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Quem tira vantagem do vídeo de Bin Laden?

lk30 de outubro de 2004

Analistas e políticos divergem na avaliação da surpreendente intervenção de Osama Bin Laden na fase final da campanha eleitoral nos Estados Unidos.

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Novo vídeo após dois anos e meio de ausênciaFoto: dpa

"Eu acho que os dois [candidatos à presidência] vão ter dificuldade com essa mensagem. Em primeiro lugar, John Kerry tem menos prestígio nos Estados Unidos do que George W. Bush, no que diz respeito à segurança internacional. Quer dizer, o vídeo neste caso poderia ser mais útil a Bush. Mas Osama Bin Laden se refere também em especial ao fato de Bush não ter reagido imediatamente, no dia 11 de setembro. Tem-se quase a impressão de que Bin Laden viu o filme de Michael Moore, o Fahrenheit 9/11, onde se vê Bush sentado naquela escola na Flórida, pensando sobre o que fazer."

Com sua avaliação do efeito do vídeo de Osama Bin Laden transmitido pela emissora árabe de televisão Al Jazeera a quatro dias das eleições nos Estados Unidos, o especialista alemão em terrorismo Elmar Thevessen resume, em entrevista exclusiva à DW-RADIO, os dois pólos em que se movimentam as reações de políticos e observadores políticos em todo o mundo.

Tanto um como o outro

"Bom para Bush que Bin Laden não possa atacar de verdade, mas apenas verbalmente", afirmou, segundo o Washington Post, o republicano Jeff Bell. Outros partidários de Bush estão convictos de que a mensagem do líder da Al Qaeda acentua mais uma vez a necessidade de um "homem forte na Casa Branca". Afinal, determinação e capacidade de liderança são duas qualidades atribuídas pela maioria dos norte-americanos ao presidente dos Estados Unidos, a quem atestam maior competência na luta contra o terrorismo internacional do que a seu desafiante.

Já os democratas esperam que o vídeo leve o eleitores a se conscientizar de que Bush não fez grandes avanços no combate à Al Qaeda, estando pelo contrário afundado no caos do Iraque. Como é possível que esse assassino ainda continue solto três anos após os atentados do 11 de setembro, indignou-se o diplomata Richard Holbrooke, possível secretário de Estado numa administração Kerry.

Mas ao contrário dos partidários de um e de outro candidato, os observadores políticos divergem, "não apenas a respeito de como a mensagem vai influir nas eleições de terça-feira, como também sobre os motivos da divulgação do vídeo", afirma a revista Spiegel em sua edição online. O correspondente da Focus nos Estados Unidos, por sua vez, lembra que tampouco há consenso sobre o alcance do efeito da primeira aparição de Bin Laden em dois anos e meio, ou seja, se o vídeo vai influenciar as eleições nos Estado Unidos da mesma forma que os atentados de 11 de março em Madri influenciaram as eleições na Espanha.

Ligeiro avanço para Kerry

A mais recente pesquisa de intenção de voto da agência de notícias Reuters e do instituto de pesquisa de opinião Zogby, divulgada neste sábado (30/10), aponta pela primeira vez para uma ligeira vantagem de Kerry (47%) sobre Bush (46%). Ainda na sexta-feira, cada um deles contava com 47% da preferência dos eleitores. Desde que a pesquisa foi iniciada, em 7 e outubro, nenhum dos dois candidatos conseguiu vantagem considerável sobre o outro, nem ultrapassar os 50%.