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"It's about music"

(sv)14 de agosto de 2003

Despedindo-de de Colônia a caminho de Berlim, a maior feira de música e entretenimento do mundo tenta disfarçar a imagem do vale de lágrimas em que se transformou a indústria fonográfica nos últimos anos.

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Popkomm: dias melhores virão?Foto: AP

Quem lê os jornais alemães do dia, chega a pensar que se trata da celebração de um lamento. Nas notícias sobre a 15ª Popkomm - uma feira de entretenimento que reúne músicos, gravadoras e especialistas do mercado musical - a mídia alemã desdobra-se para falar das perdas do mercado: 17% de rombos no último balanço semestral. Um "recorde negativo", que só leva a crer que o setor vai de mal a pior. Provavelmente por ter previsto tal eco, os organizadores do evento escolheram para a feira deste ano um lema que beira o sarcasmo: "It's about music". E não sobre o vermelho dos caixas.

Phonoline a caminho? -

No entanto, pelo que parece, o evento tenta tapar o sol com a peneira. Depois do boom dos anos 80 e 90, a indústria fonográfica não tem definitivamente o que festejar. "A mais profunda depressão de sua existência", sentencia o Süddeutsche Zeitung. Enquanto isso, a notícia aguardada com maior ansiedade é a decisão dos cinco grandes do mercado sobre a criação da Phonoline, uma plataforma onde o usuário poderá comprar legalmente as faixas que lhe interessarem, pagando um preço razoável por isso.

Emi, Universal, Sony, BMG e Warner planejam para o segundo semestre de 2003 sua entrada na rede. Do público alvo, acreditam os chefões do setor, fazem parte não só os surfistas de praxe - que hoje recheiam seus computadores nas bolsas de troca - mas donos de lojas ou emissoras de TV e rádio de todo o mundo. Ou seja, o fim definitivo do CD? Ou mais uma estratégia fadada ao fracasso no combate à pirataria?

Reorientação -

Também a mudança da feira de Colônia para a capital alemã, agendada para o próximo ano, surge como um paliativo para a constatação de que "os melhores dias se foram". "A Popkomm precisa usar Berlim para se reorientar basicamente. No início, tratava-se de uma plataforma de troca entre os selos, quando os participantes se reuniam e buscavam cerveja no posto de gasolina da esquina.

Daí surgiu a maior festa do setor, o que está certo se este é bem-sucedido e tem o que festejar. Mas os tempos mudaram. A Popkomm tem que finalmente assimilar as funções clássicas de uma feira: fazer negócios e divulgar seus produtos", diz Tim Renner, presidente da Universal na Alemanha ao diário taz.

A lição, apesar dos esforços, não dá para disfarçar: a crise bate à porta e o setor usa todas as estratégias possíveis e imagináveis. Entre outros, o apelo à "consciência" do usuário das bolsas de troca. A proteção ao direito autoral é aí proclamada aos quatro cantos em defesa dos músicos iniciantes. Até parece. "Não foram exatamente os grandes do mercado, que, em seus áureos tempos, apostaram tudo no mainstream do pop, deixando todos que não davam retorno imediato morrer de fome?", pergunta o semanário Die Zeit.