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COP24: Ainda não há acordo na Conferência do Clima da ONU

Irene Banos Ruiz | Jennifer Collins | rl | Lusa | DPA | Reuters
15 de dezembro de 2018

Declaração final da COP24, que decorre há duas semanas na Polónia, deveria ter sido concluída na noite desta sexta-feira (14.12). Desentendimentos entre países têm estado a arrastar o encontro.

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Polen Kattowitz COP24 Klimakonferenz
Foto: Reuters/K. Pempel

Estava previsto que a Conferência do Clima das Nações Unidas na Polónia, que dura há duas semanas, terminasse esta sexta-feira (14.12), mas já no final do último dia do encontro, o ministro polaco do Ambiente, Henryk Kowalczyk, fez saber que as negociações "se iriam prolongar, no mínimo, até este sábado (15.12)" ou mesmo até domingo, o que mostra a permanência de várias incertezas quanto ao acordo.

No final da tarde deste sábado (15.12), foi publicada uma proposta de declaração final da COP24 com 156 páginas. Um documento que, segundo a Reuters, não é tão ambicioso como alguns países e grupos ambientais queriam. Apesar de ter sido possível a publicação de um texto, que mostra que muitos dos pontos de divergência entre os governos foram resolvidos, mantém-se o impasse sobre a monitorização da redução das emissões de carbono nos diferentes países.

É esperada uma decisão final acerca do acordo ainda este sábado. Ao longo do dia, representantes dos diversos países foram dando conta à imprensa que "o acordo entre todos está perto". A conferência da ONU sobre o clima exige a aprovação de um documento por parte de todos os Estados, ou seja, sem um único voto contra.

Motivos de discórdia

Na COP21, os países assinaram o histórico Acordo de Paris. Foi a primeira vez que o mundo chegou a acordo para combater as mudanças climáticas. No entanto, e três anos depois, ainda não há consenso acerca da implementação deste acordo.  Um dos objetivos desta COP24, na Polónia, era por isso a elaboração de um "manual" que contivesse diretrizes que definissem como as nações devem cumprir as metas climáticas, como deve o seu progresso ser documentado e como pode ser comparado de país para país. Mas a tarefa não está a ser fácil. Ainda mais com os EUA e o Brasil, dois dos maiores emissores de dióxido de carbono, a ameaçarem abandonar o Acordo.

Michal Kurtyka, Präsident der UN-Klimakonferenz COP24
A COP24 decorre em Katowice, na Polónia, há duas semanas.Foto: picture-alliance/dpa/ZB/M. Skolimowska

Em cima da mesa estão três questões chave: a ambição de cada nação, o financiamento para atingir as metas de diminuição de emissões de gases com efeito de estufa e a diferenciação do contributo que cada país deve dar. Um dos pontos de discórdia é claro, o financiamento. Os países em desenvolvimento, mais afetados pelas alterações climáticas querem que os países mais desenvolvidos, e que mais poluem, contribuam com mais dinheiro para combater o aquecimento global.

A Alemanha, por exemplo, disse, esta semana, que iria destinar a esta causa mais 900 milhões de euros, além dos já prometidos 750 milhões de euros na COP23 do ano passado, em Bonn. No entanto, o país da chanceler Angela Merkel é a exceção e não a regra, já que a maioria das nações industrializadas mostrou-se relutante em fazer mais promessas.

A China, por seu lado, pede mais tempo para desenvolver as suas metas. E os outros Estados mais ricos em petróleo, como os EUA, a Rússia, a Arábia Saudita e o Kuwait parecem querer ficar apenas a "observar". Enquanto a grande maioria dos países quer saudar o relatório, estes querem apenas afirmar que "tomaram conhecimento" do documento.

UN-Klimakonferenz 2018 in Katowice, Polen | Svenja Schulze (SPD), Umweltministerin
Svenja SchulzeFoto: picture-alliance/dpa/S. Souici

Em entrevista à DW, Svenja Schulze, ministra alemã da Energia, afirmou que os maiores empecilhos são e foram os Estados árabes". Uma opinião partilhada também pelo ativista Martin Kaiser, da Greenpeace, que diz que "sem os EUA e sem o Brasil, e com a agonia da Europa na questão da proteção climática, não há um bloco de países em situação de assumir um papel de liderança". Para este ativista, os  governos árabes ainda estão muito aquém no que ao potencial das energias renováveis nos seus países diz respeito.

Papel das empresas

Para além dos governos, o setor empresarial também tem um papel importante nesta questão.  É o que lembra Manuel Pulgar-Vidal, diretor do WWF - Alterações Climáticas e Energia. "O setor empresarial desempenha um papel fundamental na forma como devemos lidar com as alterações climáticas e suas consequências", afirmou este responsável, acrescentando estar otimista quanto à ação das empresas nesta questão. "Tenho a certeza que o setor empresarial continuará a melhorar o seu comportamento, porque estamos a falar sobre o clima, mas também sobre sobrevivência".

O Grupo IKEA, um dos patrocinadores da conferência, por exemplo, prometeu adotar a 100%  a energia renovável. Também a alemã Deutsche Post,  a maior empresa de correios do mundo, se comprometeu a acelerar a sua transição para os veículos elétricos.

COP25 no Chile

A próxima Conferência do Clima da ONU vai realizar-se no Chile no final de 2019. A Costa Rica, que também era um dos possíveis anfitriões da cimeira do ano que vem, será palco de uma reunião ministerial preparatória. 

A comunidade científica afirma que as emissões de gases com efeito de estufa têm que cair decisivamente até 2030 e terão que ser praticamente zero em 2050 para evitar que as temperaturas médias globais subam acima de 1,5 graus centígrados até ao fim deste século.

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