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PolíticaAlemanha

CDU enfrenta teste decisivo na corrida eleitoral

Lusa | AFP | DPA | tm
6 de junho de 2021

Cerca de 1,8 milhões de eleitores da Alta Saxónia, um estado da antiga RDA comunista, vão às urnas neste domingo (06.06) para eleição crucial e que coloca os conservadores alemães contra a extrema-direita.

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Deutschland PK Angela Merkel Ministerrat
A chanceler alemã, Angela Merkel.Foto: Jens Krick/Flashpic/picture alliance

Esta votação na Alemanha é um teste decisivo antes das eleições gerais de setembro e que assinalarão o fim dos 16 anos da era Angela Merkel. Nunca antes uma eleição neste pequeno estado, dominado quase sem interrupção, desde a reunificação da Alemanha, pela União Democrata-Cristã (CDU), partido da chanceler, gerou tanto interesse nacional.

Embora a maioria das sondagens dê à CDU a vantagem, com cerca de 27% a 29% dos votos, tudo indica ser uma corrida apertada contra a Alternativa para a Alemanha (AfD), um partido anti-imigração e que se tornou a segunda força política na região desde 2016, e para os quais agora é creditado algo em torno de 24% a 28% dos votos.

"Penso que hoje a CDU estará na liderança, seguida infelizmente pela AfD", previu Karl Müller, um eleitor da cidade de Magdeburgo, ao sair de uma mesa de voto. Mas muito dependerá dos indecisos, que constituem uma boa parte do eleitorado, de acordo com a última pesquisa conduzida pela televisão pública ZDF.

"O importante é que muitas pessoas vão votar (...) para mostrar que os partidos populistas não têm qualquer hipótese", disse Thomas Kibele, outro residente de Magdeburgo.

Armin Laschet bei der Adenauer-Konferenz
Armin Laschet.Foto: Bernd von Jutrczenka/dpa/picture alliance

Vitória eleitoral

Uma vitória eleitoral do partido de extrema-direita e anti-imigração AfD  -  que seria a primeira no país - significaria um desastre para Armin Laschet, o impopular líder da CDU e candidato à sucessão de Angela Merkel após as eleições gerais de 26 de setembro deste ano, dizem os observadores.

Isto iria reacender debates sobre a sua legitimidade como candidato de direita e "enfraquecer a situação para a CDU como um todo", diz Hajo Funke, cientista político da Universidade Livre de Berlim.

O maior partido alemão atravessa há vários meses uma crise de confiança, ligada à má gestão do Governo da terceira vaga da epidemia do coronavírus e aos escândalos de corrupção a envolver os seus deputados em contratos para a compra de máscaras de proteção.

O partido, que já sofreu dois grandes reveses em março em duas eleições regionais, também debate-se com uma amarga luta interna: a candidatura de Laschet foi contestada pelo líder do partido bávaro da União Social-Cristã (CSU), Markus Söder, considerado por muitos como o mais adequado para liderar a campanha da coligação.

O líder da CDU estabeleceu-se mas continua a não ter muita aceitação no país. Ele precisa de sucesso para reunir as suas forças e consolidar a posição dos conservadores, que, depois de ficarem atrás dos Verdes nas intenções de voto nacionais, recuperaram recentemente a liderança.

Deutschland | Landtagswahl in Sachsen-Anhalt | Plakate der AfD in Magdeburg
Placar do partido de extrema-direita, AfD, na cidade alemã de Magdeburgo.Foto: Sean Gallup/Getty Images

Coligação

Mesmo que a AfD vencesse na Alta Saxónia neste domingo (06.06), não poderia formar uma coligação, uma vez que os outros partidos recusam qualquer aliança com este partido. Armin Laschet advertiu no entanto contra "um despertar desagradával", enquanto a tentação de cooperar com a AfD permanece forte entre alguns conservadores.

Entretanto, ele assinalou que "nenhuma aproximação com a AfD pode envolver a CDU. Quem o fizer pode deixar o partido", advertiu Laschet novamente na última quinta-feira (03.06).

O estado da Alta Saxónia é um dos estados do leste mais afetados pelo êxodo dos seus habitantes desde a reunificação da Alemanha, em 1990. Um terreno fértil para a AfD, que construiu o seu sucesso ao alimentar os receios sobre o afluxo de migrantes no país em 2015 e acusa regularmente Berlim de ter abandonado as regiões da antiga RDA.

Desde o início da pandemia, o partido tem vindo a desenvolver teorias de conspiração, questionando as restrições sanitárias.

Deutschland Landtagswahl in Sachsen-Anhalt 2021 Reiner Haseloff (CDU), Ministerpräsident von Sachsen-Anhalt, und seine Ehefrau Gabriele Haseloff kommen bei der Landtagswahl in Sachsen-Anhalt zum Wahllokal. Die Wahl zum neuen Landtag in Sachsen-Anhalt ist die letzte Landtagswahl vor der Bundestagswahl im September 2021.
Reiner Haseloff (CDU).Foto: Robert Michael/picture alliance/dpa

O líder dos conservadores na Alta Saxónia, Reiner Haseloff, cujo partido tinha obtido 30% dos votos nas últimas eleições, liderou uma coligação inédita no país, desde 2016, com Os Verdes e o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). A AfD tinha obtido pouco mais de 24%.

Em 2017, a extrema-direita conseguiu entrar no Parlamento alemão, o Bundestag, tornando-se a principal força de oposição com 12,6% dos votos.

Enquanto se espera que as eleições deste domingo (06.06) sejam principalmente um duelo entre a CDU e a AfD, Os Verdes, tradicionalmente fracos na região da antiga RDA, esperam tirar partido das suas boas sondagens a nível nacional para duplicar a sua pontuação de há cinco anos atrás e atingir 10%.

Reiner Haseloff poderia então renovar a sua coligação com os mesmos e com o SPD, mas poderia também prever outra configuração com os liberais do FDP, que se espera venham a regressar ao Parlamento regional. 

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