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Schweinsteiger: "Brasil vai à Copa com grande elenco"

4 de novembro de 2022

Ex-craque do Bayern de Munique e da seleção da Alemanha diz que França é favorita para a Copa do Mundo e reclama da inconsistência da equipe alemã. Ele, porém, evita críticas ao torneio no Catar.

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Bastian Schweinsteiger sorridente
"Para mim, há um grande ponto de interrogação em torno da seleção alemã", avalia o ex-jogador Bastian SchweinsteigerFoto: Revierfoto/IMAGO

Bastian Schweinsteiger surgiu para o futebol no Bayern de Munique, onde jogou por 13 anos e conquistou oito Bundesligas (campeonatos alemães), sete Copas da Alemanha, duas Copas da Liga, duas Supercopas, uma Liga dos Campeões da Europa, uma Supercopa da Uefa e um Mundial de Clubes.

Esse currículo faz de Schweinsteiger – ou "Schweinie", como é chamado pelos fãs – o jogador de maior êxito da história do Bayern.

Pela seleção alemã, foram 121 jogos, sendo ele o quarto jogador mais convocado pela Mannschaft. Ele participou da equipe que conquistou a Copa do Mundo do Brasil em 2014 e atuou na acachapante vitória da Alemanha sobre os anfitriões por 7 a 1, na semifinal do torneio.

O técnico campeão mundial em 2014, Joachim Löw, descreve Schweinsteiger como "um dos maiores jogadores alemães de todos os tempos". "Um grande jogador, uma personalidade enorme, sempre honesto, sempre enfático."

O meio-campista passou também pelo clube inglês Manchester United, onde conquistou uma Copa da Liga e uma Copa da Inglaterra, e encerrou sua carreira no futebol dos Estados Unidos atuando pelo Chicago Fire.

Em entrevista à DW, o ex-craque aponta a França como favorita para a Copa do Mundo no Catar, mas avalia que o Brasil também tem uma boa equipe. Ele demonstrou ceticismo e relação à seleção alemã e criticou a falta de consistência da equipe, mas elogiou jogadores como Jamal Musiala, Manuel Neuer, Joshua Kimmich e Leon Goretzka.

DW: Quem é seu favorito para a Copa do Mundo no Catar?

Bastian Schweinsteiger: Eu diria que é a França. Eles têm os jogadores de mais qualidade e a melhor mescla na equipe. Se estiverem bem fisicamente, são os maiores favoritos. É só ver o Kylian Mbappé... é uma alegria, é um jogador fantástico.

Pela seleção alemã, Schweinsteiger disputa bola com Neymar e Robinho, da seleção brasileira em jogo de 2011
Com 121 jogos, Schweinsteiger é o quarto jogador mais convocado pela seleção alemã. Foto: dapd

O time francês também tem a experiência de ter jogado um grande torneio juntos. O técnico Didier Deschamps sabe exatamente o que pode exigir dos jogadores em campo.

Você acha que a França tem a fome e a motivação para vencer duas Copas seguidas? Todos nos lembramos de 2018. Os campeões que defendiam o título caíram de maneira constrangedora na fase de grupos.

(Risos) Sim, eu sei. Quem poderia esquecer aquilo. O Brasil também tem um grande elenco, é claro. E a Holanda está em boa forma.

A Alemanha não está na sua lista de favoritos?

Para mim, há um grande ponto de interrogação em torno da seleção alemã. Conseguimos vencer outras equipes, mas com frequência, não somos consistentes. É como uma onda, 60 minutos de bom futebol, com os últimos 30 minutos ruins.

Passamos dificuldades contra equipes que se defendem bem, como recentemente a Hungria na Liga das Nações. Se não prestarmos atenção na transição e nos contra-ataques, perdemos o controle do jogo. Na Copa do Mundo, nosso primeiro jogo é contra o Japão, e essas coisas podem acontecer de novo. 

O técnico alemão, Hansi Flick, conseguirá resolver esses problemas antes do torneio?

