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Encontro do G20 no México

27 de fevereiro de 2012

Para os participantes não europeus, instabilidade no velho continente ainda causa preocupação. Emergentes também protestaram contra dominância norte-americana e europeia em instituições financeiras internacionais.

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Encontro no México: crise na Europa ainda preocupa G20Foto: Reuters

O encontro das 20 nações mais ricas do mundo (G20) foi dominado pelo problema da crise financeira na Europa. A reunião acabou neste domingo (26/02), na cidade do México. Para os participantes não europeus, a crise da dívida é vista como a maior ameaça à economia global. No passado, os europeus, em especial os alemães, foram bastante criticados por terem feito muito pouco para resolver a crise.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, tentou afastar essa impressão. "Eu acredito que se possa dizer que, em resumo, todos os participantes viram que trouxemos a Europa de volta ao caminho certo. Não existe opinião divergente de que não estejamos no caminho certo com nossas medidas de estabilização."

Segundo o ministro, os países que compõem o G20 estariam impressionados com o avanço da união fiscal, com o limite do endividamento imposto e com as reformas em curso nas nações mais afetadas, como Itália e Espanha. O pacote grego também teria sido bem avaliado.

O próprio secretário do Tesouro norte-americano, Tim Geithner, um dos maiores críticos da Europa, reconheceu os avanços dos últimos meses. "Foi muito importante para reduzir a tensão do sistema financeiro no fim de 2011. Mas agora os europeus não podem cruzar os braços, esse alívio também vem da expectativa de que será feito mais para aumentar a credibilidade das medidas já tomadas."

Desafio à velha ordem

Mais uma vez, as economias emergentes protestaram contra a tradição que mantém, há décadas, um norte-americano à frente do Banco Mundial e um europeu na chefia do FMI. "Há candidatos muito fortes dos países em desenvolvimento. Portanto, é importante que nações emergentes e em desenvolvimento se esforcem para identificar candidatos adequados", comentou Amar Bhattacharya, diretor do G24, que inclui economias emergentes e em desenvolvimento. Ele prometeu apresentar, até dia 23 de março, uma lista com nomes.

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Jens Weidmann (e), presidente do banco central alemão e SchäubleFoto: Reuters

Enquanto isso, a crise

A antiga exigência reapareceu no México: a Europa teria que destinar mais milhões de euros ao pacote de resgate. Reivindicação semelhante foi feita pelo México, Canadá e Japão. Na própria União Europeia todos parecem concordar com esta necessidade. Inclusive o Banco Central Europeu: "Como BCE, dissemos que, mesmo que as condições do mercado tenham melhorado, somos a favor de que a soma seja elevada um pouco mais", comentou Jörg Asmussen, membro do BCE.

Apesar de o governo alemão ser contrário à tese de Asmussen, a resistência de Berlim parece diminuir. "Vamos analisar mais uma vez a nossa decisão no mês de março. Também à luz dos desenvolvimentos em curso, se a dimensão geral desse mecanismo é suficiente ou não, vamos analisar e tomar as decisões necessárias", comentou Schäuble.

As medidas também viriam a tempo de fortalecer a capacidade global de conter um incêndio financeiro. Contra a crise, os europeus querem que o Fundo Monetário Internacional aumente sua capacidade de financiamento para 500 ou 600 bilhões de dólares. A maioria dos países não europeus do G20 também estaria pronta para contribuir – mas apenas depois que os europeus dessem mais dinheiro.

O ministro alemão aguarda uma decisão no encontro do FMI marcado para abril em Washington. "Eu me permiti acrescentar ao debate dessa reunião que, no próximo encontro do G20, deveremos nos ocupar menos com os problemas europeus." E então, acrescentou Schäuble, o G20 poderá se concentrar na sua tarefa, que é, segundo ele, o desenvolvimento sustentável em escala global.

Autor: M. Bohne / N. Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer