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Buenos amigos todavia

mw12 de fevereiro de 2003

Em encontro nas ilhas Canárias, Gerhard Schröder e José Maria Aznar frisam que, apesar da divergência sobre a questão iraquiana, Alemanha e Espanha têm muito em comum.

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Espanhóis saúdam chefe de governo alemão e sua posição contra a guerraFoto: AP

Não foi à toa que os chefes de governo dos dois países se reuniram em Lanzarote, uma das ilhas Canárias, no Oceano Atlântico. Lá, o primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar pôde defender, livre de pressões populares, seu apoio a Washington na questão iraquiana. Apenas uma centena de manifestantes reuniu-se à frente do luxuoso hotel em que o chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, e seu anfitrião discutiram num encontro de dois dias uma encurtada agenda de temas bilaterais.

Em qualquer ponto da Espanha continental, Aznar teria saudado o alemão com grande apoio das ruas. Apoio, diga-se de passagem, para a postura antibelicista do hóspede. Mais de 70% dos espanhóis são contra uma guerra no Iraque e 65% acham que Aznar deveria trocar George W. Bush por Schröder em seu atual círculo íntimo de amizades políticas.

Mesmo assim, o político conservador espanhol mantém-se firme. Apontado como autor do manifesto de oito países europeus de apoio ao presidente dos EUA, Aznar estaria com sua opção apostando na ajuda americana no combate ao terrorismo basco. Além disto, ele desejaria galgar maior projeção no cenário internacional.

Divergir sem desentender-se

Como Schröder também está com posição mais que fechada, não houve sequer um milímetro de aproximação entre Alemanha e Espanha sobre a questão iraquiana. Mas os dois chefes de governo fizeram questão de ressaltar ao fim do encontro, que nem por isto as relações bilaterais estão azedando, como entre Berlim e Washington.

"É correto que tenhamos posições diferentes, claras e que podem ser discutidas francamente. As divergências de opinião, sempre passíveis de surgirem, não podem arranhar de forma alguma relações amigáveis", declarou Schröder. O chefe de governo alemão cutucou, porém, o anfitrião, ao destacar que seu país está igualmente empenhado na campanha antiterror, apesar de discordar da conduta de Bush com o Iraque. "Nos últimos quatro anos e meio, aumentamos em dez vezes nosso engajamento em missões internacionais."

Credibilidade da ONU em jogo

Para Aznar, a questão iraquiana é também de honra para a ONU. "O problema da comunidade internacional é de credibilidade das resoluções das Nações Unidas, do direito internacional e da avaliação do perigo que representam armas de extermínio em massa nas mãos de pessoas ligadas ao terrorismo", afirmou o espanhol.

As divergências entre os dois países estarão mais uma vez frente a frente na próxima sexta-feira, no Conselho de Segurança da ONU, no qual ambos atualmente têm assento, e na segunda-feira, no encontro extraordinário de chefes de Estado e governo da União Européia, em Bruxelas, convocado pela presidência grega para que os 15 países-membros tentem acertar seus ponteiros e ainda salvar o projeto de a UE ter em breve uma política externa única.

Segurança nas fronteiras e nos mares da UE

Mesmo quando não discutiram sobre o Iraque, petróleo e segurança predominaram nas conversas entre Schröder e Aznar. Os dois vão empenhar-se na UE pela criação de uma polícia de fronteiras européia e decidiram batalhar para que a comunidade de 15 países adote medidas mais rigorosas para o transporte marítimo de substâncias perigosas. Petroleiros com casco simples devem ser banidos dos portos da União Européia.

Em novembro de 2002, o navio Prestige afundou com 77 mil toneladas de óleo bruto e causou no litoral a maior catástrofe ambiental da história espanhola. Nos últimos dias, a Alemanha viveu em suspense com receio de desastre similar. O petroleiro Acushnet encalhou no litoral dinamarquês com 35 mil toneladas de óleo leve. Autoridades e ecologistas temiam as consequências de um vazamento, mas rebocadores conseguiram liberar o navio na última terça-feira.