidade pessoal, na Alemanha a ampla maioria dos eleitores prefere se posicionar no centro do espectro político.

Leia a cobertura completa sobre as eleições na Alemanha 2017

Uma recente pesquisa da Fundação Bertelsmann comprovou essa conhecida aversão dos alemães pelos extremos: 80% disseram ser do centro político, com 44% optando pela centro-esquerda, e 36%, pela centro-direita.

Esse percentual é o maior entre as seis principais economias da União Europeia e também está bem acima da média desses países, que é de 66% dos eleitores no centro político. Na França, por exemplo, 24% dos entrevistados disseram ser de esquerda, e 25%, de direita.

Essa preferência dos alemães se reflete na composição do atual governo: os três partidos da chamada grande coalizão, União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU) e Partido Social-Democrata (SPD), têm exatamente 80% dos mandatos no Bundestag (Parlamento alemão).

Todos os três são de centro, sendo o SPD um partido de centro-esquerda e a CDU e CSU, de centro-direita. Curioso é que, apesar de mais eleitores se declararem de centro-esquerda do que de centro-direita, os três últimos governos foram liderados pela centro-direita, com a chanceler federal Angela Merkel à frente.

Ainda mais curioso, Merkel costuma passar por cima de tradicionais posições de direita da CDU e da CSU e se adonar de bandeiras típicas da esquerda alemã. Foi assim em temas como energia nuclear, serviço militar e casamento gay.

Ao abrir as fronteiras da Alemanha para o ingresso de centenas de milhares de refugiados, ela conseguiu a proeza, para uma chanceler da CDU, de ser elogiada pela esquerda alemã.

Diante disso, não são poucos os analistas políticos que dizem que a CDU de Merkel e o SPD são cada vez mais parecidos entre si – o que se pôde constatar também no morno debate televisivo entre a chanceler e o seu desafiante Martin Schulz.

De certa forma, o famoso pragmatismo merkeliano – deixar as ideologias políticas de lado e fazer aquilo que a maioria da população pensa – está em linha com essa aversão da maioria dos alemães por ideologias e extremos políticos – o que é uma possível explicação para a popularidade da chanceler federal.

A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.