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Medo do fracasso tolhe iniciativa privada

kz / lk11 de fevereiro de 2003

A tendência de se tornar autônomo no mundo dos negócios está em recuo nos países da Europa Ocidental. Mas em nenhuma parte o medo do fracasso é tão grande quanto na Alemanha, como demonstra um estudo internacional.

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Empresas de tecnologia dependem do raro capital de riscoFoto: AP

Muitos têm uma idéia luminosa e pensam em se tornar autônomos ou abrir um negócio próprio. Mas à medida em que surgem dificuldades na concretização do plano, a coragem vai diminuindo. No fim, a idéia acaba não dando em nada. Em 2001, 5,6% dos alemães adultos pensavam em se tornar autônomos. Uma pesquisa realizada um ano mais tarde mostrou que a metade acabou desistindo.

Um estudo realizado pelo Instituto de Geografia Econômica e Social da Universidade de Colônia revelou que 49% dos autônomos alemães em potencial desistiram dos planos por medo de fracassar. Com uma falta de coragem tão disseminada, a Alemanha coloca-se em penúltimo lugar entre 37 países e em último quando se consideram só os da Europa.

Além do medo, o número de pessoas com um perfil apropriado para a vida de autônomo é desproporcionalmente baixo no país, segundo o professor Rolf Sternberg, diretor do instituto e coordenador do estudo na Alemanha.

Circunstâncias dificultam

A verdade é que as circunstâncias gerais no mercado se agravaram, dificultando a decisão por um negócio próprio. Além do desaquecimento da conjuntura e da reserva dos consumidores, um grande desafio é conseguir financiamento para abrir uma empresa. Sobretudo as que vão se dedicar à pesquisa ou necessitam de uma infra-estrutura tecnológica sofisticada dependem de capital de risco.

Acontece que os investimentos em capital de risco caíram na Alemanha de três bilhões de euros em 2000 para 1,8 bilhão em 2001 e para apenas 500 milhões de euros no ano passado, ou seja, um recuo de 85% em dois anos. Quem pensa em abrir uma empresa tem dificuldades enormes de conseguir capital de risco pela primeira vez. Até os bancos estão absolutamente cautelosos na concessão de créditos para empresas pequenas e médias, após a série de falências nos últimos anos.

Existe um quesito em que a Alemanha se sai bem na comparação internacional (terceiro lugar): os incentivos públicos para a fundação de empresas. Só que neste caso as dificuldades ficam por conta da burocracia, com seus trâmites demorados, e do complicado sistema tributário.

Diferenças regionais

São grandes as diferenças entre as regiões na Alemanha, quando se trata das atividades de autônomos, muito mais intensas no oeste do que no leste do país. Hamburgo tem o maior número de novas fundações de empresas, seguido da Baviera e Baixa Saxônia. Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Saxônia e Saxônia-Anhalt — três estados no território da antiga Alemanha Oriental — registram os menores números.

O professor Sternberg vê como principal causa as diferenças de mentalidade com relação à vida de autônomo. Depois da reunificação da Alemanha, em 1990, muita gente fundou empresas no leste do país, para suprir as necessidades de uma região em que praticamente a iniciativa privada era inexistente. Muitas das firmas criadas em meados da década de 90, porém, foram à falência. Isso tornou as pessoas naquela parte do país muito mais pessimistas na avaliação das chances e muito menos convictas de suas próprias qualidades de empresários, afirma Sternberg.