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Enfermeiros angolanos protestam contra condições de trabalho

15 de julho de 2020

Em Angola, o setor da saúde no Kwanza Norte apresenta muitas debilidades para responder às necessidades de profissionais de saúde e das populações face à Covid-19. Os protestos aumentam na província mais afetada do país.

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Angola Coronavirus Krankenpfleger in Kwanza Norte
Foto: DW/A. Domingos

Os técnicos de saúde e os empregados de limpeza que prestam serviço em Ndalatando no hospital provincial do Kwanza Norte, Doutor António Agostinho Neto, entraram em pânico há dias, quando a clínica registou a entrada de um paciente em estado crítico que apresentava sintomas de Covid-19. Os profissionais da saúde abandonaram as instalações por mais de quatro horas para reivindicarmelhores condições de trabalho e mais segurança.

Uma enfermeira que pediu o anonimato detalhou à DW África os problemas que enfrenta: "Trabalho no banco de urgência. Neste momento só tenho a minha bata. Desde que chegámos à 8 horas da manhã, que estamos a trabalhar com estas mesmas máscaras”, disse, salientando estar preocupada pela sua saúde.

Uma outra profissional da saúde da mesma unidade hospitalar que pediu igualmente o anonimato por temer retaliação, disse à DW África:."Não é porque não queremos trabalhar, nós queremos. Mas que nos preocupa mesmo é a nossa segurança. Não nos dão material. Nós trabalhamos diretamente com o paciente”, disse, ,acrescentando pretendia apenas proteger-se.

Angola Coronavirus Filomena Wilson Leiterin Gesundheitsbehörde in Kwanza Norte
A responsável provincial, Filomena Wilson, desvaloriza as denúncias dos profissionais de saúdeFoto: DW/A. Domingos

A enfermeira Helena Silva, diz que o hospital provincial não tem água corrente. "Todo dia você trabalha com uma máscara”, queixa-se: "Isso é brincadeira. Não há sabão, nem água corrente”.

Responsáveis desvalorizam protestos

Maria Filomena Wilson, diretora do gabinete provincial da saúde do Kwanza Norte, desvaloriza as denúncias dos profissionais da saúde. "Os que estão lá dentro nesse momento têm o equipamento. Não há problema de material de biosegurança, eu vos garanto porque nós temos este material”, disse à DW África.

Também no hospital sanatório local, nos arredores de Ndalatando, os profissionais de saúde manifestam descontentamento com as autoridades. Afirmam que o material que receberam para se proteger é insuficiente e ainda assim tem que ser repartido. Dizem ainda que neste momento se encontra no hospital uma paciente há já uma semana sem assistência médica, nem transferência para receber tratamento adequado uma vez que o teste de Covid-19 a que se submeteu resultou positivo

Angola Coronavirus Krankenpfleger in Kwanza Norte
A população do Kwanza Norte não adere com rigor às medidas de combate à pandemiaFoto: DW/A. Domingos

População não respeita regras de comportamento

O facto foi denunciado à DW África por uma enfermeira da unidade sanitária que também preferiu manter o anonimato. A responsável Maria Filomena Wilson, confirmou a ocorrência: "O que temos que fazer é retirar o caso de lá. E o que nós fizemos logo de  imediato foi isolar este caso, no sentido de que  ele não venha até contrair uma doença que não é aquela que a levou ao hospital. É mesmo Covid confirmado. A paciente está na fase transitória e nós vamos levá-la ao centro de isolamento e tratamento, como nós estamos a fazer com os outros”, prometeu.

Apesar dos 17 casos positivos e uma morte por Covid-19 registados no Kwanza Norte, os moradores dos bairros periféricos da capital de província Ndalatando não estão a cumprir as regras de isolamento social impostas pelas autoridades para conter a pandemia.

A reportagem da DW África, fez uma ronda em vários bairros da cidade e constatou muitas irregularidades. Ficar em casa é a melhor forma de prevenir o coronavírus, mas muita gente prefere ficar na rua em diversão e em praticando desportos proibidos pelas autoridades. Os órgãos de defesa e segurança detiveram no sábado e domingo passados, mais de 90 cidadãos que não cumpriram decretadas para conter a epidemia.

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