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Polícia é morto em ataque no centro de Moçambique

Arcénio Sebastião (Beira)
29 de outubro de 2019

Este é o segundo ataque na província central de Sofala em menos de uma semana contra agentes da polícia. Autoridades dizem que os responsáveis são homens armados da RENAMO, mas partido e "Junta Militar" negam.

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Ataque armado no posto administrativo de Pungue, no distrito de Nhamatanda, a 23 de outubroFoto: DW/A. Sebastião

A polícia moçambicana diz que um dos seus agentes foi morto em mais um ataque no centro de Moçambique. Desta vez, homens armados atacaram na manhã desta terça-feira (29.10) um posto policial no distrito de Nhamatanda, na província central de Sofala. Segundo as autoridades, os responsáveis são homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

"Homens armados da RENAMO atacaram pelas 4h50, presumivelmente, o posto policial de Metuchira", afirma o comandante provincial da polícia em Sofala, Paulique Ucacha. 

Após tomar conhecimento do ataque, a corporação iniciou diligências para neutralizar os atacantes: "Destacámos um contingente para este lugar e, chegado cá, acabaram descobrindo para o lado onde se teriam refugiado", refere Ucacha.

Polícia é morto em ataque no centro de Moçambique

O ataque acontece um dia depois de o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, ter orientado na região a cerimónia de lançamento da campanha agrária. Este é o segundo ataque em Sofala em menos de uma semana contra agentes da polícia.

Uma fonte familiar contou à imprensa que a incursão foi tão rápida que não deu para chegar a tempo para prestar socorro ao polícia, que morreu no local. "Depois daqueles disparos, passado algum tempo, a nossa família soube muito bem que ele estava de serviço. Quando chegámos ao posto policial, logo nos deparámos com a situação que o nosso familiar estava de serviço e já sem vida", disse o cunhado do agente morto.

Outros ataques

Segundo a polícia, estavam a ser feitas buscas nas estradas nacionais número um e seis, por onde os atacantes terão fugido.

Estas estradas têm sido palco de ataques contra viaturas civis e da polícia. No último domingo (27.10), um ataque a viaturas na EN1 fez três mortos. E na quarta-feira passada (23.10), na mesma região, outro polícia foi abatido.

A polícia suspeita que algumas pessoas na região de Metuchira possam estar envolvidas no ataque. "Neste momento, existem alguns suspeitos e há um trabalho que se está a fazer no sentido de termos a conclusão se são os mesmos ou não", explica o comandante Paulique Ucacha.

 RENAMO Guerillakämpfer in Gorongosa, Mosambik
Mariano Nhongo: "Alguma vez vocês ouviram Nhongo passar aí no carro?" Foto: DW/A. Sebastiao

Acordo de paz

O líder da RENAMO, Ossufo Momade, distancia-se dos ataques armados no centro do país e garante respeitar o acordo de paz e reconciliação assinado a 6 de agosto.

Em entrevista à DW África, o líder da autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO, Mariano Nhongo, refuta também ter orientado ataques na região, desmentindo o comandante da polícia: "Alguma vez vocês ouviram Nhongo passar aí no carro?", afirmou.

O centro de Moçambique tem sido historicamente palco de conflitos armados, mas as armas calaram-se em dezembro de 2016 e a paz foi selada no acordo de paz assinado entre a RENAMO e o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), em agosto.

Permanecem na zona guerrilheiros, em número incerto, que formaram a autoproclamada "Junta Militar" para contestar a liderança da RENAMO por Ossufo Momade e defender a renegociação do seu desarmamento e reintegração na sociedade.

O grupo de guerrilheiros liderado por Mariano Nhongo já ameaçou por mais que uma vez recorrer às armas caso não seja ouvido, mas também se diz perseguido por outros elementos desconhecidos. Na semana passada, após o ataque a um carro patrulha, a polícia disse supor que a ação seria da autoria do grupo de Nhongo, mas este negou qualquer envolvimento.