1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

O que esperar do PM? "Tudo é prioridade na Guiné-Bissau"

7 de agosto de 2023

Analista considera que o nome proposto pela coligação PAI - Terra Ranka tem todas as condições para ser primeiro-ministro. À DW, diz que espera reformas estruturais e o "amadurecimento" de todos os atores políticos.

https://p.dw.com/p/4UsIm
Apoiantes da coligação PAI - Terra Ranka festejam vitória eleitoral
Foto: Iancuba Danso/DW

Em entrevista à DW África, o analista político Rui Jorge Semedo diz esperar que, num país onde "tudo é prioridade", o novo Governo se comprometa "com uma gestão da coisa pública mais responsável".

Considerando que Geraldo Martins "é uma figura em condições" de assumir o cargo de primeiro-ministro, tal como proposto pela coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI)-Terra Ranka, o analista guineense diz acreditar que os responsáveis dos órgãos de soberania trabalhem lado a lado, respeitando a "separação de poderes".

Rui Jorge Semedo: "Tudo é prioridade na Guiné-Bissau"

DW África: O que esperar do novo primeiro-ministro e Governo da Guiné-Bissau?

Rui Jorge Semedo (RJS): Espera-se uma gestão da coisa pública mais responsável, com o compromisso de trabalhar para a produção de riqueza e para a sua distribuição de forma equitativa.

Infelizmente, o processo de desenvolvimento e de ação governativa ainda não chegou às regiões – beneficiou somente a capital, Bissau. Sendo assim, espera-se do próximo Governo uma compreensão mais estruturada das necessidades do país.

DW África: É expectável, com as negociações que temos vindo a assistir entre a PAI - Terra Ranka e o PRS e agora com o PTG, que se alcance a estabilidade no país?

Geraldo Martins, ministro das Finanças
Geraldo Martins, antigo ministro das Finanças, foi proposto para o cargo de primeiro-ministroFoto: DW/F. Tchumá

RJS: Sim, creio que o propósito destas alianças é exatamente esse: criar estabilidade no Parlamento e, simultaneamente, influenciar a governabilidade. Agora, resta ver se os partidos serão capazes de se manter fiéis aos compromissos políticos assumidos, tanto no Parlamento como no Governo. O país precisa de um consenso nacional para sair desse marasmo que gira em torno de conflitos cíclicos. 

DW África: A coligação PAI - Terra Ranka propôs, este domingo, o nome de Geraldo Martins para o cargo de primeiro-ministro. O que acha desta proposta? É um nome capaz de assumir estes compromissos?

RJS: Geraldo Martins tem condições para assumir a responsabilidade, uma vez que integrou o Executivo, em 2015. Domingos Simões Pereira [o coordenador da coligação PAI - Terra Ranka, vencedora das legislativas de junho] era, na altura, primeiro-ministro. Geraldo Martins participou na elaboração do programa do Governo. Agora, também compreende o programa, mas resta saber se terá condições de acompanhar e implementar os compromissos governativos.

DW África: E há também a questão da relação com o Presidente Umaro Sissoco Embaló…

RJS: Temos de acreditar que os responsáveis dos órgãos de soberania vão amadurecer, trabalhando não só numa relação de interdependência, mas também de separação de poderes.

Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló
Presidente guineense, Umaro Sissoco EmbalóFoto: Tony Karumba/AFP/Getty Images

O senhor Presidente da República prometeu logo após a promulgação dos resultados eleitorais que iria trabalhar com quem a coligação [PAI - Terra Ranka] indicasse como primeiro-ministro e, ao mesmo tempo, contribuir para a ação governativa. E é isso que nós esperamos, porque qualquer tentativa de inviabilizar o processo governativo conduzirá novamente o país a consequências imprevisíveis.

DW África: Para além da realização de sessões extraordinárias esta semana, o Parlamento guineense deverá reunir-se no final do mês, caso o novo Governo entre em funções, para debater a situação do país. Quais devem ser, na sua opinião, as prioridades do novo Executivo? As questões sociais?

RJS: É muito difícil apontar uma política específica, porque tudo é prioridade na Guiné-Bissau. Mas o próprio Governo [assinalou vários pontos] a esse respeito – as questões sociais [são importantes], não só por causa do insucesso verificado na comercialização da campanha de caju, mas também devido à situação na educação e saúde. E há ainda o tema das reformas [estruturais], que será certamente uma das principais agendas do Parlamento nesta legislatura.

Saltar a secção Mais sobre este tema