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“CVV, bom dia!”

Caroline Michel / sm13 de dezembro de 2003

O Natal e o Ano Novo são uma época de alta conjuntura para as centrais de orientação psicológica por telefone.

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Pegar no gancho para desabafarFoto: AP

Quase 20% dos alemães vive só. Os mais jovens e bem-sucedidos levam uma vida excitante nas cidades grandes, pelo menos conforme o clichê: fazem viagens caras, atravessam a noite dançando em clubes transados, vivem trocando de parceiro e têm um círculo de amizades enorme.

Então, na manhã seguinte, o triste despertar: do fundo da alma vem um sentimento absolutamente impertinente e indesejado, a solidão. Especialmente quando os dias começam a ficar mais curtos, as noites mais longas, o tempo mais escuro, chuvoso e frio, a solidão bate à porta, sobretudo das pessoas mais jovens.

Sentimento atávico

A solidão é um sentimento humano atávico. Afinal, qualquer um se sente sozinho: jovens e velhos, casados e solteiros, gente com poucos ou muitos amigos. Uma sensação de ansiedade, dor e tristeza. As estratégias para superar isso variam de pessoa para pessoa: fuga no entretenimento, no álcool ou nos braços do próximo parceiro. Em outros casos, uma conversa com amigos já dá uma boa ajuda.

Quem não consegue dar conta do recado sozinho e precisa de alguém para conversar, pode recorrer à ajuda telefônica oferecida gratuitamente pelas igrejas cristãs. O aconselhamento psicológico por telefone, à disposição 24 horas por dia, é feito por profissionais contratados e voluntários que apóiam pessoas com dificuldades emocionais, as encaminham para instituições de ajuda e psicólogos experientes ou simplesmente ouvem. Afinal, dos 50 telefonemas que a central de Colônia recebe diariamente de todas as partes da Alemanha, quase todos são de pessoas que não têm com quem desabafar.

Para Annelie Bracke, funcionária da central católica de atendimento, as pessoas parecem ter dificuldade de pronunciar esta frase: “Estou me sentindo só”. Num mundo em que todos parecem ser tão ativos – com empregos ótimos, um monte de hobbies e um imenso círculo de amizades – admitir a própria solidão corresponde a uma declaração de falência.

Família não protege da solidão

Surpreeendentemente, este problema não afeta apenas viúvos idosos, mas sobretudo jovens, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. O diretor da central católica de atendimento na Alemanha, Wolfgang Birk, identifica nos jovens de hoje uma tendência ao isolamento e um certo medo de vínculos afetivos. Há 20 anos era mais fácil encontrar e adotar modelos de vida que deram certo. Para Birk, modas passageiras propagam um “vale tudo” que dificulta a busca de um sentido próprio para a vida.

Agora é a época quente para o atendimento psicológico por telefone: após introspectivos domingos de outono, a época de Natal e Ano Novo propaga a imagem de uma vida familiar acolhedora – mesmo que as aparências enganem e todos saibam que as piores brigas ocorrem justamente nesta época do ano. Afinal, nem o convívio familiar harmônico protege da solidão.