Eu acredito em Hansi Flick. Ele sabe o que tem de fazer. Trata-se mais dos jogadores e do espírito. Ainda temos o melhor goleiro do mundo, Manuel Neuer, e temos outros bons jogadores como Jamal Musiala.

Ele é fantástico, nos dá muitas qualidades diferentes no ataque, que não tínhamos antes. O que eu realmente admiro nele é que trabalha também defensivamente. Se estiver em forma, é a nossa grande esperança. Pode se tornar o jogador do torneio.

Musiala, e em um papel mais aprofundado, Kimmich e Goretzka do Bayern de Munique, e também temos Gündogan do Manchester City. O meio de campo da Alemanha, em particular, está cheio. Nem todos conseguirão estar entre os titulares. Quem você escolheria?

Kimmich é meu titular, 100%. Também gosto do Goretzka. Ele tem a capacidade de cobrir boa parte do campo e marcar gols. Se esses dois puderem controlar o meio de campo, mas também trabalhar duro contra a bola e se manter em posição, o que é importante em um torneio, então estaremos bem.

Quais outras posições te preocupam na seleção alemã?

Não temos um centroavante legítimo. Seria bom ter um camisa 9 de verdade na reserva. Também temos problemas no que diz respeito aos defensores. Mas, Hansi sabe disso e está tentando encontrar soluções.

Schweinsteiger com a camisa do Bayern de Munique, comemora durante jogo
Schweinsteiger – ou "Schweinie" – é o jogador de maior êxito da história do Bayern de MuniqueFoto: AP

No final das contas, não importa em qual sistema você joga. Os jogadores em campo, será que eles entendem o que precisam fazer em certos momentos, especialmente quando o jogo está desfavorável? Como vão reagir? Conseguem dar a volta por cima?

Para mim, é importante demonstrarmos as nossas chamadas "habilidades alemãs": correr e lutar com afinco. É isso que nos faz respeitados em outros países. A equipe tem de mostrar isso e conquistar de novo as pessoas na Alemanha.

Parece que acabou o grande frisson em torno na seleção alemã que você vivenciou em sua carreira. A Federação Alemã de Futebol (DFB) não consegue lotar estádios, o time não é mais amado por todos no país. Por que você acha que isso acontece?

Acho que isso melhorou, recentemente, especialmente depois que Hansi Flick sucedeu Joachim Löw [como técnico da seleção]. São sempre duas coisas: como os jogadores se apresentam fora do campo e como deixar eles brilharem, no que diz respeito à visibilidade.

E, claro, como é o desempenho deles em campo. No final das contas, o que importa é o bom futebol, e jogadores que não desistam facilmente. Sempre admirei jogadores que lutam. Acho que é isso que os torcedores querem ver.

Há muitas críticas em torno da Copa do Mundo no Catar. A Alemanha e outros membros da Uefa [União das Associações Europeias de Futebol] decidiram colocar na faixa de capitão a mensagem "amor", como uma afirmação contra a discriminação e em prol da diversidade. Isso, na sua opinião, é suficiente?

É, sem dúvida, um bom sinal. É importante mostrarmos nosso valores. Mas, como atleta, você não pode fazer mais do que esse tipo de coisa. É claro, devemos falar sobre esses temas, analisá-los e sermos críticos.

Mas, nosso chanceler [Olaf Scholz] disse que as coisas estão melhorando e eu acredito em suas palavras. Afinal, é um evento esportivo, é para os jogadores. Acho que devemos dar uma chance a eles e formar uma opinião quando a Copa do Mundo tiver acabado.  

Seu ex-colega de equipe Thomas Hitzlsperger disse que é errado realizar a Copa do Mundo no Catar. Ele é gay e poderia ser até preso se for aberto sobre sua sexualidade. Você é capaz de compreender seu ponto de vista?

Todos podem ter suas opiniões. Mas, se você diz que o Catar não pode receber uma Copa do Mundo, então deveria tê-lo dito anos atrás. Essa é a minha opinião. É tarde demais. Devemos dar uma chance, e então, depois do torneio e de toda a experiência, conversar sobre o que foi bom ou ruim.